Os passados dias 22 e 23 de abril, foram dias de romaria à zona centro do país, para participação no TEX – Templários Extreme, que é uma referência no que toca a eventos de endurance da modalidade de BTT, tanto na sua zona centro, como a nível nacional.
Com o seu quartel general na bonita cidade de Tomar, mais precisamente com a partida/chegada no Jardim do Mouchão, este ano o evento teve a felicidade de contar com temperaturas amenas e o piso ligeiramente molhado da forte chuvada do dia anterior, o que permitiu aos atletas que que propuseram a este desafio, enfrentar o “Reino da Pedra” com mais coragem e predisposição.
Pois é, este ano, ao contrário de por exemplo o ano passado, em que visitou a zona de Ferreira do Zêzere e Alvaiázere e em que a lama teve uma enorme presença, o TEX – Templários Extreme rumou no seu primeiro dia em direção à Serra D’Aire e Serra de Santo António, para muitos conhecida como o “Reino da Pedra”.
O secretariado foi rapidíssimo e pudemos contar com uma garrafa de vinho como brinde, talvez para fazer esquecer as dores no corpo que nos esperavam.
A chuvada do dia anterior, molhou ligeiramente o terreno, mas nada demais, nem que tornasse o trajeto perigoso devido a pedra escorregadia. Até porque, a nosso ver, as maiores dificuldades a transpor zonas de pedra, foram mesmo a subir.
Como não podia deixar de ser, os quilómetros iniciais levaram-nos ao ex-libris da cidade, o Convento de Cristo, por onde fomos guiados pelas autoridades durante os primeiros quilómetros de alcatrão.
Os quilómetros iniciais pediam velocidade, mas a cabeça pedia juízo, pois o desafio ainda estava a começar e não se sabia bem o que esperar, além da certeza de que teríamos que “levar” com pedra. Como tal, depressa chegámos aos Moinhos da Pena que infelizmente e devido ao nevoeiro que marcou presença durante grande parte da manhã, não permitiu um verdadeiro apreciar da paisagem.
Daqui, continuámos por estradões e alguns trilhos sem grande necessidade técnica até ao primeiro abastecimento, aos 40 km. Abastecimentos estes, que todos eles estavam muito guarnecidos e capazes de apaziguar a fome a qualquer legião romana, tanto no primeiro como no segundo dia e a nosso ver, bastante bem distribuídos no percurso.
Daqui até aos 55 km sabíamos que iriam ser os últimos quilómetros ditos acessíveis, durante algum tempo, pois o gráfico altimétrico já mostrava de antemão uma subida com cerca de 20 km na Serra de Santo António, não sem antes passarmos pela bela Praia Fluvial dos Olhos d’Água e os singletracks fluidos que a antecederam.
Depois da Praia Fluvial dos Olhos d’Água e da passagem pela localidade de Monsanto, começou a maior dificuldade do dia, com a subida rainha do evento a fazer frente aos mais intrépidos ciclistas e, se a inclinação da subida tendia a não ser grande, a pedra adicionava a dificuldade em falta pela baixa inclinação.
Iniciada a descida, aos 82 km chegámos ao segundo abastecimento, no Parque de Merendas de Minde e, depois de atestar o depósito, continuámos o desafio, com mais alguma descida e logo pouco depois, mais alguns singletracks até que a pedra começou a ser em menor quantidade e os estradões voltaram a aparecer pela frente e a permitir um novo aumento do andamento.
Depois de passarmos pelo Pafarrão, entrámos nos conhecidos “Trilhos do Superfresco”, na zona de Fungalvaz. Um magnífico trilho ao longo de uma ribeira, que infelizmente nesta altura se encontra seca, mas que ainda assim mantém uma beleza singular e alguma técnica, quando a força já era pouca, até que chegámos ao 3º e último abastecimento do primeiro dia, aos 110 km.
Para terminar em grande, era chegada a altura de, após passarmos junto à fábrica de papel do Prado, apanharmos dois singletracks seguido pela margem do Nabão e com passagem pelo Açude de Pedra, até ao último quilómetro de alcatrão que antecedeu a entrada no Parque do Mouchão e consequente final da primeira e longa etapa, que contou com 131 km e 2600m de subida acumulada e onde tínhamos à nossa espera uma bela sandes de porco no espeto e bebida para acompanhar.
No segundo dia, nova partida do Parque do Mouchão e nova subida ao Convento de Cristo também guiada como no dia anterior, sendo que chegados às traseiras da Mata dos Sete Montes, em vez de virarmos à direita como no dia anterior, virámos à esquerda e logo depois entrámos na terra e começámos a percorrer alguns estradões.
Neste segundo dia era esperado mais sobe e desce e mais singletracks com alguma técnica, mas nada em demasia, ainda assim, contando com alguma pedra, mas não tanta como no primeiro dia e com as temperaturas a manterem-se amenas e até inicialmente um pouco mais baixas que no dia anterior, o que veio a calhar.
Passados os primeiros singletracks, rapidamente se chegou ao primeiro abastecimento, junto ao Olho das Quebradas, zona de limite territorial entre Alvaiázere e Ferreira do Zêzere, com 34 km e cerca de 800m de subida acumulada percorridos.
Daqui, arrancámos em direção à maior subida do dia, com cerca de 3.2km de distância e 4,5% de inclinação média com destino ao local onde em anos anteriores se encontrava o Moinho de Avecasta, que foi consumido pelos fogos do ano passado, existindo agora no local um baloiço. Dai, novo singletrack com alguma pedra em direção à zona dos fornos de cal de Avecasta.
Aos 54 km chegaríamos ao segundo e último abastecimento do dia, em Porto de Cavaleiros, não sem antes percorrermos um magnífico e longo singletrack ao longo do Rio Nabão.
Daqui saídos, e após alguns estradões e alcatrão para desenjoar e soltar as pernas, tivemos direito a passagem na Praia Fluvial do Sobreirinho e pela Capela das Lapas, também estes acompanhados pelo Rio Nabão, sendo imediatamente brindados por uma das últimas subidas mais exigentes do dia.
Continuámos com uma sequência de singletrack após singletrack, até que chegados à Ponte de Peniche, entrámos no último singletrack do dia, o mesmo do dia anterior que nos levou ao longo do Nabão e a passar pelo Açude de Pedra, para de novo percorrermos o último quilómetro fora de terra até entrarmos pela última vez no Parque do Mouchão e darmos por concluído o desafio, com o GPS a marcar 77 km com 1600m de subida acumulada.
Este último dia para quem aprecia singletracks, foi mais divertido e fez o tempo passar mais facilmente, mesmo apesar das pernas cansadas do dia anterior, sendo que no seu fim, tivemos direito à merecida medalha de finisher e ao reforço de massa e/ou sandes de porco no espeto e bebida.
O TEX – Templários Extreme tem marcado cada vez mais a sua posição no que concerne a eventos de resistência em BTT, com uma excelente organização, abastecimentos bem recheados e colocados, paisagens magníficas e percursos desafiadores, sendo um evento que recomendamos a todos aqueles que se queiram colocar à prova.
