André Cardoso e 11 amigos chegaram hoje a Faro, gastando 24 horas e 21 minutos para percorrerem faseadamente os 738 quilómetros da estrada Nacional 2, numa “odisseia” iniciada em Chaves, às 08:21 de sábado.
“Começámos por parar entre 60 ou 70 quilómetros e o ritmo baixou durante a noite até aos 40. Assim que amanheceu e a partir do quilómetro 500, recuperámos a regra dos 60. Ainda foram umas quantas paragens, mas tinha mesmo de ser. As forças para um exercício destes tinham de ser bem geridas”, partilhou à agência Lusa o portuense.
A “mera brincadeira” foi maturada ao longo das últimas semanas e culminou num “bom trabalho” por parte de um pelotão “bastante regular e homogéneo, com muita amizade, companheirismo e entreajuda”, amparado pelo suporte logístico de quatro pessoas, que enalteceram a “imensa consideração e respeito” registados de norte a sul do país.
“É interessante perceber que a polícia teve conhecimento de que estávamos na estrada e chegou a acompanhar-nos em Vila de Rei durante a noite. Sentimo-nos felizes por ver as pessoas à porta das suas casas entusiasmadas com a nossa iniciativa. Tudo isto é gratificante para quem anda na estrada e está a ter um desafio destes”, valorizou.
André Cardoso, de 35 anos, recorreu à experiência advinda de uma carreira profissional no ciclismo para “ajudar quem aderiu à aventura e fica feliz por deixar o seu marco” na história da estrada Nacional 2, a celebrar 75 anos de existência, funcionando como “um chefe de fila” de 11 amigos, que pedalaram à média de 29,5 de quilómetros por hora.
“Há pessoas que passam por mais dificuldades, porque costumam fazer 100, 150 ou 200 quilómetros no máximo. Demos apoio uns aos outros e terminámos com um excelente tempo. As condições climatéricas foram pensadas: ou fazíamos agora ou ficaria muito complicado com o demasiado calor que se faz sentir a partir de julho”, justificou.
A “odisseia”, como apelidou o desafio nas redes sociais, apresentava um cariz solidário, ao prever um mínimo de 738 euros, um euro por quilómetro, angariados ao longo da estrada para uma instituição social a designar, enquanto o grupo mostraria o percurso e a dimensão do esforço físico e psicológico com vídeos em direto para as redes sociais.
“A campanha ainda está a decorrer, já que era um esforço extra estar a fazer vídeos na viagem para manter as pessoas informadas. Fiz o melhor que pude e deixámos à descrição das pessoas para contribuírem mais um pouco. Felizmente todos terminaram com sucesso e sem quedas um esforço acima do normal para qualquer atleta”, admitiu.
À aventura vão seguir-se dias de recuperação a “pedalar 20 ou 30 minutos”, de forma a “eliminar o ácido láctico das pernas e ajudar a circulação sanguínea”, antes do repouso pleno, que retomará as “saudades de andar de bicicleta”, num “ano atípico” para o calendário velocipédico luso, suspenso desde março, devido à pandemia de covid-19.
“Queremos que o ciclismo chegue a todos. Acima de tudo, a Nacional 2 é uma estrada belíssima, com pessoas fantásticas e um potencial enorme. Que se possa fazer dela um marco no nosso país, para que os turistas cheguem cá e digam que querem percorrer a maior estada da Europa e a terceira maior do mundo. É uma ideia que fica no ar”, frisou.