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Tadej Pogacar demonstrou hoje que as notícias sobre a sua derrota no Tour de France foram manifestamente precipitadas, ao vencer a sexta etapa diante de Jonas Vingegaard, o campeão que reencontrou a amarela.

O génio de Pogacar derrotou a tática perfeita da Jumbo-Visma
© A.S.O. / Charly Lopez

A Jumbo-Visma desenhou a tática perfeita para o segundo dia nos Pirenéus, mas menosprezou o único elemento que não podia controlar: o génio de Tadej Pogacar. O esloveno de 24 anos respondeu a todos os ataques de Vingegaard, antes de ‘vingar-se’ do dinamarquês com uma arrancada fulgurante, a 2,7 quilómetros do alto de Cauterets-Cambasque, que lhe valeu a 10.ª vitória em etapas no Tour – é o quarto ciclista mais jovem de sempre a atingir esta marca –, conseguida em 03:54.27 horas, e uma redução do tempo de desvantagem para o novo camisola amarela.

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“Sinto-me um pouco aliviado”, confessou ‘Pogi’, que hoje ganhou 24 segundos na meta ao campeão em título, e está já apenas a 25 do seu arquirrival, para quem, na véspera, tinha perdido mais de um minuto.

Tadej Pogacar vence sexta etapa do Tour mas é Jonas Vingegaard o novo camisola amarela
© A.S.O. / Pauline Ballet

Numa jornada em que o português Ruben Guerreiro (Movistar), foi quarto, atrás de um dos seus companheiros de fuga, o norueguês Tobias Johannessen (Uno-X) – terceiro a 01.22 minutos do vencedor -, os dois grandes (únicos?) favoritos à vitória final na 110.ª edição assumiram, finalmente, os ‘seus’ lugares na geral, com o australiano Jai Hindley (BORA-hansgrohe) a perder mais de dois minutos para ambos e a descer a terceiro, a 01.34.

O Aspin e o Tourmalet, os dois nomes ‘maiores’ de uma edição montanhosa mas desprovida de subidas emblemáticas, não assustaram os ‘caça-etapas’ e nas primeiras pedaladas dos 144,9 quilómetros entre Tarbes e Cauterets-Cambasque já um numeroso grupo se destacava do pelotão, por iniciativa dos inesgotáveis Wout van Aert (Jumbo-Visma) e Julian Alaphilippe (Soudal-Quick Step), em fuga pelo segundo dia consecutivo.

O génio de Pogacar derrotou a tática perfeita da Jumbo-Visma
© A.S.O. / Charly Lopez

A eles se juntou outro dos ciclistas mais espetaculares do pelotão, Mathieu van der Poel (Alpecin-Deceuninck), num grupo de 15 que foi perseguido por mais cinco corredores, entre os quais o aniversariante do dia, Ruben Guerreiro.

Os dois grupos fundiram-se ao quilómetro 20, numa altura em que o pelotão, comandado pela BORA-hansgrohe do camisola amarela Jai Hindley, já estava a quase três minutos – a vantagem dos fugitivos chegaria a rondar os cinco enquanto a formação alemã esteve na frente.

O Aspin fez a primeira seleção entre os escapados e o Tourmalet trouxe a Jumbo-Visma para a dianteira do também fracionado pelotão, ao mesmo tempo que Van Aert acelerava o ritmo na frente, numa jogada estudada para beneficiar Vingegaard.

Tadej Pogacar vence sexta etapa do Tour mas é Jonas Vingegaard o novo camisola amarela
© A.S.O. / Charly Lopez

Nos 17,1 quilómetros da ascensão ao Tourmalet, o duplo trabalho da equipa neerlandesa estilhaçou a corrida: o grupo dos fugitivos ficou reduzido a oito, com Guerreiro entre eles, e, lá atrás, Hindley foi um dos muitos a descolar, incapaz de aguentar a ‘passada’ do extraordinário Sepp Kuss, definitivamente o gregário do ano.

Só Tadej Pogacar conseguiu manter-se na roda no duo da Jumbo-Visma, que ainda tinha uma surpresa reservada para o Tourmalet: a mais de 50 quilómetros da meta, Vingegaard, talvez apostado em explorar as debilidades demonstradas na quarta-feira pelo seu arquirrival e ganhar já hoje a Volta a França, atacou, mas, desta vez, o esloveno da UAE Emirates não fraquejou.

No alto da emblemática montanha, de categoria especial, onde ‘WVA’ parou para esperar pelo seu líder, o português da Movistar tentou passar na frente, para vestir a camisola às bolas vermelhas, mas ainda não seria hoje que o vencedor da classificação da montanha do Giro2020 lá chegaria.

Ultrapassado o Tourmalet, Vingegaard apressou-se na descida para colar a Van Aert, sempre com ‘Pogi’, bem mais cauteloso do que o habitual – a recente fratura no pulso esquerdo não deverá ser alheia à maior prudência do esloveno – a segui-lo, com os três a alcançarem os cinco resistentes da fuga a pouco mais de 27 quilómetros da meta.

No sopé de Cauterets-Cambasque, o destronado camisola amarela Hindley já tinha um atraso de três minutos num grupo em que o outro antigo vencedor do Tour em prova, o colombiano Egan Bernal (INEOS), campeão em 2019, assumiu a função de trabalhador para tentar encurtar distâncias para a frente.

Quando o incrível Van Aert ‘estourou’, ao ponto de parar na estrada, o campeão em título voltou a testar Pogacar, que permaneceu impassível, mas a iniciativa do dinamarquês condenou definitivamente o sonho de Guerreiro de vencer a tirada – foi quarto, a 02.06, e subiu a 30.º da geral, a 20.03 do primeiro.

Demonstrando que apreendeu com os erros do ano passado, quando respondeu a ataques desnecessários e atacou imprudentemente, apenas para exibir a sua superioridade, o bicampeão do Tour (2020 e 2021) foi hoje paciente e soube esperar pelo momento certo para deixar para trás Vingegaard, que será hoje, certamente, um camisola amarela apreensivo.

Bem longe destes dois, os outros candidatos ao pódio foram cortando a meta a conta-gotas, com o espanhol Carlos Rodríguez (INEOS) e o britânico Simon Yates (Jayco AlUla), sétimo e oitavo, e, tal como Hindley, também a 02.39 de Pogacar, a merecerem nota positiva, enquanto o australiano Ben O’Connor (AG2R Citroën) e o espanhol Mikel Landa (Bahrain Victorious) continuam a desiludir, tendo hoje cedido mais 03.41.

Nelson Oliveira chegou na 79.ª posição, a 23.22, e é 73.º na geral, a 56.19 de Vingegaard, enquanto Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) está já a mais de uma hora do camisola amarela, depois de hoje ter sido 91.º, a 27.52.

Na sexta-feira, o pelotão afasta-se dos Pirenéus e os sprinters voltam a ter uma oportunidade na 110.ª Volta a França, nos 169,9 quilómetros entre Mont-de-Marsan e Bordéus.

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