PUB

O belga Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step) conquistou, pela terceira vez na carreira, a Volta ao Algarve. A quinta e última etapa, entre Faro e o Alto do Malhão, foi pautada pela alta velocidade e pelos múltiplos ataques. Remco resistiu a todos e ainda tentou ganhar a etapa, único objetivo não alcançado, porque a tirada foi para o colombiano Daniel Martínez (BORA-hamsgrohe). O português António Morgado (UAE Team Emirates) foi décimo na geral final e ganhou a classificação da juventude.

Remco Evenepoel faz o tri na Volta ao Algarve
Photo © João Fonseca Photographer

Os 165,8 quilómetros superaram todas as expectativas. Começaram em ritmo violento – 50 quilómetros percorridos na primeira hora de corrida – e sem tempos mortos. Logo na primeira meta volante assistimos a uma luta pelas bonificações, por parte do esloveno Jan Tratnik (Team Visma | Lease a Bike), e pela Camisola Verde Crédito Agrícola, com o belga Gerben Thijssen (Intermarché-Wanty) a passar em primeiro e a consolidar a vitória na geral dos pontos.

PUB

Depois disso, os homens da geral moveram-se logo na primeira montanha do dia, na Picota, provocando um primeiro fracionamento do pelotão. Deu-se, depois, uma fuga de 20 corredores, que seria o foco das atenções até à subida de terceira categoria para Alte, a cerca de 40 quilómetros da chegada.

Remco Evenepoel faz o tri na Volta ao Algarve
Photo © João Fonseca Photographer

Na curta, mas inclinada, dificuldade de Alte, Wout van Aert (Team Visma |Lease a Bike) atacou e desmembrou o pelotão. Levou com ele Ben Healy (EF Education-EasyPost), acionando os sinais de alerta na Soudal Quick-Step.

A ousadia de Van Aert e Healy, aos quais só resistiu um dos fugitivos iniciais – Gijs Leemreize (Team dsm-firmenich PostNL) -, obrigou a Soudal Quick-Step a gastar tudo o que tinha na perseguição. O belga da Team Visma chegou a ser virtual camisola amarela, mas a fuga chegou praticamente anulada à segunda subida para o Malhão.

Nessa fase final foi a vez de a BORA-hansgtohe endurecer o ritmo no grupo dos favoritos, reduzindo-o a muito poucas unidades. Estava em causa a tentativa de colocar Remco Evenepoel em dificuldades. Mas o belga não cedeu. E até foi o primeiro a acelerar, na tentativa de ganhar a etapa. No entanto, tal como aconteceu na Fóia, Daniel Martínez teve resposta imediata e superou o rival na luta pela etapa.

Daniel Martínez cortou a meta na frente, com 3h55m35s (média impressionante de 42,227 km/h), com Remco Evenepoel no segundo lugar, com o mesmo tempo. O terceiro foi o vencedor no Malhão em 2023, Thomas Pidcock (INEOS Grenadiers).

“Fizemos um excelente trabalho de equipa. Quando Van Aert atacou o diretor desportivo disse-nos pelo rádio para ter calma, porque ainda era muito longe da chegada. Foi um fantástico trabalho de equipa. Queria muito ganhar aqui, onde já fui segundo, há dois anos. É a etapa mais dura da Volta ao Algarve”, disse o colombiano, que, na mesma edição da corrida, enriqueceu o palmarés com vitórias na Fóia e no Malhão.

Remco Evenepoel foi coroado vencedor da 50.ª Volta ao Algarve. O belga, vencedor em 2020, 2022 e 2024, igualou o máximo de triunfos, até agora exclusivo do português Belmiro Silva, primeiro em 1977, 1981 e 1984.

“Estou feliz com esta terceira vitória. É uma sensação muito agradável vir aqui e ter uma semana muito bem-sucedida para regressar a casa com três vitórias e dois segundos lugares. Quando Van Aert atacou, ficámos calmos, acho que se pode ver na televisão. Tivemos de sacrificar muita energia dos rapazes porque eles perseguiram um pouco mais cedo do que esperávamos. Mas acho que mostrámos como esta equipa é mentalmente forte. Nunca entramos em pânico numa determinada situação, especialmente como a que o Wout criou”, afirmou Remco Evenepoel.

O sucesso não foi isento de percalços: “Tive de fazer a subida final com a pedaleira 54. Tive um problema mecânico, não conseguia passar para a mudança pequena. Foi uma pena, porque fazer uma subida com rampas que rondam os 20 por cento com 54 é bastante difícil. Isso deu cabo das minhas pernas, mas acho que na minha cabeça fiquei bastante calmo. É uma pena, porque sou um tipo que gosta de andar com uma cadência alta. Especialmente na primeira parte, acho que me deu cabo das pernas. E a minha aceleração foi um pouco menor no final, devido à grande perda de potência causada pela engrenagem mecânica. Mas a vida é assim mesmo, acho que há coisas piores”, confidenciou Evenepoel.

O campeão mundial de contrarrelógio subiu ao pódio para vestir a Camisola Amarela Turismo do Algarve, sendo acompanhado Daniel Martínez, que ficou a 43 segundos, e por Jan Tratnik, a 1m21s. Daniel Martinez conquistou a Camisola Azul Água é Vida, da Montanha.

Igualado o recorde de Belmiro Silva, Remco Evenepoel promete não se ficar por aqui. “É claro que gosto muito de correr aqui, é sempre um nível elevado. E é sempre uma corrida muito boa para testar as pernas no início da época. Gosto muito de cá estar, o país, os adeptos, as estradas, toda a gente e tudo é super agradável. Por isso, não sei quanto ao próximo ano, mas de certeza que vou voltar”, frisou o belga.

Remco Evenepoel faz o tri na Volta ao Algarve
Photo © João Fonseca Photographer

António Morgado ganhou a luta pela classificação da juventude, levando para casa a Camisola Branca IPDJ. A Team Visma | Lease a Bike impôs-se por equipas.

“Esta camisola sabe muito bem, é fruto do trabalho que tenho realizado nos últimos quatro meses. Tenho estado a sentir-me bem, com boas sensações, tanto a treinar como a competir. Tenho-me surpreendido a mim mesmo. Fiquei muito satisfeito com o desempenho na Volta ao Algarve, mas também um pouco surpreendido”, confessou o jovem português.

PUB