Luís Gomes (Kelly-Simoldes-UDO) venceu hoje a sétima etapa da Volta a Portugal, com o compatriota Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor) a manter a camisola amarela.
No final dos 150,1 quilómetros entre Santo Tirso e Braga, Gomes foi o mais forte entre um grupo de fugitivos e venceu em 3:32.03 horas, o mesmo tempo do português Gonçalo Leaça (LA Alumínios-Credibom-MarcosCar) e do espanhol Txomin Juaristi (Euskatel-Euskadi), segundo e terceiro, respetivamente.
Na geral, Frederico Figueiredo mantém sete segundos de avanço sobre o uruguaio Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) e 38 sobre Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista).
Luís Gomes (vencedor da etapa): “Era uma vitória muito desejada pela equipa. Ontem [quinta-feira], já tentei e na Serra da Estrela, hoje, graças a Deus, foi o dia e foi para a nossa equipa, que muito merece pelo esforço que faz ao longo do ano para manter este projeto na estrada.
É muito importante [ganhar], este ano em especial que tive uma queda que limitou a preparação para a Volta a Portugal. Regressava a correr e tinha de voltar a parar e isso tudo nos faz pensar. Todo o esforço que eu tive […] para estar aqui na Volta a Portugal, mexe connosco e as emoções vêm ao de cima.
Ontem, foi um dia difícil para mim. Acreditei que conseguia vencer, passava em Oliveira de Azeméis, que é a terra da equipa. Confesso que cheguei ao fim, no autocarro, e chorei em frente aos chefes, senti-me frustrado, porque não consegui e dei tudo o que tinha. Mas levantei-me hoje e senti que era uma nova oportunidade, e lutei como faço em toda a minha carreira. Sempre lutei para conseguir alcançar os meus objetivos”.
Gonçalo Leaça (segundo da etapa): “Foi um sabor agridoce, claro que gostava de ter ganho, era uma oportunidade que podia ter conseguido, mas fico contente com o segundo lugar, já é bom.
Nós tentamos em todas as provas ingressar em fugas que cheguem à meta para que possamos ter a nossa primeira vitória, que é sempre importante para equipa. O Luís Gomes é um atleta que já tem algumas vitórias, é um homem em teoria mais rápido e foi assim”.
Joaquim Silva (quinto da etapa): “Na subida, tentei fazer a diferença, o Luís não descolou. Eu vinha a pedir-lhe para colaborar, não sabia que tinha menos andamentos do que eu. Sei que era difícil para ele passar com menos andamentos a descer, porque era o que lhe vinha a dizer: trazíamos para o risco e o mais forte vencia o ‘sprint’. Acabou por vencer ele, para mim era o ciclista mais forte do grupo e mereceu a vitória.
Depois de vários dias difíceis na minha mente, foi hora de dar a volta e tentar. Já tentei em Viseu, fui apanhado no último quilómetro. Ontem [quinta-feira], também tivemos uma ‘saída à portuguesa’, em que eu estive 80 quilómetros presente na primeira fuga. Infelizmente, o pelotão não dá muita margem. É difícil assim chegar a fuga. Hoje, finalmente, foi um dia em que consegui chegar.
A subida [ao Sameiro] conheço-a bem, costumo treinar por aqui, não consegui fazer a diferença, mas nos próximos dias ainda cá estamos”.
João Matias (oitavo na etapa e segundo na classificação por pontos): “Faltam-nos duas etapas em linha e o contrarrelógio. Não sei o que se passou hoje ainda. Não sou um ciclista de ficar confortável e hoje tinha de dar tudo por tudo. O objetivo não passava por estar na fuga, mas assim que vi um grupo a sair, reparei que o Scott [McGill] não estava perto e ataquei. Para tristeza minha ele acabou por entrar depois.
Acho que isto é um bocado histórico. Há pouco disse em jeito de brincadeira que a organização deveria pensar em atribuir duas camisolas verde, porque penso que esta luta… não é por ser eu a estar na luta, mas eu se estivesse como adepto em casa a ver a Volta na televisão, o que e se está a passar é inacreditável.
Ainda hoje no inicio da subida, comecei a gerir cá de baixo, ele acelerou muito, eu soube gerir as emoções, soube ir com calma e acabei por passá-lo na parte final. Ataquei como se fosse para uma chegada. Seja para fazer o resultado que seja, os pontos que possamos amealhar, tanto eu como ele… Termine como termine, eu estou satisfeito e ele irá estar satisfeito, de certeza. Se ficar com a verde melhor, claro. Ambos somos merecedores da camisola. Isto é uma história muito bonita que se está aqui a viver.
O objetivo era tentar ir às metas volantes. Acabei por entrar na fuga, acabei por chegar… não sei, o inacreditável está a acontecer. Eu sou o ciclista que este ano venceu a montanha no Algarve. São coisas que acontecem que eu não sei explicar. É porque vou à luta sempre”.
Frederico Figueiredo (líder da geral individual): “[Mais um dia de amarelo] Sabe muito bem, todas as pessoas ali a chamar o nosso nome é sempre bom, passar por estas estradas e chamarem por ‘Frederico’ é sempre um motivo de orgulho e sabe sempre bem de andar de amarelo.
[Sameiro] É uma subida dura, apesar de deixarmos ir a fuga. Pensava que a subida ia ser mais tranquila, não foi. Viemos sempre a andar bem. As sensações foram boas. Medo das subidas não posso ter, se tenho medo das subidas estou desgraçado. Se não andar a subir com este peso, não ando em lado nenhum. Enquanto me encontrar numa boa condição, não posso ter medo”.
André Cardoso (quinto na geral individual): “São os outros que são mais fortes e eu sou mais fraco. A subir, quando eles atacaram, não consegui ir com eles e mais nada”.