PUB

O Cape Epic é aquela corrida em que todos os atletas do BTT sonham um dia participar, na edição de este ano vamos contar com a presença de Rui Porto Nunes e André Filipe.

Rui Porto Nunes e André Filipe Cape Epic 2020Na edição de 2020 entre 15 e 22 de março, poderemos contar com esta dupla lusa, com o nome “Eat Sleep Ride Repeat”. O BTT Lobo teve a hipótese de chegar à conversa com os mesmos.

PUB

De onde surgiu a ideia/hipótese de participarem no Cape Epic?

André Filipe – O Rui Porto Nunes conseguiu um slot para inscrição e meteu uma story. Quase que por brincadeira disse-lhe que ia com ele. Como ele não tinha parceiro, numa prova da taça de Portugal falámos sobre isso e decidimos aproveitar a oportunidade (isto em Agosto).

Rui Porto Nunes e André Filipe falam-nos sobre a sua participação no Cape Epic 2020Rui Porto Nunes – A ideia de participar no Cape Epic está na minha cabeça desde a primeira edição, em 2004. O Mário Roma (Fundador do Brasil Ride) escreveu um artigo sobre a prova na Bike Magazine, e eu lembro-me de terminar a reportagem e pensar: “um dia vou fazer esta prova”. E no ano passado enquanto assistia ao Cape Epic em directo no Youtube pensei que o momento era agora.

Então esperei que a prova terminasse e enviei um mail à organização. Apresentei-me, enviei os dados das minhas redes sociais, e depois de analisarem, enviaram-me o acesso ao slot de inscrição. Lembro-me de ler vezes sem conta o mail. Não estava a acreditar que me tinham dado acesso ao slot de inscrição.

Como sabem a inscrição para o Cape Epic só é possível  através da habitual lotaria ou de um convite, embora que esse convite tenha um custo de quase 6 mil euros. De tão contente que estava publiquei parte do mail nas instastories, e o André Filipe respondeu ao story perguntando: “já tens parceiro? Se não tens, eu vou contigo”.”

Conhecer bem o parceiro, muitas vezes pode fazer a diferença num evento destes. Já tinham pedalado juntos antes? Ou vai ser uma novidade para ambos?

Cape Epic
© Eduardo Campos

André – Vai ser novidade para ambos. Eu já fiz provas em duplas sem ter pedalado antes com o parceiro e correram bem, espero o mesmo desta aventura.

Rui – Eu e o André somos adversários na Taça de Portugal e no Campeonato Nacional de XCO. O máximo que pedalei ao lado dele foi em algumas, mas poucas, partidas das provas. Ele é demasiado forte e vai logo para a frente da corrida, e eu nunca mais o vejo. Portanto, sim. Vai ser uma novidade para ambos.

Sendo esta conhecida, como A-Corrida-Que-Mede-Tudo, existe algum receio maior da vossa parte, para esta que é considerada a prova rainha do BTT?

André – Receio da prova em si não tenho, hoje em dia há muita informação e de fácil acesso. Os percursos já foram apresentados, o numero de abastecimentos, as zonas mais perigosas das etapas, é necessário ter atenção e analisar as etapas na véspera.

Rui Porto Nunes
© Eduardo Campos

Rui – Confesso que neste momento sinto-me bastante pequenino perante a dimensão da prova em que vou participar. Vai ser tudo muito intenso. Isto é o sonho de uma vida, pelo menos para mim.

No Cape Epic, com 647 km e 15550 metros de subida acumulada no final de 8 etapas diárias, existe a preocupação de chegar ao final, fazer o balanço do dia, recuperar física e psicologicamente e preparar tudo para o dia seguinte. Vão poder contar com algum apoio nesta área, ou serão vocês a tratar de tudo?

André – Sim, felizmente vamos contar com o staff da MasQueBici na parte mecânica e na parte da massagem, o que é uma ajuda super importante para recuperarmos e para termos mais tempo para organizar o dia-a-dia.

Rui – Felizmente conseguimos o apoio da MasQueBici. Uma empresa espanhola, bastante conceituada no mundo do mountain bike, que cuidará da mecânica das nossas bicicletas, e das massagens ao nosso corpo.

Rui, vieste recentemente do Brasil Ride, uma prova também ela por etapas, com 7 dias de duração. Trazes de lá alguma bagagem de conhecimento ou preparação que achas que te vai ser útil para o Cape Epic?

Cape Epic 2020Rui – Fui para o Brasil Ride completamente “às escuras”. Cometi muitos erros que agora vou tentar evitar. Agora já sei o que são sete dias seguidos a competir, e que no final de cada dia, por muito que apeteça conviver com os outros atletas, e amigos, o mais importante é aproveitar todos os momentos para descansar.

No final da prova, esse ganho marginal, fará diferença. A nível de abastecimentos, percebi a meio da prova, que perdia muito tempo a reabastecer, então no Cape Epic terei de ter outra táctica. E isso passou por comprar o pack nutrição. É chegar ao abastecimento e trocar as nossas garrafas de água pelas que deixamos preparadas na noite anterior junto da organização.

Outro aspecto importante, a comida. Massa, arroz e muita carne é o que vamos comer durante os 8 dias. Nada de inventar a nível da alimentação. Estamos num país diferente, e com as defesas mais em baixo devido ao cansaço, facilmente o nosso corpo rejeita algum tipo de alimento. E água, só engarrafada. É preciso proteger muito bem o estômago e os intestinos.

André, com títulos como Tetracampeão Nacional de CRI M30, – Vice-Campeão Nacional de Fundo M30, Bicampeão Nacional M30 de XCO, vais participar numa prova ligeiramente diferente. Achas que ainda assim estarás na tua zona de conforto, ou fizeste alterações ao teu treino por forma a te preparares melhor?

André – Acredito que estarei na minha zona de conforto, além do titulo de XCM em 2018, já participei em várias provas por etapas, inclusive venci o Portugal MTB em 2018 e 2019 na categoria de Masters 30. E por isso acho que tenho alguma experiência que me permita fazer uma boa gestão da prova. Apesar de fazer alguns treinos mais longos, a base de treino mantém-se a mesma.

Partem para África do Sul, onde vão pedalar lado a lado com alguns dos maiores nomes do BTT mundial. Seguem já com aspirações a alguma posição na tabela classificativa ou, sendo a vossa estreia neste evento com tantos bons ciclistas, vão optar por chegar primeiramente ao fim, onde nem todos chegam e, gerir dia-a-dia e ver no que dá?

André – Pessoalmente o meu grande objetivo é ser finisher, temos de ser realistas e ter os pés no chão. Vamos ombrear com alguns dos melhores do mundo, e só o facto de sermos finishers está pendente de várias condicionantes como avarias, quedas e estado físico, é necessário fazer uma gestão cuidada dia a dia.

Rui – Como já disse, sou muito competitivo. Adoraria finalizar no TOP 50. Sei que vai ser muito difícil, mas sei que também é possível. Mas a segunda opção também me agrada bastante. Gerir dia-a-dia e ser finisher é mais importante. O resto vem depois. Em 8 dias tudo pode acontecer.

Um evento destes, acarreta uma logística muito grande e consequentes custos, como inscrição, viagens, suplementação e componentes para as bicicletas, entre outros. Quais foram as maiores dificuldades com que se depararam?

André – As maiores dificuldades foi os custos da inscrição, viagens e os extras necessários, o que é material, é mais fácil conseguir algumas parcerias e nomeadamente na suplementação e bicicletas, gostaria de agradecer à Nutrimania.pt, à Bikezone de Leiria e à Prototype.

Rui – Quando falamos do Cape Epic, falamos num orçamento que ronda os 15 mil euros por equipa. E este valor é apenas com o básico dos básicos. As dificuldades passaram por arranjar patrocinadores em tempo record. A inscrição tinha de ser paga até 31 de Setembro. E em agosto eu não tinha nada. Foi ligar, enviar mails e insistir até conseguir os tão desejados SIM.

Como é óbvio, nada disto é possível sem apoios/patrocínios. Têm tido sucesso em obter ajudas nesta área? Querem destacar alguém?

André filipe Cape Epic 2020André – Não foi fácil, e não consegui apoios suficientes para o que ambicionava, mas agradeço aos que estão comigo que tornaram as coisas um pouco mais fáceis, YUDO, União de Freguesias de Pataias e Martingança, Doccis, Neckmolde, Segmento Florestal, Evocycle, Fisioin, La Maglia e MasQueBici.

Rui – Monetariamente consegui o apoio da Betclic, Delta Cafés e Município de Arronches. Como embaixador Specialized irei de bicicleta S-Works, pneus, capacete e sapatos Specialized. Os equipamentos serão La Maglia, uma empresa brasileira que conheci no Brasil Ride e ficámos bastante amigos. É com eles que irei voltar ao Brasil Ride em 2020. A Kombina oferece-me toda a manutenção à bicicleta durante o ano, e para o Cape Epic irá dar-me material extra caso seja preciso usar durante a prova, enquanto que a MasQueBici estará encarregue da manutenção das bicicletas e das nossas massagens.

A nível de suplementação fechei um acordo com a Nutrimania.pt, e iremos utilizar os suplementos da Science in Sport durante a prova, e também durante a época 2020. O Tiago Aragão ficou encarregue de me treinar e preparar, enquanto que o Vitor Santos da Speedfreak, me irá oferecer os novos óculos da 100% para estrear no Cape Epic.

Havendo depois do Cape Epic todo um ano de competição pela frente, como foi incluir esta prova e a sua preparação no calendário? Existe o receio de que possa interferir com a restante época?

© Tiago Ferreira

André – Incluir no calendário foi fácil, pois não coincidia com nenhuma outra prova, as provas da taça de Portugal de xco começam no fim de semana antes, e continuam no fim de semana seguinte. Em relação à restante época, tenho algum receio da fadiga que as viagens e os 8 dias de prova possam causar, mas é o realizar de um sonho e temos de correr esse risco.

Rui – Neste momento estou apenas focado no Cape Epic. Quando voltar para Portugal a minha prioridade será o trabalho.

Rui Porto Nunes e André Filipe falam-nos sobre a sua participação no Cape Epic 2020Ao BTT Lobo, resta desejar a melhor sorte a Rui Porto Nunes e André Filipe, e que consigam atingir os objetivos a que se propõe para esta edição do Cape Epic.

PUB