O presidente da Federação Portuguesa de Ciclismo assumiu como “inevitável” o adiamento da Volta ao Algarve, prevista entre 17 e 21 de fevereiro, face ao “momento crítico” provocado pela pandemia de covid-19.
“Este é um momento crítico e também queremos ser solidários com tudo o que se está a passar em Portugal”, afirmou Delmino Pereira, em declarações à agência Lusa, depois de a estrutura a que preside ter anunciado o adiamento da primeira prova do calendário velocipédico nacional e a única a integrar o calendário ProSeries da União Ciclista Internacional (UCI).
Portugal tem registado um aumento do número diário de infeções pelo coronavírus responsável pela pandemia de covid-19, tendo contabilizado, na quarta-feira, 14.647 novos casos e um número recorde de mortes (219).
“A evolução da pandemia não nos permite olhar para o evento com o equilíbrio que tem de ter. Estamos a falar de um evento que se realiza na via pública, uma corrida, uma festa, que tem uma relação muito especial com as pessoas, com o povo. Dentro de um certo equilíbrio é possível organizar-se ciclismo e o desporto deve acontecer, mas com o índice da pandemia em Portugal, e fora de Portugal, não é possível continuarmos e é uma questão de sensatez e respeito para com as vítimas e a situação”, explicou o líder federativo.
A menos de um mês do arranque da prova algarvia, a organização já contava com a presença de 25 equipas, 14 das quais do WorldTour, o principal escalão internacional, e de várias ‘estrelas’, como o britânico Chris Froome (Israel Start-Up Nation) ou o italiano Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo).
“Nós tínhamos a corrida organizada, praticamente pronta para ir para a rua, mas a evolução da pandemia tem sido muito grave e não tivemos outra alternativa. Tivemos mesmo que tomar esta decisão. Acho que é um momento de reflexão e, depois de ouvirmos várias entidades, julgamos que foi a decisão mais sensata”, prosseguiu Delmino Pereira.
O presidente da FPC considera que o adiamento ocorreu atempadamente, a um mês da data prevista para a quinta e última etapa.
“Tivemos de avançar na altura certa, a Volta acabaria daqui a um mês, em 21 de fevereiro, e as equipas têm de ser informadas. Esta decisão foi ponderada, difícil, mas para a qual não tínhamos alternativa”, reconheceu.
A organização avançou com as datas entre 05 e 09 de maio para a realização da 47.ª edição da Volta ao Algarve, aguardando a concordância dos parceiros da prova e da UCI.
“Pensamos que sim [será viável realizar a prova em maio], mas, neste momento, todo o calendário velocipédico e desportivo está a ser reorganizado. Posicionámos a Volta ao Algarve, que é um evento ‘âncora’, já informámos a UCI, mas vai ter de ser confirmado, porque todo o programa desportivo vai ser alterado a nível mundial”, sublinhou.
Delmino Pereira lamentou que a possível data não permita reunir um pelotão tão forte como em fevereiro, assegurando, mesmo assim, um elevando nível qualitativo.
“Não, essa é uma circunstância que não será igual, porque todo o ciclismo muda. Mas é uma data que nos garante uma boa participação e mantém o traço, o alinhamento e o prestígio internacional que a prova atingiu”, rematou.
Em 2020, a prova algarvia foi uma das últimas competições disputadas antes da interrupção devido à pandemia de covid-19, entre 20 e 24 de fevereiro, tendo sido conquistada pelo prodígio belga Remco Evenpoel (Deceuninck-QuickStep).