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A surpresa chama-se David Appollonio, tem 30 anos e foi o vencedor, em Leiria, da primeira etapa da 81ª Volta a Portugal Santander.

1a Etapa 174,7km 1/08, Miranda do Corvo – Leiria durante a 81ª Volta a Portugal Santander 2019, Photo PODIUM / Paulo maria

Pouco antes da chegada, já nos últimos três quilómetros, uma queda baralhou as contas dos principais candidatos ao triunfo que há muito vinham a preparar o assalto final, depois de 174 quilómetros a pedalar desde Miranda do Corvo.

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Com uma pedalada vigorosa num terreno com alguma inclinação e numa longa reta, o homem da Amore & Vita começou a embalar e a passar os adversários ficando ligeiramente à frente e até com margem para festejar efusivamente a vitória. Daniel Mestre (W52-FC Porto) foi segundo e Mateo MaluceFlli (Caja Rural) o terceiro.

1a Etapa 174,7km 1/08, Miranda do Corvo – Leiria durante a 81ª Volta a Portugal Santander 2019, Photo PODIUM / Paulo maria

As contas da etapa não alteraram as primeiras posições da classificação geral e a Camisola Amarela Santander manteve-se com Samuel Caldeira (W52-FC Porto) que continua empatado com o suíço Gian Friesecke (Swiss Academy) e com Gustavo Veloso.

1a Etapa 174,7km 1/08, Miranda do Corvo – Leiria durante a 81ª Volta a Portugal Santander 2019, Photo PODIUM / Paulo maria

Os três têm um segundo de vantagem sobre o francês Thibault Guernalec (Team Arkea) que lidera o Prémio da Juventude, Camisola Branca Jogos Santa Casa.

Miranda do Corvo estreou-se na Volta

A partida desta etapa aconteceu na engalanada e estreante vila de Miranda do Corvo que abriu, pela primeira vez, os braços aos heróis da Volta. A curiosidade saiu à rua para ver o garrido das camisolas. “Olha a amarela”! Samuel Caldeira, bem-disposto, distribuiu apertos de mão e tirou fotografias com todos. Mesmo os adversários (que no ciclismo são amigos) cumprimentaram o comandante da classificação que na véspera foi o melhor a contornar as rotundas de Viseu.

Partiram de Miranda do Corvo 130 homens com a certeza que a Serra da Lousã traria as primeiras dificuldades. Ainda o pelotão estava a acordar e já se via a trepar para a primeira das 33 montanhas deste ano. O basco Peio Goikoetxea (Equipo Euskadi), um dos quatro fugitivos que encabeçavam a corrida, meteu-se a jeito e tratou de ser o líder nessa contagem de primeira categoria, com quase 40 quilómetros de prova.

Imaginam que o quarteto levava 12 minutos de vantagem nesse momento? Nada que atemorizasse o pelotão que foi…cantando e rindo e, claro, diminuindo a diferença para os quatro, mas enquanto isso não aconteceu Goikoetxea, já com o gosto da montanha, garantiu que ganhava outras contagens para chegar a Leiria e ir direto ao pódio vestir a Camisola Azul Liberty Seguros.

Depois de tantos quilómetros em fuga – quase a etapa toda – o quarteto começou a desfazer-se e, a faltarem menos de dez quilómetros para o fim, lá entregou a decisão da etapa ao comboio que avançou para a meta de Leiria onde deixou os candidatos ao sprint.

Declarações após a primeira etapa da 81.ª Volta a Portugal:

David Appollonio (vencedor da etapa e líder da classificação por pontos): “Estou muito feliz e é muito estranho. Quatro anos [de suspensão por doping] foi tão longo. Hoje, queria só desfrutar da corrida e ia ver o que ia acontecer.

Sofri grande parte do dia e no último quilómetro disse a mim mesmo para ‘sprintar’ sem pensar no resultado. Foi ótimo vencer, sobretudo pela família e pelos meus amigos.

É muito estranho. Não estou emocionado com a vitória, mas porque depois de quatro anos há coisas mais importantes na vida. Hoje, foi só uma corrida de bicicleta”.

Samuel Caldeira (líder da classificação geral): “Foi uma queda provocada pelas baias, mas são circunstâncias que acontecem quando os ciclistas querem aproveitar demais a estrada.

1a Etapa 174,7km 1/08, Miranda do Corvo – Leiria durante a 81ª Volta a Portugal Santander 2019, Photo PODIUM / Paulo maria

É mais um dia de amarelo, é ir saboreando dia a dia e aproveitar os objetivos da equipa.

[Sobre a vantagem da fuga] Outras equipas tinham mais interesse numa chegada em pelotão compacto. Se perdêssemos a amarela, não era um objetivo perdido. Nesta Volta há equipas com outros objetivos, e acreditávamos que alguém pegasse na corrida.

[Amanhã] É uma etapa um bocadinho diferente de hoje, que pode provocar algumas surpresas”.

Daniel Mestre (segundo classificado e melhor português na etapa): “A equipa fez um trabalho excelente. Vinha no sítio certo, mas o adversário foi mais forte do que eu. Tenho de dar os parabéns e erguer a cabeça para voltar a tentar a vitória.

[Boas sensações?] Claro que sim. Ajudei a equipa na primeira metade da etapa, chegar aqui e conseguir ainda vir ‘sprintar’ é um indicador de boas condições”.

Matteo Malucelli (terceiro classificado na etapa): “Sabíamos que o final seria duro, e hoje a primeira metade da etapa foi um problema para o corpo. No final, faltou-me um pouco as pernas. Vamos dia a dia e tentar até à última ganhar uma etapa.

Chego à Volta com uma condição muito boa, com três semanas em altura. Estou cá para ganhar e até lá não serei feliz. Terceiro é um bom resultado, mas vim para ganhar”.

Gustavo Veloso (25.º na etapa e terceiro da geral): “Fizemos o que tínhamos de fazer. Saiu a fuga, deixámos ganhar tempo e as equipas que querem disputar o ‘sprint’ sabem que não têm muitas oportunidades. Só tinham hoje e o dia de Castelo Branco, sabíamos que alguém ia pegar na corrida.

No final, as equipas interessadas fizeram-no e na parte final foi um salve-se quem puder. O primeiro dia tem toda a gente em força, a tentar estar bem, e quase tivemos duas chegadas, uma para entrar na rotunda antes da reta, e outra para ganhar.

Tivemos o azar do Samuel [Caldeira] ter estado envolvido numa queda, porque o trabalho foi bem feito. Mas estas coisas acontecem e é importante ele estar bem. Etapas há muitas”.

Óscar Sevilla (14.º da geral): “Estou um pouco preocupado, tenho um joelho inflamado. Estou triste, porque cair é sempre mau. Espero que não seja grave e possa continuar a disputar a Volta como queria.

Tenho uma costela e um dedo que me doem muito e espero continuar”.

Peio Goikoetxea (líder da classificação da montanha): “Quero segurar a camisola até à Torre, pelo menos. É um objetivo que não é real tentar ganhar a classificação, mas quero segurá-la o mais possível.

É importante para a equipa mostrar-se e ser combativo em todas as fugas”.

Etapa mais longa vai terminar em Loures

Esta sexta-feira, com o primeiro fim de semana de agosto à porta, acontece a maior distância da Volta 2019. São 198,5 km com início na Marinha Grande que, após 29 anos, regressa à Volta.

O final da “maratona” vai ser empinado em Santo António dos Cavaleiros, freguesia do município de Loures, às portas da capital. É mais uma das estreias deste ano. Fica também esta curiosidade: Desde 1983 que a caravana da Volta a Portugal não parava em Loures.

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