Que belo traseiro!
Os mais distraídos vão pensar que sou tarada, mas perdido por cem, perdido por mil. Siga.
Passei os últimos 5 dias rodeada de homens de meia idade em Lycra, aka MAMILs e confesso que já topei alguns belos traseiros. Infelizmente há pessoal do staff com muito mais sorte do que eu, pois têm a hipótese de realmente ver e tocar os rabiosques. Calma. No TransPortugal temos uma versão própria das cinquenta sombras. São cinquenta sombras de vermelho. Não mete chicotes, algemas nem cabedal (lamento desapontar-vos), mas sim toalhetes, Halibut e Varehsive. Por aqui, a pergunta “como é que tratas do teu rabo?” é uma forma perfeitamente aceitável de meter conversa com o proprietário de algum traseiro mais carismático. No fundo, é um desbloqueador de conversa. As respostas variam um bocado. Desde um “é realmente tudo uma questão de gestão do rabo” ao “não tenho problemas, o truque é estar sempre bem limpo e beber muita água”, há estratégias para todos os gostos. Mesmo assim, subsistem problemas. Aí entra a nossa equipa médica.
A Olinda, de 48 anos, e a Paula Cristina, de 46, são as duas enfermeiras de serviço para todo o tipo de queixas e maleitas. A Olinda trabalha na unidade de cuidados intensivos de um dos maiores hospitais de Lisboa e a Paula Cristina é especializada em obstetrícia (estes tipos pensaram em tudo!). A alcunha da Paula Cristina é “PC”. Tem tanta energia que, se a tratamos por Paula Cristina, quando chegarmos ao fim do nome, ela já foi embora. Ambas estão no TransPortugal pela primeira vez e vieram pela aventura e por serem grandes fãs de viagens. Além disso, a Olinda adora cozinhar e, por certo, têm ambas a receita ideal para qualquer traseiro inflamado. Na equipa médica está também o Luís Boaventura. O Luís é de Esposende e percorre diariamente o trajecto da prova para acorrer a qualquer tipo de incidente médico. O Luís tem uns lindos olhos azuis e faz a sua cena com os brinquedos certos (ahahahah!). Referia-me aos termómetros e estetoscópios. Espero que ele não tenha de usar um proctoscópio. Não sabes o que é? Googla!
Toda esta conversa de rabos pede uma história de amor. Portanto vamos falar de Ópera: Aida, de Verdi. Aida era uma escrava etíope adorada por Radamés…pronto, triângulo amoroso, guerra, morte, música sublime. Por isso veio à baila quando falava com o Raffaelle Verzella (379, 25th na etapa de hoje), um fã de Verdi. Raffaelle é italiano e vive em Génova, onde tem uma agência imobiliária há mais de 37 anos. Num tom um pouco mais sério, segundo Raffaelle, os bancos europeus têm as necessidades de financiamento asseguradas. O problema agora é a confiança. Verdade Raffaelle, totalmente de acordo. Raffaelle tem um filho de 19 anos, que faz motocross, e treina geralmente 3 vezes por semana, excepto quando se prepara para as provas, treinando então 4 vezes. Tímido, Raffaelle sorri quando fala dos tempos em que ia dançar para as discotecas, nos anos oitenta. Sabemos que gosta muito de salada de polvo. Oh, “O Polvo!”
Os nossos tentáculos chegam à Suiça, oficialmente chamada a Confederação Helvética (gosto de ser específica), de onde vem o Peter Ackerman (452, 17o na etapa de hoje). O Peter vive perto de Zurique e trabalha numa Companhia de Seguros como IT Project manager. Além disso, o Peter também organiza provas de BTT e trail running. Quando treina, o Peter gosta de ouvir trance and house. De resto, curte lounge. Claro que a Suiça traz o tema da democracia directa à baila e tive de lhe perguntar. “Cada voto conta” comentou o Peter e sim, na Suíça os cidadãos podem efectivamente mudar a lei. Também é importante referir que é na Suíça que está o Tribunal Arbitral do Desporto, mais precisamente em Lausanne. Vêem? A Suíça é bem mais do que relógios e chocolates.
A propósito, quem já ouviu falar do Côte d’Or? Vocês é mais barrinhas e gel da Sponser, não é? No caso dos atletas Paul-Hervé Theunissen (241, 31º na etapa de hoje), Tom Vander Zande (514, 48º na etapa de hoje) e Miguel Tyteca (520, 53o lugar) não, porque são todos belgas. O Paul-Hervé é já um “habitué” do TransPortugal, tendo ganho a alcunha de “Pedras Man” porque tem uma fixação por água das pedras. O Paul-Hervé tem 59 anos e é casado com uma atleta com quem já esteve numa edição anterior do TransPortugal. O Paul-Hervé tem 4 filhas. Sortudo! É por isso que anda sempre a rir. O Paul-Hervé trabalha na Comissão Europeia e é um fã de Portugal. É recíproco. Portugal adora-o também.
E agora vamos às excitantes notícias de hoje! O Marco Macedo (362, PT) ganhou a etapa, cruzando a meta em primeiro, no mesmo segundo que o Alexandre Guilhoto (564, PT). A Kate Aardal (341, NO) foi terceira a chegar a Castelo de Vide.
Se ligares ao Marco e fores mulher, pode ser coisas uma coisa do género “olá carinho”. Quanto ao Alexandre, fala com ele sobre a novela da noite. Queres saber mais? Ahhh vou fazer de Sherazade e deixar-te à espera. Confia em mim: ando com eles debaixo de olho.
Pois claro, o Alexandre Guilhoto ganhou a camisola amarela esta noite.
Este feito foi atingido debaixo de uns doidos 40ºC. As temperaturas atingiram hoje níveis nunca vistos em Maio nesta região, o que fez desistir 16 atletas.
Alexandre, tu és Grande!
Então e que vão fazer os nossos fofos amanhã? A 5ª etapa vai de Castelo de Vida até Évora. São 171km com 1709 metros de ganho de elevação. Começa com uma subida de cerca de 3km, em calçada medieval, seguem-se uma descida e uma subida até Carreiras. A fase seguinte são 140km de “planície portuguesa” (suaves, mas cansativas, subidas e descidas). Vão adorar o Ecorkhotel. Vocês merecem.
A 14 de Maio de 1878, a Vaselina foi vendida pela primeira vez (as coisas que se descobrem). Neste 14 de Maio, vais fazer a 5ª etapa do TransPortugal. Cuida do teu traseiro. E mais não digo.
Galeria de Fotos AQUI
Mais informações em www.ciclonatur.pt, siga todas as novidades no Facebook da TransPortugal.
TransPortugalRace 2015 by Garmin – Day 4
PUB