Nesta altura do ano, a região do algarve chama a si os adeptos de ciclismo de todo o país (e não só) para ver ao vivo as estrelas do ciclismo mundial, na Volta ao Algarve.
Para além disso, muitos destes adeptos são também ciclistas, no sentido amador do termo, aproveitando também o fim de semana, para participar no Algarve Granfondo e assim ter a oportunidade de percorrer as estradas onde os profissionais passam ao longo das etapas da prova.
Tal como no ano passado, eu e uns amigos deslocamo-nos ao Algarve com a intenção de ver os profissionais na chegada ao Malhão e participar no Granfondo no domingo.
SECRETARIADO E LEVANTAMENTO DOS DORSAIS
O secretariado e o levantamento dos dorsais estava situado na Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira. Era aqui também onde estavam os balneários para os banhos e o almoço era servido na cantina da escola, mas esse é um assunto a que voltarei mais à frente no texto.
O horário de funcionamento do secretariado era bastante alargado, estando aberto no sábado até as 23 horas e no domingo entre as 7h e as 8h30.
Excelente organização, conforme a disposição nas boxes, facilitando o levantamento dos dorsais e dos brindes, sem filas nem confusões.
A propósito de brindes, este é um dos melhores granfondos do país. Um saco bem recheado e ainda uma garrafa de vinho da região. Sem dúvida uma bela forma de dar as boas vindas aos participantes.
PERCURSO – Granfondo
Depois de um sábado muito bem passado no alto do Malhão a ver as duas emocionantes passagens dos profissionais e também de ter sentido nas pernas a dureza da subida, onde aproveitamos para fazer um pequeno aquecimento para a prova do dia seguinte, domingo era o dia de enfrentar o percurso do granfondo.
O percurso deste ano, tinha partida e chegada a Lagoa, sendo estas localizadas em zonas distintas, mas próximas. A partida seria no mesmo local onde mais tarde estaria a partida para o contrarrelógio decisivo para a classificação da Volta ao Algarve, junto à FATACIL e a chegada numa outra rua, no centro da cidade.
A partida marcada para as 9 horas da manhã atrasou-se uns minutos, uma vez que foi necessário as autoridades policiais garantir que as vias estavam desocupadas para a passagem de todo o pelotão de participantes, em andamento controlado, nos primeiros 2 km de prova, dando-se, nesta altura, a partida oficial do Algarve Granfondo 2020.
Os primeiros quilómetros do percurso eram essencialmente rolantes, em sobe e desce constante e a grande velocidade, sendo relativamente acessível na primeira hora de prova ter percorrido cerca de 35 km ou até um pouco mais.
Sensivelmente ao quilometro 25 iniciava-se a primeira dificuldade da prova, a subida para os Casais, subida dura incluída nos dois percursos. Chegando ao cimo da subida tínhamos o tão aguardado abastecimento liquido e sólido e a separação de percursos, onde os participantes da maior distancia rumariam a caminho do Alto da Fóia, ao quilometro 58, a grande dificuldade do dia.
Por volta do quilometro 40 acabei por encontrar um companheiro com um andamento semelhante ao meu e que me acompanhou até à meta, mas para já ainda temos a Fóia para ultrapassar.
A subida para a Foia foi sem dúvida a grande dificuldade do dia. Oito quilómetros de subida com uma inclinação média de 5%, mas com secções que chegavam aos 17%, 18%, com o alcatrão em mau estado, endurecendo um pouco mais a subida já de si bem difícil. Esta dificuldade foi ultrapassada gerindo o esforço e aproveitando o abastecimento lá do alto para repor energias, essencialmente com líquidos e fruta. No cimo, o ponto mais alto da prova, 889 metros com vistas simplesmente deslumbrantes, num misto de serra e com o mar no horizonte. Simplesmente espetacular.
Descida a grande velocidade, sempre com a máxima precaução e sem riscos, até Monchique onde voltávamos a ter um percurso sobe e desce agradável e relativamente rápido.
Ao quilometro 75 tínhamos talvez a ultima dificuldade do dia, a subida de Alferce. Nesta altura o acumulado já se fazia sentir nas pernas, o que fez com que a subida fosse feita a um ritmo mais moderado. Nesta fase rolava já com um grupo de mais elementos que fazia atenuar as maiores dificuldades.
Depois era a rolar quase constantemente em terreno plano, novamente até Lagoa. O nosso grupeto foi apanhando outros participantes pelo caminho, que se juntaram a nós e nos quilómetros finais eramos um grupo de tal forma numeroso, que tivemos escolta de um batedor da GNR até à meta.
Chegada à meta com a sensação de dever cumprido, alguma confraternização com os companheiros de prova e rumo aos balneários para banho e almoço.
DESTAQUES – Positivo e negativo do percurso
POSITIVO
O desenho do percurso, com dureza qb e passagem por zonas icónicas com paisagens espetaculares.
O trabalho dos profissionais da GNR: Sempre presente nos cruzamentos e também na estrada, através das motas dos batedores.
Os abastecimentos muito bem fornecidos de água e sais com muita variedade de comida à disposição.
NEGATIVO
O facto de não ter placas indicativas da distância para a meta. Apesar de ser fácil de controlar porque hoje em dia, a maioria dos ciclistas usa computadores com GPS, é sempre positivo ter estas indicações. É uma questão de pormenor que pode ser melhorada em eventos futuros.
BANHOS E ALMOÇO
Os banhos e o almoço situavam-se no local do secretariado, ou seja na Escola Secundária Padre António Martins de Oliveira. Uma vez que o carro estava próximo da meta e como a escola estava a uma distancia razoável decidi ir de bicicleta para o banho, tendo-a sempre por perto.
Uma vez chegado aos balneários, não me permitiram deixar a bicicleta no interior do pavilhão, tendo que a deixar à porta, na rua, enquanto tomava banho.
Apesar de ser uma atitude que compreendo, pois o funcionário estava somente a cumprir ordens superiores não posso deixar de avaliar muito negativamente esta indicação. Estamos a falar de um evento que acontece uma vez por ano e, na minha opinião, deve haver alguma condescendência nestas situações. Não há quem tenha mais gosto pela sua bicicleta que o ciclista e ninguém iria estragar absolutamente nada por deixar a bicicleta no hall de entrada do pavilhão. É uma critica a uma atitude que espero que seja revista por parte da organização no futuro.
Banho tomado à pressa e de seguida, o bem merecido almoço. Depois de algum tempo de espera, estava confortavelmente sentado com uma bela sopa, um prato de arroz com ervilhas e frango assado, acompanhado por uma bela cerveja e sobremesa, para o final. Eu escolhi fruta, mas havia doces para os mais gulosos.
O almoço estava muito bem confecionado e a organização, mais uma vez está de parabéns. Comida excelente, muito bem servida e sempre com preocupação no bem estar dos participantes.
À saída havia ainda uma grande variedade de deliciosos bolos, com o patrocínio exclusivo da pastelaria Loulédoce, dos quais destaco as bolachas de alfarroba. Muito deliciosas e com aquele aspeto caseiro inconfundível.
CONCLUSÃO E OPINIÃO GERAL
O facto deste evento estar junto com a Volta ao Algarve já é um cartão de visita de excelência para qualquer adepto de ciclismo. Juntando a isto um percurso fantástico e uma organização de excelência, temos os ingredientes para um fim de semana inesquecível de ciclismo.
Alguns pontos menos positivos não mancham, de maneira nenhuma toda esta organização. Para o ano, seguramente estaremos novamente presentes.