Depois da dureza que foi o Lousã Granfondo Licor Beirão, na semana passada, onde nem o São Pedro deu tréguas, era chegada a hora da participação no UCI Granfondo World Series Coimbra Region.
Este evento, homologado pela UCI Granfondo World Series, faz parte de um conjunto de eventos a nível internacional que atribuem pontos aos melhores atletas, permitindo-lhes classificarem-se para o campeonato do mundo desta vertente do ciclismo de 2022, a realizar em Itália. É o único de uma série de 25 eventos em todo o mundo realizado na Península Ibérica, permitindo que os participantes integrem uma organização de grande nível muito próxima das competições profissionais.
O desafio era bastante promissor, sendo composto por um contrarrelógio no sábado dia 23 de Outubro na Figueira da Foz, com um percurso de 17,3km com 172m de desnível acumulado positivo, de dificuldade média e pouco técnico, com participação independente da prova em linha e duas distâncias de diferente nível de dificuldade a realizar no domingo 24. O percurso mais exigente ou a prova raínha era o Granfondo, com uma distância de 151,7 km e 1672m de desnível acumulado.
Os atletas que pretendessem um percurso alternativo, tinham a possibilidade de participar no mediofondo, que era composto por um percurso de 104,2 km e um desnível acumulado positivo de 1007m.
Para os atletas que participaram no contrarrelógio ou contrarrelógio e Granfondo ou Mediofondo, o secretariado estava situado na Figueira da Foz, para os que participavam somente no Granfondo ou Mediofondo teriam que se dirigir a este importante local administrativo, em Montemor-o-Velho no sábado dia 23 ou na manhã de domingo 24, antes da prova.
O nosso caso cinge-se apenas à participação no Granfondo, como tal, sábado da parte da tarde dirigimo-nos a Montemor-o-Velho para o levantamento de toda a documentação e alguns brindes que presenteavam os participantes.
O local era de fácil localização no centro de Montemor-o-Velho e estava muito bem organizado, havendo uma preocupação adicional com as regras sanitárias, fundamentais neste tipo de eventos de participação em massa.
Este procedimento foi muito rápido e em poucos minutos, sem filas nem confusões tínhamos tudo o que era necessário para a participação na prova.
Domingo de manhã rumamos a Montemor-o-Velho para a participação neste grande evento.
A manhã apresentava-se com muito nevoeiro e algum frio. Era importante levar alguma roupa adicional para as primeiras pedaladas, no entanto, a previsão era de bom tempo e até algum calor para o início da tarde, por isso, convinha não abusar nas camadas de roupa com o prejuízo de sofrer com o calor, mais tarde.
As boxes estavam muito bem divididas e o acesso era muito fácil. A divisão principal era a das distâncias (Granfondo e Mediofondo) e cada uma delas estava subdividida pelos diferentes escalões. Uma organização que era muito interessante repetir-se em outros eventos deste tipo.
Com tempo suficiente colocamo-nos na respetiva box e aguardamos, com algum frio que se fazia sentir, pela ordem de partida.
As 9 horas em ponto dava-se a tão ansiada partida para os exigentes 151,7 km da prova principal.
Partimos a alta velocidade e uns metros a seguir ao quilometro 8 enfrentamos a primeira dificuldade, a subida do Carvalhal. 3300 metros de extensão com uma pendente média de 3,2%. Aparentemente fácil, mas à velocidade que levávamos exige um esforço adicional. O pelotão que até aí seguia praticamente compacto começou a “partir” e alguns atletas não conseguiram acompanhar os mais fortes.
Depois de um conjunto de descidas e terreno plano, 200 metros após atravessarmos o quilómetro 19 tinhamos pela frente o primeiro grande desafio, a Serra da Boa Viagem. Perto de 3 quilómetros com uma inclinação média de 5,7%.
Não muito extensa mas mais dura que a anterior obrigou a uma gestão diferente. Nesta fase era importante mantermo-nos no nosso ritmo porque a prova ainda era longa e muitas vezes os excessos cometidos ao inicio, pagam-se caro no fim. Esta é uma lição que se aprende à medida que vamos ganhando mais experiência.
O prémio da descida veio logo de seguida, ainda que com algumas curvas bem sinuosas a requererem atenção redobrada e onde a organização esteva mais uma vez impecável na sinalização, aconselhando os ciclistas a terem cuidado.
Na Figueira da Foz rolavamos já com um grupo compacto de uns 20 a 30 ciclistas, sempre superiormente escoltados pelos batedores da GNR que estavam sempre em cima do acontecimento, até à dificuldade seguinte, ao quilometro 79, nas Degracias.
Esta era a subida mais dura do percurso onde atingíamos o seu ponto mais alto. 4300 metros de extensão com inclinação média de 6,5%. Mais uma vez o grupo compacto em que seguíamos fragmentou-se em pequenos grupos que com maior ou menor dificuldade iam subido montanha acima até ao topo. Depois destas dificuldades todas ultrapassadas era tempo de ir ao bolso do jersey buscar umas barras e repor os líquidos, para seguir caminho. Nesta fase tínhamos mais uma dificuldade pela frente, no Rabaçal e depois era descer e rolar até à meta no belo Castelo de Montemor.
Os 3250 metros de subida do Rabaçal, localidade bem conhecida pelo seu famoso queijo, surgiram num abrir e fechar de olhos, pois nesta altura já contávamos quase com 100 km nas pernas. Subida ultrapassada com alguma dificuldade porque os quilómetros e a dureza já se faziam sentir com mais intensidade.
No cimo da subida foi altura de parar para abastecer sempre com a alegria dos gaiteiros e com a simpatia e abnegação dos elementos da organização a atestarem os bidons de sais e água e a disponibilizarem-nos refrigerantes, barras, géis, fruta, bolos, etc. Mais uma excelente nota para a organização. Abastecimento cinco estrelas!
Fomos ainda a Penela, passamos muito perto de Miranda do Corvo para a seguir virarmos no sentido de Condeixa e rolarmos a Montemor.
No último quilometro, já com a meta quase à vista, restava subir os 400m até ao Castelo de Montemor.
Tudo correu pelo melhor. Boa prestação, excelente dia de sol, sem incidentes, algumas impressões trocadas com os companheiros de “grupetto” e encaminhamo-nos para receber a tão merecida medalha de “finisher”, repor as calorias consumidas com a Pasta Recovery e assistir à entrega de prémios.
Uma iniciativa que merece o nosso aplauso e que já existia também no Lousã Granfondo Licor Beirão, é sem dúvida o Ecossorteio. Tal como na Lousã, após recebermos a nossa medalha, depositamos o lixo que guardamos até à meta e assim temos a oportunidade de ganhar prémios. Escrevemos o número do frontal em cada embalagem vazia que tivermos guardado, colocamos numa “tombola” onde podemos ser sorteados para ganhar um prémio.
Mais uma excelente organização da Cabreira Solutions que nos fez imergir numa competição de nível quase profissional. Desde a GNR a todos os elementos da organização, à sinalização, abastecimentos, tudo estava a roçar a perfeição e isso era evidente na opinião dos participantes, inclusivamente dos muitos atletas de outras nacionalidades que participaram no UCI Granfondo World Series Coimbra Region.
Foi um excelente cartão de visita! Por tudo isso, os nossos parabéns a organização e que nos anos seguintes deem seguimento a este excelente trabalho, que nós lá estaremos para participar.