O estabelecimento de uma bolha para cada equipa e uma alargada para o pelotão, durante uma prova de ciclismo, é a principal medida do protocolo sanitário para a retoma, hoje publicado pela União Ciclista Internacional.
As medidas definidas pela UCI serão obrigatórias, recomendáveis ou desejáveis consoante a aceção de risco, que depende do número de infeções de um país por cada 100.000 habitantes.
Apesar de parte do protocolo ser de obrigatoriedade variável, mediante a situação epidemiológica de cada país que receba uma corrida, é obrigatório que cada organização garanta a presença de um coordenador ligado à covid-19, bem como um médico dedicado na equipa.
A retoma do ciclismo está marcada para 01 de agosto, após três meses de paragem, e o protocolo que o permite foi criado por uma equipa internacional que incluiu o português Artur Lopes, estando sujeito a adaptação para se articular com as autoridades de cada país.
“Um dos princípios gerais para quem organiza competições é a criação e manutenção de bolhas (coortes) protetoras em torno das equipas, que, no contexto de corridas de estrada, estarão ligadas, formando uma ‘bolha de pelotão’. As medidas baseiam-se em controlar a entrada nas bolhas de equipa, preservando estas coortes e o pelotão de contacto com pessoas cujo estado de saúde não foi verificado”, pode ler-se no documento.
A UCI recomenda ainda “um teste serológico antes do período de competição” para as equipas e, em relação a provas maiores, como Volta a França, Espanha ou Itália, que têm dias de descanso, que sejam levados a cabo novos testes à covid-19.
Recomendando a adaptação e criação de espaços comuns de forma a minimizar ao máximo os riscos de infeção, o plano assenta também numa constante monitorização de todos os participantes, de corredores a equipas técnicas, e ao preenchimento de questionários com os principais sintomas de infeção do novo coronavírus.
Já depois de avaliado o nível de risco, dadas as condições do organizador e dos locais, além da situação epidemiológica num dado país e as medidas tomadas pelas autoridades de saúde, o distanciamento social, o uso de máscaras e o tratamento imediato e isolado de casos suspeitos são recomendações transversais.
“O protocolo é fundamental, especialmente para equipas e organizadores, com vista à retoma de corridas”, afirmou, citado em comunicado, o presidente do organismo de cúpula do ciclismo mundial, David Lappartient.
Segundo o dirigente, está estabelecido “o quadro que vai permitir aos ciclistas voltar a correr” e o plano passa, agora, por adaptar o documento para outras disciplinas, como o BTT, cuja Taça do Mundo arranca em setembro.
“Estas medidas permanecem dependentes das leis e ações tomadas nos diferentes países com provas agendadas, e poderão ser adaptadas, mas este protocolo é mais um passo para o regresso do ciclismo à vida”, alertou.
O plano abrange várias provas em Portugal, depois de a Federação Portuguesa de Ciclismo ter hoje anunciado a retoma das corridas, incluindo a Volta a Portugal, cuja realização a Direção-Geral da Saúde confirmou para as datas previstas, entre 29 de julho e 09 de agosto.
Em 05 de julho, o pelotão volta à estrada num contrarrelógio individual em Sangalhos, seguindo-se o Challenge Memorial Bruno Neves (11 e 12 de julho), o Troféu Joaquim Agostinho (18 a 20 de julho), antes da Volta e dos Nacionais de estrada, que encerram a época de 21 a 23 de agosto.