Revoltado com a falta de mudanças no modelo de negócios da modalidade, milionário russo decidiu vender a equipa
“Se mais ninguém se preocupa com o futuro deste desporto, porque é que eu me havia de preocupar? Eles que se vão lixar. A partir de janeiro de 2017, estou fora.” É uma despedida nada meiga. A Tinkoff – equipa de ciclismo de Alberto Contador, Peter Sagan ou Sérgio Paulinho – vai acabar (ou mudar o nome) no final da próxima época, garante o dono, o milionário russo, Oleg Tinkov, por entre duras críticas à falta de mudanças no seio da modalidade.
O anúncio, a corredores e staff da equipa – que levou Alberto Contador à vitória no Giro, este ano. E Tinkov logo o confirmou ao CyclingNews.com. “Todos os contratos e patrocínios estão em vigor em 2016, mas essa será a última temporada neste desporto para mim e para o Tinkoff Bank. Há duas grandes razões para isso e espero que as pessoas as compreendam e reflitam porque é que o ciclismo profissional acaba de perder um tipo que gastou mais de 60 milhões e adora a modalidade”, afirmou o dirigente russo, antes de apontar as razões.
“Primeiro, o Tinkoff Bank patrocinou a equipa por cinco anos. Do ponto de viste do marketing, isso é suficiente. Não somos um banco global, a situação económica na Rússia não é a melhor (…) e decidimos transferir esse orçamento para publicidade televisiva”, invocou Tinkoff. Depois, a outra razão, “é mais complexa e pessoal”: o controverso milionário russo diz que se sentiu “como D. Quixote” a tentar lutar pela mudança de mentalidades no seio da modalidade. “Decidi vender a equipa e desistir do ciclismo, porque percebi que ninguém quer trabalhar comigo para mudar o modelo de negócios do ciclismo. Nos últimos anos lutei com a ASO (organizadora do Tour e de outras grandes provas) e a UCI (União Ciclista Internacional) para encontrar novas formas de rendimento através de direitos televisivos, merchandising e venda de bilhetes, mas ninguém quis tomar uma posição de força junto comigo”, lamentou Tinkov.
Agora, o milionário, que antes da Tinkoff dinamizara uma equipa russa de menor dimensão (Tinkoff Credit Systems), promete vender a equipa “à melhor proposta, não interessa de quem for”. Apenas Rafal Majka e Peter Sagan (atual campeão mundial de estrada) têm contrato com a equipa para lá de 2016.