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A tradição ainda é o que era na Volta a Portugal, com Rafael Reis a envergar, pelo terceiro ano consecutivo, a primeira camisola amarela, depois de vencer hoje, em Viseu, o seu quinto prólogo na prova.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalApostar nos triunfos do palmelense da Glassdrive-Q8-Anicolor nos prólogos da prova ‘rainha’ do calendário velocipédico nacional é um risco calculado, tal é o seu domínio nos últimos anos: vencedor em 2016, 2018, 2021 e 2022, hoje ‘Rafa’ pedalou a uma estonteante média de 54,454 km/h para vestir a primeira amarela da 84.ª edição, cumprindo os 3,6 quilómetros pelas ruas de Viseu em meros 3.58 minutos.

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“Há muito trabalho por detrás disto. Este é um objetivo para o qual a equipa me contratou há três anos e a verdade é que tenho conseguido. Tira-me um grande peso de cima sempre que o consigo fazer”, disse aos jornalistas, já depois de subir ao pódio, garantindo que é “sempre muito especial” vestir a mais apetecida das camisolas da Volta a Portugal.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalÚltimo a sair para a estrada, Rafael Reis pôde até celebrar a sua vitória ainda a pedalar, erguendo os braços assim que cruzou o risco, ao perceber que tinha retirado dois segundos ao tempo do espanhol Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi), que foi segundo, com o campeão em título, o uruguaio Mauricio Moreira, também da Glassdrive-Q8-Anicolor, a ser terceiro, a três segundos.

“Sabia os tempos intermédios, sabia o tempo na meta e, quando passei a meta, sabia que tinha batido o tempo [de Juaristi]. Os números não enganaram, acabei por vencer e estou muito feliz”, reconheceu.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalAssim que cumpriu o seu exercício, o corredor de 31 anos ‘voou’ para o autocarro da Glassdrive-Q8-Anicolor, onde festejou a sua oitava vitória em etapas na Volta, fundindo-se num abraço com o seu colega e amigo Frederico Figueiredo – o ‘vice’ do ano passado, que hoje minimizou perdas, cedendo apenas 18 segundos para o vencedor -, num cumprimento que posteriormente se estendeu aos outros companheiros de equipa.

Quando ‘Rafa’ ganha, não há muito que contar, e hoje ainda menos, já que foram poucos os homens que figuraram como ‘donos’ do melhor tempo.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalCésar Martingil (Aviludo-Louletano-Loulé Concelho) foi o segundo a iniciar o prólogo e os 4.02 minutos que marcou foram a referência durante mais de uma hora. Sessenta e três ciclistas passaram a meta sem ‘beliscar’ o tempo do português – haveria de acabar em quarto -, mas o basco Txomin Juaristi (Euskaltel-Euskadi) acabou por superá-lo, parando o cronómetro precisamente nos quatro minutos.

Os 3,6 quilómetros do prólogo de Viseu não tinham qualquer segredo: avenidas largas, rotundas aqui e ali e zero dificuldades, um ‘desenho’ ideal para recordes de velocidade, mas também para diminutas diferenças de tempo, com Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) a ser o pior entre os favoritos, no 96.º lugar, a 27 segundos.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalAinda assim, as primeiras pedaladas desta edição serviram para confirmar que Mauricio Moreira está em forma para defender o título. “Estou contente, acima de tudo por a equipa ter iniciado esta Volta com o pé direito, muito contente pelo Rafa, que, mais uma vez, demonstra que praticamente não tem rival neste tipo de esforço”, salientou o terceiro da geral.

O uruguaio de 28 anos sai também “individualmente muito contente”, de um exercício “muito curto” para si. “Não tenho essa explosividade para estes esforços, mas consegui passar da melhor maneira e só tenho de estar contente com o resultado”, reconheceu.

No entanto, como ‘Mauri’ recordou, é na quinta-feira que começa verdadeiramente a 84.ª edição, numa ligação essencialmente plana entre o Velódromo Nacional, em Sangalhos, Anadia, e Ourém.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalDeclarações no final do prólogo da 84.ª Volta a Portugal em bicicleta, disputado hoje em Viseu, no total de 3,6 quilómetros:

Rafael Reis (vencedor da etapa e líder da geral individual): “Não é habitual [ganhar], há muito trabalho por detrás disto. Este é um objetivo para o qual a equipa me contratou há três anos e a verdade é que tenho conseguido. Tira-me um grande peso de cima sempre que o consigo fazer.

Sabia os tempos intermédios, sabia o tempo na meta, e quando passei a meta sabia que tinha batido o tempo [de Txomin Juaristi]. Os números não enganaram, acabei por vencer e estou muito feliz por isso.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a Portugal(Defesa da amarela) Além das bonificações, as etapas também são ligeiramente mais compridas, à volta dos 190 quilómetros todas as etapas até à etapa da Torre, de segunda-feira. Há um desgaste muito grande nessas etapas, são etapas muito planas e controlar essas etapas com dois, três ciclistas… porque temos várias opções na equipa [para a geral] e não vamos meter colegas que vão para a geral a trabalhar.

Como toda a gente sabe, eu sou um homem que veio para trabalhar na Volta a Portugal. Eu, o Fábio [Costa] e o [Luís] Mendonça. Vamos tentar não desgastar assim tanto esses homens de trabalho, etapas planas são muito difíceis de controlar com fugas numerosas e tudo o mais.

É sempre muito especial. Tira-me um peso muito grande de cima. Eu lido bem com a pressão, peço sempre à equipa para partir em último. Não tenho a pressão dos tempos, o pessoal vai batendo os tempos e eu mantenho-me na ‘minha’, vou estando focado naquilo que consigo fazer. Unicamente tenho de dar o meu melhor, esperar ter um dia bom, porque no ciclismo pode não acontecer. Somos humanos, podemos falhar, e para mim é um grande alívio continuar a vencer os prólogos.

(não revalidação de título de campeão nacional de contrarrelógio) Tive vários problemas, tive um problema com a bicicleta, mas espero que no próximo ano consiga dar luta pelo menos”.

Mauricio Moreira (terceiro na etapa e na geral): “Estou contente acima de tudo por a equipa ter iniciado esta Volta com o pé direito, muito contente pelo Rafa, que mais uma vez demonstra que praticamente não tem rival neste tipo de esforço. Acho que todo o coletivo está mais do que contente e começamos da melhor maneira.

Individualmente também muito contente. Sei que é um esforço muito curto para mim. Não tenho essa explosividade para estes esforços, mas consegui passar da melhor maneira e só tenho de estar contente com o resultado.

A dor de pernas foi de início ao fim, mas acho que a parte mais dura é o final, os últimos 700, 800 metros.

É muito difícil tirar uma conclusão num esforço tão curto, porque basicamente a dor nas pernas é de início ao fim. Mas acho que tenho de estar contente com o resultado e amanhã [quinta-feira] começa a verdadeira Volta”.

Daniel Dias (líder da classificação da juventude): “É um sonho realizado [vestir a camisola branca], era o principal objetivo neste primeiro dia, sinto-me muito feliz por a ter conseguido conquistar.

Rafael Reis não se cansa de vestir a primeira amarela da Volta a PortugalVamos tentar levar esta camisola até ao fim, sei que será difícil na Torre. Mas vamos levar dia a dia, tentar cumprir com os objetivos da equipa e logo se verá o que iremos conseguir até ao final desta Volta”.

Mais info em www.volta-portugal.pt.

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