A primeira edição do Prémio João Almeida transformou hoje A-dos-Francos na capital do ciclismo nacional com 440 ciclistas de 33 equipas a disputar o pódio no centro da aldeia.
Ao contrário do ditado que diz “todas as estradas vão dar a Roma”, entrar em A-dos-Francos hoje é quase como percorrer um labirinto de estradas cortadas ao trânsito para deixar passar os ciclistas de todos os escalões que participam na prova criada para o homenagear o ciclista que tornou célebre a aldeia do concelho das Caldas da Rainha.
Francisco Pereira, de seis anos, veio de Alpiarça e foi dos primeiros a disputar o escalão escolas.
João Almeida “é bom”, a prova “correu bem”. Mas aos seis anos as palavras são parcas e as atenções viram-se mais para uma corneta que vai apitando enquanto o ‘staff’ de apoio à equipa vai pondo comida nas mesas para alimentar os mais pequenos.
Tomás Pereira, de 12 anos, irmão de Francisco, também já fez a prova na classe de infantis, arrancando um terceiro lugar na classificação, qual João Almeida na Volta a Itália. Uma meta que Tomás “também gostava de conseguir, no Giro, no Tour [França], na Volta a Portugal, em tudo”, diz entusiasmado com o hipótese de hoje poder conhecer pessoalmente o ciclista de A-dos-Francos.
Telma Bernardo, mãe dos dois, assegura que na equipa de Alpiarça “há bons atletas, com bons resultados e, se houver apoios, muitas possibilidades de fazerem carreira no ciclismo”.
Na corrida ao título de “João Almeida do futuro” junta-se a empenhadíssima equipa ACR Roriz, de Barcelos.
A competir em juvenis, cadetes e juniores, a equipa trouxe a A-dos-Francos os pesos pesados.
“Este aqui ficou em quinto lugar na Taça”, dizem apontando para Gabriel Batista. “Este [Diogo Miranda], caiu levantou-se e foi ganhar a Taça de Portugal em cadetes”, acrescentam, sem esconder a convicção de que Barcelos há de arrecadar algumas das melhores classificações da primeira edição do Prémio João Almeida.
Com ou sem subidas ao pódio, a equipa de Barcelos dificilmente esquecerá a participação na prova de A-dos-Francos. Tudo porque logo à chegada à aldeia, de ruas estreitas, “a carrinha com a equipa ficou presa em frente à casa do João Almeida e foi o pai dele que veio ajudar a tirar o carro”, contam.
Juliana Gonçalves, de 12 anos, veio de Messines, representar os juvenis da equipa de Messines e espera não acabar o dia “sem conhecer pessoalmente o João Almeida”, e Benedita, de sete anos, veio de Loulé, garante já o ter visto por ali, entre carrinhas das equipas, bicicletas, atletas em aquecimento e barraquinhas e bancas e comida e bebida.
A EcoSprint, escola das Caldas da Rainha onde João Almeida começou a carreira, faz-se notar no recinto com dois porcos a assar no espeto, uma barraquinha de cerveja e uma banca de venda de bolos e salgados.
Ao leme da venda estão as mães dos atletas a “colaborar para angariar dinheiro para o clube que “já gerou dois atletas internacionais”, diz Sabrina Ramalho, aludindo a “António Morgado, que também começou aqui”.
José Pedro Fernandes, fundador do clube e treinador, não esconde o orgulho por “ ter dois atletas na alta esfera do ciclismo”, o que “tem contribuído para que cada vez mais crianças e jovens adiram a esta modalidade”.
Isso mesmo confirma a participação de equipas de norte a sul do país no prémio João Almeida, prova que o madeirense, criado na Venezuela e o incentivador da carreira que levou João Almeida aos pódios, espera que “seja o primeiro de muitos com o nome de atletas portugueses”.
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Em A-dos-Francos não restam dúvidas de que a tradição iniciada hoje “é para manter”, disse o presidente da Junta, Paulo Sousa.