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O circuito ‘motorizado’ de Nogaro revelou-se hoje traiçoeiro para o pelotão, mas não para Jasper Philipsen, que voltou a demonstrar ser o melhor sprinter da atualidade, ao ‘bisar’ na quarta etapa do Tour de France.

Jasper Philipsen 'bisa' na quarta etapa e Adam Yates vai de amarelo para os Pirenéus
© A.S.O. / Charly Lopez

Numa tirada verdadeiramente desinteressante até aí, o belga da Alpecin-Deceuninck escapou às três quedas ocorridas já dentro do circuito final, palco de diversas provas de automóveis, para voltar a bater o australiano Caleb Ewan (Lotto Dstny) e o alemão Phil Bauhaus (Bahrain Victorious), que ‘trocaram’ de posições em relação à etapa da véspera e, hoje, foram segundo e terceiro, com as mesmas 04:25.28 horas do vencedor.

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“Ao entrar no último quilómetro, no circuito, ouvi quedas à minha volta – espero que todos estejam bem. Foi um final um pouco caótico, com as curvas… também perdi a minha equipa, mas no sprint final encontrei o Mathieu van der Poel, que fez um excelente lançamento para levar-me à vitória. […] Pensei que seria mais seguro, pela estrada larga, mas as curvas eram traiçoeiras”, notou Philipsen.

Jasper Philipsen 'bisa' na quarta etapa e Adam Yates vai de amarelo para os Pirenéus
© A.S.O. / Charly Lopez

Apesar das sucessivas quedas no asfalto de Nogaro, que apanharam, entre outros, o campeão europeu Fabio Jakobsen, foi “uma etapa muito fácil” que deu ao belga o seu segundo triunfo consecutivo e o quarto na ‘Grande Boucle’.

“Penso que toda a gente quis poupar as pernas para os Pirenéus amanhã [quarta-feira] e no dia a seguir”, admitiu o corredor da Alpecin-Deceuninck, resumindo bem o que aconteceu numa quarta tirada em que Adam Yates (UAE Emirates) manteve os seis segundos de diferença para os mais diretos perseguidores, o seu colega esloveno Tadej Pogacar, e o seu irmão gémeo Simon (Jayco AlUla), respetivamente segundo e terceiro na geral.

Os 181,8 quilómetros quase totalmente planos entre Dax e Nogaro comprometiam o êxito das fugas e, por isso, ninguém pareceu interessado em lançar-se à aventura quando o fracasso da iniciativa estava, à partida, condenado. Assim, os quilómetros da quarta etapa foram feitos em ritmo soporífero pelo pelotão – a média foi ‘apenas’ de 41,090 km/h -, visivelmente desinteressado em agitar a corrida, na véspera da primeira jornada de montanha.

Jasper Philipsen 'bisa' na quarta etapa e Adam Yates vai de amarelo para os Pirenéus
© A.S.O. / Charly Lopez

O passeio dos ciclistas por França continuou com o adormecimento geral a levar mesmo Wout van Aert (Jumbo-Visma) a dar um ‘esticão’ passados 60 quilómetros, mais para tentar despertar o pelotão (e os espetadores) do que propriamente para iniciar uma fuga.

Ultrapassado o único sprint intermédio da jornada, em Notre-Dame des Cyclistes (Nossa Senhora dos Ciclistas, em tradução livre), onde Philipsen foi o melhor, Benoît Cosnefroy (AG2R Citroën) saltou do pelotão, a 86 quilómetros da meta, com um sorriso e olhando para trás, um sinal encarado por Anthony Delaplace (Arkéa-Samsic) como um convite.

Finalmente, os dois franceses formaram a fuga do dia, ganhando rapidamente uma vantagem de um minuto para o grupo, comandado pela Soudal Quick-Step de Jakobsen, uma diferença que não passou disso mesmo – foram alcançados a 25 quilómetros da chegada.

A entrada no circuito de Nogaro foi ‘nervosa’, com a Jumbo-Visma a tentar colocar o campeão em título Jonas Vingegaard na dianteira, entre o comboio dos sprinters, de modo a evitar sustos, que acabaram mesmo por acontecer, com Jakobsen a cair, antes de outras duas quedas ‘apanharem’ os homens velozes.

No meio do caos, Van der Poel, até agora ‘reduzido’ ao papel de lançador de Philipsen, encontrou o belga e ‘entregou-o’ no momento certo, para que o seu companheiro de quarto pudesse voltar a erguer os braços.

Jasper Philipsen 'bisa' na quarta etapa e Adam Yates vai de amarelo para os Pirenéus
© A.S.O. / Pauline Ballet

“Posso dizer-vos que um circuito não é mais seguro do que a estrada”, brincou o neerlandês, muito ‘apagado’ nesta 110.ª edição, mas dedicado à missão de ser “o último homem” do novo camisola verde antes do sprint final.

Apesar de o pelotão ter chegado visivelmente fracionado à meta, a organização creditou quase todos com o mesmo tempo, incluindo os portugueses Ruben Guerreiro e Nelson Oliveira (Movistar), com Adam Yates a enfrentar a primeira etapa de montanha de amarelo e Pogacar e o seu gémeo a meros seis segundos, com Vingegaard a 17, na sexta posição.

Guerreiro é agora 50.º, a 12.17, enquanto Oliveira é 65.º, a 16.51. Rui Costa (Intermarché-Circus-Wanty) perdeu 02.12 minutos e desceu à 76.ª posição da geral, a 18.45 do camisola amarela.

Na quarta-feira, os Pirenéus aparecem no percurso da 110.ª edição, com a quinta etapa a ligar Pau e Laruns em 162,7 quilómetros, que incluem uma contagem de montanha de categoria especial e outra de primeira, a menos de 20 quilómetros da meta.

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