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O recorde de contagens de montanha e o regresso do Puy de Dôme não fazem esquecer a ausência de ‘colossos’ montanhosos num traçado do Tour de France que ‘peca’ ainda pela escassez de quilómetros de contrarrelógio.

Rui Costa regressa ao Tour de FranceNo cardápio deste Tour de 3.405,6 quilómetros não estão ‘lendas’ como o Alpe d’Huez, o Mont Ventoux, o Télégraphe, o Galibier, a Croix-de-Fer ou o Aubisque, mas montanha não falta – é mesmo a edição com mais contagens (30) de categoria especial, primeira ou segunda nas 110 edições da ‘Grande Boucle’, e atravessa as cinco cordilheiras de França (Pirenéus, Maciço Central, Jura, Alpes e os Vosgos), totalizando 56 mil metros de desnível acumulado e quatro chegadas em alto (6.ª, 9.ª, 13.ª e 15.ª etapas).

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Ainda assim, olhando para o percurso, profundamente acidentado, a começar logo nas três etapas de ‘carrossel’ no País Basco, fica a sensação de que falta algo, seja pela ausência de montanhas míticas – o Tourmalet, o Aspin e o Grand Colombier são a exceção -, seja pelos escassos quilómetros de contrarrelógio, apenas 22,4, entre Passy e Combloux (16.ª), menos 31,5 do que ano passado e com uma contagem de segunda categoria a 3,5 quilómetros da meta.

Mas comece-se pelo início: o ‘Grand Départ’ da 110.ª Volta a França acontecerá no sábado, na já há muito engalanada cidade de Bilbau, no País Basco espanhol, ‘palco’ das três primeiras onduladas etapas até à entrada em França – é a segunda vez que a ‘Grande Boucle’ arranca em Espanha, depois de em 1992 ter começado na também basca San Sébastián.

Após a incursão espanhola, a única fora de portas desta edição, o percurso do Tour, desenhado em formato de uma seta que atravessa o ‘hexágono’ na diagonal, do sudoeste ao centro leste, do País Basco à Alsácia, prossegue com nova etapa plana, antes de, ao quinto dia, os candidatos à geral serem verdadeiramente desafiados pela primeira vez, nos 162,7 quilómetros pirenaicos entre Pau e Laruns, que têm já uma contagem de categoria especial e outra de primeira.

Sem ‘pavé’ para ‘baralhar’ as contas da geral, como aconteceu no ano passado, a organização decidiu colocar logo na sexta tirada a primeira chegada em alto, com o trajeto entre Tarbes e Cauterets-Cambasque a incluir os ‘famosos’ Aspin e Tourmalet.

O regresso ao vulcão Puy de Dôme, na nona etapa, após 35 anos de ausência, destaca-se entre as subidas previstas para o Tour2023, ou não tivesse sido palco do histórico duelo entre Jacques Anquetil e Raymond Poulidor, em 1964.

Seguem-se três tiradas presumivelmente sem história, até ao Grand Colombier, a categoria especial que será testemunho da chegada da 13.ª etapa, antes de os ciclistas rumarem aos Alpes, para uma jornada, entre Annemasse e Morzine, com três contagens de primeira e uma ‘especial’, antes de descerem até à meta.

O ‘gigante’ Mont Blanc acolhe a derradeira chegada em alto da 110.ª edição, em 16 de julho, antes do último de dois dias de descanso (o outro cumpre-se a 10), que servirá para os candidatos recuperarem forças para o ‘crono’ da 16.ª etapa – é o segundo mais curto da história, depois dos 13 quilómetros em 2015.

A ausência de mais metas a coincidir com contagens de montanha pode provocar uma falsa sensação de atenuar de dificuldades, completamente ‘desmentida’ pelo traçado da 17.ª etapa, que, além de duas contagens de primeira categoria, coroa ainda o ponto mais alto deste Tour, o Col de la Loze, ‘instalado’ a 2.304 metros de altitude, alcançados após uma subida de 28,1 quilómetros.

É nos Vosgos que termina o périplo montanhoso desta ‘Grande Boucle’, mais concretamente na 20.ª tirada, que inclui mais duas contagens de primeira categoria antes da chegada inédita a Le Markstein.

Decidida a geral, caberá aos sprinters aproveitaram a última das cinco jornadas a si reservadas na 110.ª edição, com a chegada aos Campos Elísios, em 23 de julho, a testemunhar a derradeira medição de forças entre os homens velozes, mas a servir também como pano de fundo para a festa dos vencedores, nomeadamente a do sucessor de Jonas Vingegaard no palmarés dos vencedores.

Principais dificuldades da 110.ª Volta a França em bicicleta, que começa no sábado, em Bilbau, em Espanha, e termina em 23 de julho, em Paris:

– 1.ª etapa:

Côte de Vivero (2.ª categoria): 4,2 quilómetros de extensão – 7,3% de inclinação média – 361 metros de altitude.

– 5.ª etapa:

Col de Soudet (categoria especial): 15,2 km – 7,2 %. – 1.540 m.

Col de Marie Blanque (1.ª categoria): 7,7 km – 8,6 % – 1.035 m.

– 6.ª etapa:

Col d’Aspin (1.ª categoria): 12 km – 6,5% – 1.490 m.

Col du Tourmalet (categoria especial): 17,1 km – 7,3% – 2.115 m.

Cauterets-Cambasque (1.ª categoria): 16 km – 5,4% – 1.355 m.

– 9.ª etapa:

Puy de Dome (categoria especial): 13,3 km – 7,7% – 1.415 m.

– 10.ª etapa:

Col de la Croix Saint-Robert (2.ª categoria): 6 km – 6,3% – 1.451 m.

– 12.ª etapa:

Col de la Croix Montmain (2.ª categoria): 5,5 km – 6,1% – 737 m.

Col de la Croix Rosier (2.ª categoria): 5,3 km – 7,6% – 717 m.

– 13.ª etapa:

Grand Colombier (categoria especial): 17,4 km – 7,1% – 1.501 m.

– 14.ª etapa:

Col de Cou (1.ª categoria): 7 km – 7,4% – 1.116 m.

Col du Feu (1.ª categoria): 5,8 km – 7,8% – 1.117 m.

Col de la Ramaz (1.ª categoria): 13,9 km – 7,1% – 1.619 m.

Col de Joux Plane (categoria especial): 11,6 km – 8,5% – 1.691 m.

– 15.ª etapa:

Col de la Forclaz de Montmin (1.ª categoria): 7,2 km – 7,3% – 1.157 m.

Col de la Croix Fry (1.ª categoria): 11,3 km – 7% – 1.477 m.

Côte des Amerands (2.ª categoria): 2,7 km – 10,9% – 888 m.

Saint-Gervais Mont-Blanc (1.ª categoria): 7 km – 7,7% – 1.372 m.

– 16.ª etapa:

Côte de Domancy (2.ª categoria): 2,5 km – 9,4% – 974 m.

– 17.ª etapa:

Col des Saisies (1.ª categoria): 13,5 km – 5,1% – 1.650 m.

Cormet de Roselend (1.ª categoria): 19,9 km – 6% – 1.968 m.

Côte de Longefoy (2.ª categoria): 6,6 km – 7,5% – 1.174 m.

Col de la Loze (categoria especial): 28,1 km – 6% – 2.304 m.

– 20.ª etapa:

Ballon d’Alsace (2.ª categoria): 11,5 km – 5,2% – 1.173 m.

Col de la Croix des Moinats (2.ª categoria): 5,2 km – 7% – 891 m.

Col de Grosse Pierre (2.ª categoria): 3,2 km – 8% – 944 m.

Petit Ballon (1.ª categoria): 9,3 km – 7,8 % – 1.163 m.

Col du Platzerwasel (1.ª categoria): 7,1 km – 8,4 % – 1.193 m.

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