Quatro atletas promovem, entre hoje e segunda-feira, o Do Good Ultra Challenge, um ultratriatlo solidário, com o objetivo de angariar verbas para a Rede de Emergência Alimentar do Banco Alimentar Contra a Fome.
Durante três dias, o ex-nadador olímpico Miguel Arrobas e os triatletas Diana Lourenço, Mário Santos e Hanna Sousa propõem-se a percorrer uma distância total de 1.030 quilómetros, a nadar, em bicicleta e a correr, enquanto esperam que o seu esforço seja convertido em donativos nas duas plataformas ‘online’ criadas para o efeito.
A iniciativa desportiva solidária ‘Do Good Ultra Challenge’ surgiu “da constatação” de que se registou um aumento de famílias em dificuldade a precisar de ajuda e da informação que têm do Banco Alimentar da necessidade de aumentar a capacidade de resposta.
“A pandemia que abala o mundo provocou a redução de vencimentos, despedimentos, empresas em dificuldades. Tudo isto vai provocar uma crise social, que já não é evitável”, salienta Miguel Arrobas, diretor municipal de Educação e Ação Social em Cascais.
Por outro lado, realça, o Banco Alimentar não pôde fazer a campanha de angariação de maio, há menos gente a doar e mais famílias para apoiar.
Habituais praticantes de desporto, com as rotinas quebradas durante a pandemia, os quatro decidiram avançar para um desafio que vai além das suas capacidades habituais e que vai representar um sacrifício físico, em nome de quem precisa de ajuda.
“Eu podia fazer 50 quilómetros a nadar e estaria confiante, mas nunca corri uma maratona, por isso é uma incógnita total, terreno desconhecido”, sublinha Miguel Arrobas, nadador de águas livres.
Para além de esperarem que à distância percorrida correspondam donativos, Miguel Arrobas frisa que, ao superarem-se, essa seja também uma mensagem para quem vive um período mais difícil.
O nadador sabe o que é a tormenta dos enjoos, das dores e do frio depois de longas distâncias na água. Durante o Do Good Ultra Challenge espera maiores dificuldades, com o vento, o calor e a experiência como adversários.
“Vou acabar, nem que seja a rastejar. Podemos passar uma mensagem boa, para que ninguém baixe os braços. Se não acreditarmos em nós próprios, não vamos conseguir dar a volta. É importante atirarmo-nos para a frente, procurar soluções, encontrar ferramentas para vencer as dificuldades”, enfatiza Miguel Arrobas.
Na sexta-feira, às 08:00, Miguel Arrobas e Diana Lourenço partem da Praia da Conceição para fazerem 10 quilómetros de natação e, quando terminarem, passam o testemunho aos parceiros de equipa, Mário Santos e Hanna Sousa, que vão cumprir em bicicleta uma distância de 145 quilómetros entre Cascais e o Jamor, em Oeiras.
No sábado, os quatro, em simultâneo, partem às 08:00 da Cidadela de Cascais para uma prova de bicicleta de 145 quilómetros. No domingo, saem os quatro da Praia da Guia, às 08:00, para uma maratona.
A angariação de fundos, até ao final de julho, vai ser “uma enorme motivação” para chegar à meta. Os donativos podem ser feitos através da página no Facebook do Do Good Ultra Challenge e da plataforma gofundme. Em cada uma delas foi colocada a fasquia de 50 mil euros, mas Miguel Arrobas sublinha não ser usual, em Portugal, as pessoas fazerem doações ‘online’ e considera que qualquer valor recolhido “é melhor do que nada”.
“Acho que podemos chegar a um valor que prestigie a causa e que faça honras aos que estão a viver dificuldades. Vamos lutar para que o valor seja o mais elevado possível, para que faça a diferença”, acentua o nadador.
Miguel Arrobas explica não se pretender que seja “um evento desportivo”. “Não temos ruas fechadas, nem bancadas montadas”, refere.
No caminho esperam sensibilizar quem os veja em esforço para se lembrarem que “basta olhar para o lado e ver os danos da pandemia na sociedade”.