António Carvalho venceu hoje a nona etapa da Volta a Portugal, cortando ao lado de dois companheiros da Glassdrive-Q8-Anicolor a meta na Senhora da Graça, com Frederico Figueiredo a manter a liderança.
Numa etapa, que ligou Paredes ao alto da Senhora da Graça, em Mondim de Basto (174,5 quilómetros), dominada pela Glassdrive-Q8-Anicolor, António Carvalho repetiu o triunfo de 2019 em Mondim de Basto e venceu em 4:42.14 horas, o mesmo tempo dos companheiros de equipa Frederico Figueiredo e Mauricio Moreira.
Na geral, Frederico Figueiredo mantém sete segundos de avanço sobre o uruguaio Mauricio Moreira e 1.52 minutos sobre Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista).
António Carvalho (vencedor da etapa e quarto classificado da geral individual): “Nós saímos com uma estratégia bem delineada do autocarro. Passava, acima de tudo, por tentar defender o nosso primeiro e segundo lugar da geral. Se houvesse possibilidade ou se sentíssemos fraqueza dos adversários, principalmente do Luís Fernandes, para eu tentar chegar ao pódio, iríamos tentar.
Se vocês analisarem a etapa, nós acabámos por colocar um homem na fuga [Fábio Costa], que era um dos nossos objetivos. Queríamos trazer a etapa controlada entre o Barreiro e a Senhora da Graça. Não pretendíamos acelerar a corrida no Barreiro. Felizmente, o Tavira acelerou por nós. Acabaram por endurecer muito a corrida e muitos adversários acabaram por ficar para trás.
Houve um momento, a faltar dois quilómetros [para o alto do Barreiro], corto os meus colegas acima de tudo para analisar os adversários e vi que estavam a passar mal. Vi que o Luís Fernandes ia a passar mal e tentei endurecer mais um pouco. Mal passámos a montanha, ele disse-me que hoje não estava bem. […] Foi entrar cá em baixo na Senhora da Graça para ver como ia ser a resposta do Luís Fernandes, ele não se mexeu, era sinal que estava mal.
Só tive de esperar e trazer o Frederico e o Maurício até ao alto, num ritmo confortável para todos. Claro que sofrendo, porque não há vitórias fáceis, e tentar assaltar o pódio, não consegui ainda. Mas veremos amanhã [segunda-feira].
Estivemos a analisar o contrarrelógio de Gaia-Porto, quando faço segundo, e ganhei quatro minutos ao Luís Fernandes. Mas não há provas iguais. Amanhã vou tentar o meu melhor para acabar no pódio final”.
Frederico Figueiredo (segundo classificado na etapa e líder da geral individual): “[Subir a Senhora da Graça de amarelo] é de arrepiar sempre. Pessoas a chamar o nosso nome, penso que também um bocadinho por ser português e as pessoas ligam muito a ser um português a liderar a Volta. É gratificante.
Costumam dizer que a camisola amarela dá asas, vamos ver amanhã [segunda-feira] se dá ou não.
[A montanha] sempre foi o meu terreno predileto. Acabo por ganhar na chegada a Miranda do Corvo, na Serra da Estrela penso que estive muito bem e mesmo aqui na Senhora da Graça também, mas sou um trepador. Sete segundos se calhar não vai ser o suficiente para vencer a Volta a Portugal, mas não estou preocupado com isso. O que interessa é a equipa vencer, isso é o mais importante.
(não atacou por respeito a Mauricio Moreira?) sim. É nestes momentos que vemos os grandes ciclistas e o Mauricio passou uma fase complicada, mas tentámos que ele chegasse aqui connosco para também não perder tempo para mim. Ele é o mais forte candidato a vencer a Volta”.
Mauricio Moreira (terceiro classificado na etapa e segundo da geral individual): “Estou numa boa posição, mas não quero pensar nisso até amanhã [segunda-feira]. Hoje, passei um dia a sofrer, bastante difícil, e amanhã a estrada vai colocar cada um no seu sítio.
(Sentiu dificuldades na subida?) Não foi uma impressão, é verdade. Estava a sofrer bastante, foi uma subida bastante difícil para mim. Estou outra vez com dores no joelho, e estou a sofrer bastante, mas amanhã, graças a Deus, é o ultimo dia. Ainda estamos na frente e, se Deus quiser, vai correr tudo bem para a equipa, e isso deixa-me muito contente.
(reconhecimento do crono?) sim, já fiz há algum tempo, mas com o trânsito aberto era um bocadinho difícil. Amanhã, também vamos [reconhecer], para ter a certeza que não acontece o mesmo que o ano passado”.
Luís Fernandes (terceiro da geral individual): “Tenho esperança de ficar no pódio desta Volta a Portugal depois do esforço que fiz, que a minha equipa fez, do trabalho que tive em casa, dos dias que passei sem estar com a minha família. Espero manter-me no pódio, sei que vai ser uma tarefa muito, muito difícil visto que os adversários que estão atras de mim são quem são, mas espero estar no pódio amanhã [segunda-feira]. Vou dar tudo na estrada.
São etapas distintas. A Torre só tinha uma dificuldade mais acentuada, que era a subida à Torre, que foi atacada desde cá de baixo. Encontrava-me num dia bom. Todos podemos ter um dia mau, e eu acho que hoje tive o meu dia mau. Tive de responder a alguns ataques e isso paga-se caro. Depois, foi optar por manter o meu ritmo, e não perder muito tempo, porque eles iam tentar atacar-me para me ganhar tempo. Tanto o António Carvalho como o próprio Mauricio e o Frederico. Eu sabia que tinha de pôr o meu ritmo para minimizar perdas e foi o que fiz”.
A 83.ª edição da Volta a Portugal termina na segunda-feira, com a 10.ª etapa, um contrarrelógio de 18,6 quilómetros, entre Porto e Vila Nova de Gaia.