Pelo segundo ano consecutivo eu e o meu amigo Luis rumamos à bela cidade do Fundão para participarmos no Granfondo Aldeias de Xisto 2019.
Prova organizada pela Ultraspirit, em conjunto com a Chronos e a Streamplan e que já vai na sua 8ª edição.
Recorde-se que é a organização pioneira na introdução destes eventos em Portugal.
SECRETARIADO E LEVANTAMENTO DOS DORSAIS
Chegados ao Fundão, dirigimos-nos ao pavilhão de Exposições, mesmo no centro da cidade, para levantamento dos dorsais. Este procedimento foi rápido e bastante organizado, como sempre.
De registar o facto que este ano era evidente um menor número de participações. Notamos o pavilhão um pouco mais vazio que no ano passado.
PERCURSO DA PROVA – Granfondo
Olhando o perfil do percurso, chamavam a atenção as cinco subidas categorizadas. Depois de 28 km ondulantes à saída do Fundão, num percurso estilo “parte pernas”, aparecia-nos a primeira grande dificuldade, a subida ao Alto do Xiqueiro, uma contagem de primeira categoria, com 12 km de extensão e um gradiente médio de 6%, com passagem pelo Cabeço do Pião, pelo complexo mineiro da Barroca Grande e Panasqueira.
A segunda subida do percurso levava-nos ao Alto do Fajão, uma 3ª categoria de 7 km e 4% de inclinação média, antes da descida para Pampilhosa da Serra, a seguir tínhamos o Alto do Gavião, mais uma 3ª categoria, o Muro de Janeiro de Cima, talvez uma das mais duras, com apenas 3 km, mas 7% de inclinação média e finalmente o Açor, para terminar, com os seus 11 km de extensão e uma inclinação média de 3%.
No topo deste montanha temos a oportunidade de nos deliciarmos com paisagens de montanha, de cortar a respiração. Simplesmente espetacular!
PROVA
A partida estava marcada para as 8:30 da manhã e pelas 8:15 já estávamos junto das respetivas Boxes.
À hora marcada deu-se a partida, inicialmente com andamento controlado, num pelotão encabeçado pela Efapel onde Joni Brandão e Sérgio Paulinho eram as estrelas que nos deram, ciclistas amadores e apaixonados da modalidade, o privilégio de partilhar a estrada connosco.
Uma vez que me encontrava na 2ª box, rapidamente consegui chegar à frente onde me aguentei um pouco menos do que gostaria (as pernas não acompanharam a vontade…), o ritmo nesta altura era muito alto, demais para um simples amador, como eu.
Como estava ainda muito percurso para percorrer, encostei à berma e deixei-me ir ao meu ritmo, fazendo a melhor gestão possível do esforço e tentando encaixar-me num grupo que tivesse um andamento mais próximo, mas sempre com um objetivo em mente, conseguir o diploma de ouro (que, nesta prova era um desafio um pouco difícil, pois o tempo mínimo era de 5h30, para concluir os 141 km) e terminar a prova, pois só terminando conquistaria o almejado “Scudetto”, ou seja o grande prémio que coroa os duros que completam no mesmo ano, o Granfondo da Serra da Estrela e o Granfondo Aldeias de Xisto.
Para quem gosta de um pouco de competição e sabe que, obviamente, a vitória está destinada a alguns atletas participantes, estes pequenos grandes desafios motivam-nos a treinar e a dar sempre o nosso melhor.
Espero que continuem e até que eventualmente consigam encontrar outros para que a maioria dos participantes e as suas equipas tenham também algo por que tenham de lutar, se bem que terminar um desafio destes já é em si um grande feito.
Depois da primeira grande dificuldade, a subida ao Alto do Chiqueiro, com passagem pela Barroca Grande, do complexo das Minas da Panasqueira, havia que repor os líquidos consumidos no primeiro abastecimento. Paragem rápida e rumo à fabulosa e rápida descida que nos ia levar à Malhada do Rei.
Após esta fase de reposição de energias e disfrute de velocidade, sempre sem arriscar, seguia-se nova contagem de montanha. Esta terceira categoria faz parte do percurso que nos leva ao Alto do Fajão.
É uma subida com 7 km de extensão, com pendentes médias a rondar os 4%. A estrada é muito boa, o único senão é mesmo o vento, ou não fosse esta uma zona privilegiada para os muitos parques eólicos que nos acompanham.
Ultrapassada a dificuldade, tínhamos a descida para o Soeirinho que marcava o caminho a seguir para a Pampilhosa da Serra e o segundo abastecimento sólido.
Neste ponto de reposição, aproveitaria para comer qualquer coisa para então dar início à segunda e exigente fase deste magnifico Granfondo Aldeias de Xisto.
Nesta altura estava razoavelmente posicionado para conseguir o almejado Diploma de Ouro.
ABASTECIMENTO NA PAMPILHOSA DA SERRA E… FIM
Infelizmente a minha prova terminou na Pampilhosa da Serra.
De uma forma quase incompreensível, fui abastecer um bidon em cima da bicicleta e com um dos pés presos no pedal. Desequilibrei-me e caí. Neste momento o pedaleiro cravou-se na perna direita abrindo um golpe profundo, que me obrigou a ir a Centro de Saúde levar uns pontos.
Por indicação médica a minha prova estava terminada. Lá se foram os objetivos. Restava-me agora o transporte até ao Fundão no carro da organização.
REGRESSO AO FUNDÃO. UMA PERSPECTIVA DIFERENTE
Após a passagem do últimos classificados do Granfondo pela Pampilhosa da Serra, Segui com um elemento da organização, rumo ao Fundão.
Foi uma perspetiva completamente diferente onde aproveitei para trocar algumas impressões acerca da organização deste tipo de eventos e onde fomos também dando todo o auxilio necessário aos guerreiros e guerreiras que fomos encontrando pelo caminho. Cansados é certo, mas sempre com um sorriso de felicidade no rosto.
Estas provas não são perfeitas, envolvem muita gente e uma logística muito grande e não é possível agradar a todos, no entanto, nota-se o empenho e espírito de equipa que a organização tem na prova e a vontade que tem de que todos os participantes saiam satisfeitos e com vontade de voltar a participar.
Outra coisa que reparei foi a grande quantidade de vizinhos espanhóis ao longo do percurso, provando que esta é uma boa organização e que o nosso país está repleto de fabulosas estradas e paisagens para a prática da modalidade.
O Granfondo Aldeias de Xisto tem pernas para andar e ainda bem!
Chegado ao Fundão, dirigi-me ao Pavilhão de Exposições para o almoço. Este é confecionado na hora, o que faz com que tenhamos algum tempo de espera. É muito saboroso e com uma cerveja fresca a acompanhar então. Maravilha!
Depois de alguns minutos eis que chega o meu amigo Luís. Empenado, cansado, moído, mas com o almejado “Scudetto” na mão. Parabéns companheiro!
CONCLUSÃO
Pessoalmente, um azar não me permitiu disfrutar plenamente do Granfondo Aldeias de Xisto 2019, no entanto, depois de tudo o que vi e sabendo que nada é perfeito, resta-me dar os parabéns à organização por mais um evento.
Espero que continuem o bom trabalho, pois para o ano tenho um “Scudetto” para conquistar!