Jasper Philipsen ganhou hoje duas vezes a terceira etapa do Tour de France, ao ser o primeiro a cruzar a meta em Bayonne, e, depois, ao ser poupado à desclassificação por ter ‘encostado’ Wout van Aert.
Foi preciso esperar mais de 20 minutos para que o ciclista belga da Alpecin-Deceuninck visse confirmado o seu terceiro triunfo em etapas no Tour, uma vitória que teve o ‘contributo’ do colégio de comissários, que decidiu não penalizar Philipsen pelo visível ‘encosto’ que deu ao seu compatriota da Jumbo-Visma no sprint final.
“[A vitória] Esteve um bocado na dúvida, eles [colégio de comissários] tornaram-na verdadeiramente entusiasmante no final”, descreveu o também vencedor da última etapa da passada edição, em plenos Campos Elísios.
Antes, o belga, que cruzou a meta em Bayonne, no final dos 193,5 quilómetros de transição entre o País Basco espanhol e França, à frente de o alemão Phil Bauhaus (Bahrain Victorious), segundo, e do australiano Caleb Ewan (Lotto Dstny), terceiro, após 04:43.15 horas a pedalar, tinha passado longos minutos à espera para saber se o triunfo na etapa seria efetivamente seu, chegando mesmo a abandonar a zona de entrevistas rápidas para se ‘refugiar’ no camião do pódio.
“[O sprint] foi tenso, mas é a Volta a França e não há presentes para ninguém, pelo que penso que todos damos tudo”, justificou Philipsen, após uma tirada em que o britânico Adam Yates (UAE Emirates) manteve os seis segundos de vantagem para o seu colega de equipa esloveno Tadej Pogacar e para o seu irmão gémeo Simon (Jayco-AlUla), respetivamente segundo e terceiro na geral.
A terceira etapa marcou a despedida do Tour do País Basco Espanhol e o público, como nos dois dias anteriores, não faltou à chamada, aparecendo em massa para testemunhar a fuga de Neilson Powless (EF Education-EasyPost) e do francês Laurent Pichon (Arkéa-Samsic) nos metros iniciais dos 193,5 quilómetros entre Amorebieta-Etxano (Espanha) e Bayonne.
O impulsivo norte-americano lançou-se na perseguição dos pontos distribuídos pelas quatro contagens de montanha da jornada, festejando cada conquista na defesa da sua camisola às bolas vermelhas como se de uma vitória em etapa se tratasse.
Com a Soudal-Quick Step a comandar a perseguição – uma missão na qual foi auxiliada pelos ciclistas da Jayco-AlUla e da Alpecin-Deceuninck -, os dois fugitivos nunca tiveram uma vantagem superior a quatro minutos.
Enquanto Powless e Pichon insistiam em fugir ao pelotão, lá atrás o camisola verde Victor Lafay, o francês que no domingo deu a primeira vitória à Cofidis em 15 anos, saía do grupo contra as indicações da sua equipa para amealhar mais pontos no sprint intermédio do dia, de modo a consolidar a liderança na regularidade.
A tranquilidade da transição entre Espanha e França só foi interrompida por um episódio que tem tanto de perigoso como de inexplicável: tal como na véspera, alguém se entreteve a espalhar pioneses nas estradas do Tour, o que obrigou, entre outros, o português Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) a trocar uma roda.
Nessa altura, já Pichon, de 36 anos, seguia sozinho, após o corredor da EF Education-EasyPost, que passou na frente em todas as contagens de montanha do dia, ter ‘parado’ a marcha, a mais de 80 quilómetros da chegada, para poupar forças para os próximos dias, cumprimentando mesmo o seu companheiro de jornada na ‘despedida’.
O francês da Arkéa-Samsic persistiu, mas acabou ‘absorvido’ já dentro dos 40 quilómetros finais, altura em que as equipas dos sprinters se perfilaram para o trabalho que iria ‘desembocar’ na meta, onde Philipsen foi o melhor, apesar de ter ‘apertado’ Van Aert, que deixou de pedalar para evitar a queda.
Ansioso por ganhar uma etapa neste Tour – corre contra o ‘cronómetro’ uma vez que pode ser pai do segundo filho a qualquer momento -, ‘WVA’ foi hoje quinto, atrás do campeão europeu Fabio Jakobsen (Soudal-Quick Step), mas à frente do britânico Mark Cavendish (Astana), à procura da sua 35.ª vitória em etapas na ‘Grande Boucle’ e de um lugar na história.
A acalmia vivida hoje na 110.ª Volta a França permitiu que todos os favoritos, assim como os portugueses Nelson Oliveira e Ruben Guerreiro (Movistar), chegassem integrados no pelotão, com Rui Costa a ser o único dos representantes nacionais a perder tempo, ao ser 131.º, a 01.21 minutos do vencedor.
Os primeiros lugares da geral permaneceram imutáveis, com Pogacar ‘intrometido’ entre os gémeos Yates, enquanto Ruben Guerreiro se consolidou como melhor português, na 55.ª posição, a 12.17 do camisola amarela.
O luso da Intermarché-Circus-Wanty) é 68.º, a 16.33, com Oliveira dois postos mais abaixo, a 16.51.
Na terça-feira, os sprinters têm nova oportunidade, nos 181,8 quilómetros essencialmente planos entre Dax e Nogaro, integralmente cumpridos em território francês.