PUB

Jonathan Milan ‘estreou’ o seu currículo em grandes Voltas, ao impor-se ao sprint na segunda etapa do Giro d’Italia, marcada por uma queda que fez Tao Geoghegan Hart perder tempo.

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Fabio Ferrari / LaPresse

Aos 22 anos, o italiano da Bahrain Victorious inaugurou o palmarés no WorldTour, batendo, com alguma surpresa, os principais sprinters que estão nesta edição do Giro, nos quais também não se inclui o neerlandês David Dekker (Arkéa-Samsic), que foi segundo, com as mesmas 04:55.11 horas do vencedor, à frente do australiano Kaden Groves (Alpecin-Deceuninck), ele sim um favorito no dia de hoje, e que foi apenas terceiro.

PUB

“Continuo a não acreditar… é algo incrível, estou sem palavras. Estou mesmo feliz, não acredito no que aconteceu. É o meu primeiro Giro, a segunda etapa…”, disse um ainda incrédulo Jonathan Milan, após ser o melhor no final dos 201 quilómetros essencialmente planos entre Teramo e San Salvo.

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Marco Alpozzi / LaPresse

Mas a vitória do italiano da Bahrain Victorious passou quase para segundo plano, devido a uma nova demonstração de amadorismo por parte da organização da ‘corsa rosa’: foi preciso esperar quase uma hora para perceber o impacto que uma queda ocorrida dentro dos quatro quilómetros finais da segunda etapa teve na geral, com a ‘despromoção’ de Tao Geoghegan Hart (INEOS) e de Jay Vine e Brandon McNulty, companheiros do português João Almeida na UAE Emirates.

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Fabio Ferrari / LaPresse

Enquanto Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), Filippo Ganna (INEOS) e Almeida, os três primeiros da geral, escaparam ilesos, para chegarem tranquilamente no pelotão, Geoghegan Hart, Vine e McNulty foram ‘apanhados’ na queda, perdendo terreno na geral, com o britânico da INEOS a ser o principal prejudicado – caiu do quarto para o oitavo lugar, estando agora a 59 segundos da camisola rosa.

O norte-americano da UAE Emirates cedeu 12 segundos, e é nono, um lugar à frente de Vine, que chegou a 19 segundos do pelotão, tal como Geoghegan Hart, Hugh Carthy e Rigoberto Urán, da EF Education-EasyPost, Lennard Kämna (BORA-Hansgrohe), Jack Haig (Bahrain Victorious) ou Thibaut Pinot (Groupama-FDJ).

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Fabio Ferrari / LaPresse

Não fosse o azar dos candidatos e a primeira etapa em linha deste Giro praticamente não teria história, além da costumeira fuga do dia e da ‘ocorrência’ registada ainda antes da partida real, motivada por (mais) um erro da organização, que na véspera fez McNulty subir ao pódio como líder da montanha e, hoje, retirou a camisola azul ao norte-americano para entregá-la a Geoghegan Hart, o campeão do Giro2020, reconhecendo um erro de cronometragem na subida do ‘crono’ de sábado.

A ‘dança de camisolas’ também ‘apanhou’ João Almeida, que preferiu alinhar com a de campeão português de fundo, abdicando da ‘honra’ de transportar a da juventude, classificação na qual é segundo, uma vez que Evenepoel, o seu ‘dono’, levava a ‘maglia rosa’.

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Massimo Paolone/LaPresse

Alheios a essas ‘confusões’, Paul Lapeira (AG2R Citroën), Thomas Champion (Cofidis), Mattia Bais (EOLO-Kometa), Stefano Gandin (Corratec-Selle Italia), e Alessandro Verre (Arkéa Samsic) saltaram do pelotão logo no início da tirada e, com 30 quilómetros percorridos, já tinham uma vantagem de 03.30 minutos.

Os cinco fugitivos, reduzidos a quatro quando Verre abdicou, depois de ter falhado o ‘assalto’ à camisola da montanha – que, agora, pertence a Lapeira -, ainda tiveram uma vantagem superior a cinco minutos, que foi diminuindo por obra de Trek-Segafredo, Alpecin-Deceuninck e Movistar, apostadas em levar os seus sprinters à vitória na tirada.

Com a fuga condenada à partida – foi anulada a mais de 38 quilómetros da meta -, restava aos ‘comboios’ dos homens mais rápidos levarem a corrida controlada até San Salvo, ‘missão’ que não foi concluída com sucesso, uma vez que uma queda, a mais de três quilómetros da meta, ‘derrubou’ metade do pelotão.

Não foi o caso de Evenepoel, seguro e confiante com a sua ‘maglia rosa’, que tem presa ao corpo com 22 segundos de vantagem para Ganna e 29 para Almeida.

Jonathan Milan vence a 2ª etapa do Giro d’Italia, João Almeida continua em 3º da geral
Foto Gian Mattia D’Alberto / LaPresse

“Estávamos na frente, por isso escapámos, mas penso que foi uma queda muito feia. Por acaso, vi-a acontecer. Sabemos quem podemos ‘culpar’ por esta queda, mas é assim o ciclismo”, disse o belga de 23 anos, sem nomear o responsável.

Após um dia em que, nas suas palavras, desfrutou da envergar a camisola rosa, o campeão mundial de fundo e campeão em título da Vuelta enfrenta, na segunda-feira, nova etapa teoricamente ‘fácil’ na defesa da sua liderança, na ligação de 216 quilómetros entre Vasto e Melfi.

PUB