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O ciclismo feminino é cada vez mais popular, como tal impõe-se um maior conhecimento acerca da competição, tanto a nível internacional, como nacional.

Este ano, a UCI insere algumas alterações na competição, com vista a melhorá-la nos próximos anos e a equipara-la, o mais possível com a vertente masculina, vamos então conhecer um pouco melhor esta vertente de ciclismo de estrada.

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ALTERAÇÕES A PARTIR DE 2020 E ESTRUTURA DA COMPETIÇÃO

Na competição masculina, as equipas inserem-se em três divisões, são elas UCI World Tour, a divisão máxima, Profissional Continental (em 2020 designada por UCI Proteam) e Continental, onde se vão inserir, em 2020, as equipas portuguesas).

Neste capítulo, para 2020 e para as próximas três épocas, a UCI introduziu no ciclismo feminino algumas alterações.

A primeira alteração prende-se com a divisão principal do pelotão feminino em dois – UCI Worldteams e UCI Women’s Continental Teams, para além de um sistema de pontuação, a atribuir às primeiras quatro ciclistas de cada equipa, que formará um ranking e que determinará as 15 equipas que receberão convites automáticos para as corridas World Tour, sendo os restantes lugares disponíveis, atribuídos por wildcards.

Comparando o futuro com o presente e tentando perceber estas alterações, verificamos que em 2019, existiam 46 equipas então designadas de UCI Women’s Teams, em competição e independentemente dos resultados e das corridas em que participavam, era evidente uma disparidade muito significativa em relação aos pagamentos e benefícios concedidos pelas equipas ás atletas.

A partir da temporada de 2020 e pela primeira vez no ciclismo feminino, será introduzido ao nível WorldTeam, um valor de salário mínimo de referência, com o objetivo de, em 2023, o valor mínimo ter de ser igual ao dos atletas masculinos que competem nas equipas profissionais continentais. As equipas candidatas a esta categoria avaliadas também “com base em critérios desportivos, éticos, financeiros e administrativos”, de acordo com a UCI.

São novidades nas regras de acesso a este patamar, pagamento de dias de férias, subsidio de doença, subsidio de maternidade e a colocação de limite de dias de corrida.

O calendário de competição foi também revisto tendo sido apresentadas quatro divisões distintas, sendo a primeira a UCI Women’s WorldTour, com um máximo de 23 eventos por temporada, seguida da UCI ProSeries, com cerca de 20 a 30 eventos, corridas de Classe 1 e Classe 2, com mais de 25, 30 eventos por época.

EQUIPAS:

Com uma expectativa inicial, em 2020, de qualificar cinco equipas a UCI WorldTeam, a entidade reguladora do ciclismo mundial manifestou alguma surpresa por ter, no inicio de Outubro, 8 aplicações a este nível. Estas equipas terão que ter obrigatoriamente entre 9 e 16 ciclistas em 2020 e 2021 e entre 10 a 20 ciclistas em 2022.

Haverá no máximo 15 equipas a atribuir a licença UCI Women’s WorldTour em 2022, as licenças a partir desta altura terão validade de 2 anos. A partir de 2024, a validade das licenças vão depender da posição das equipas no ranking, ou seja: 4 anos para equipas do 1º ao 5º lugar do ranking, 3 anos, do 6º ao 10º lugar e 2 anos, do 11º ao 15º lugar e equipas recém promovidas.

Equipas candidatas à categoria de Women’s WorldTour em 2020:

  • ALE – BTC LJUBLJANA
  • CANYON / /SRAM RACING
  • CCC – LIV
  • FDJ NOUVELLE – AQUITAINE FUTUROSCOPE
  • MITCHELTON SCOTT
  • MOVISTAR TEAM WOMEN
  • TEAM SUNWEB
  • TREK – SEGAFREDO

São ausências de peso nesta lista, a BOELS DOLMANS – a atual número um do mundo e equipa com quatro títulos consecutivos de Campeão do Mundo feminino – enviou uma inscrição, mas a mesma foi recusada.

Os candidatos devem poder oferecer uma garantia de quatro anos – no entanto, os patrocinadores da equipa, Boels Rental e Dolmans, anunciaram pela altura dos Campeonatos Mundiais, que encerrariam o patrocínio da equipe após a temporada 2020.

Outras notáveis ausências são:

PARKHOTEL VALKENBURG, equipa da “sprinter” Lorena Wiebes
ViIRTU CYCLING, equipa Campeã do Mundo (2007), Campeã da Europa (2018) e do Tour of Flanders (2019), Marta Bastianelli
WNT-ROTOR, equipe da “locomotiva” holandesa Kristen Wild e da trepadora alemã Clara Koppenburg; e BIGLA PRO CYCLING, equipa da carismática dinamarquesa Cecilie Uttrup-Ludwig.

É de esperar que algumas ciclistas de nome mais sonante possam deixar estas equipas, que não serão World Tour e rumem as que conquistarem esta importante licença.

As decisões sobre a atribuição das licenças são da responsabilidade exclusiva da Comissão de Licenças da UCI e serão anunciadas, o mais tardar, no próximo dia 19 de dezembro.

CICLISMO FEMININO EM PORTUGAL

A realidade do ciclismo feminino em Portugal está muito longe dos níveis mencionados, as equipas portuguesas são na sua totalidade amadoras e as nossas ciclistas têm o estudo ou o trabalho como atividades, para além do ciclismo.

Ainda assim temos duas atletas a competir nos escalões mais elevados da modalidade a nível mundial, são os casos da Daniela Reis, atual campeã Nacional de Fundo e Contrarrelógio, que este ano representará a equipa belga CICLOTEL e a Maria Martins que esta época representará a equipa britânica DROPS.

Há duas equipas exclusivamente femininas em Portugal, ambas algarvias, a Juventude Sport Campinense – Velo Performance, sediada em Loulé e a equipa 5Quinas/Município de Albufeira/CDASJ, Albufeira.

A Juventude Sport Campinense – Velo Performance é uma equipa formada exclusivamente por ciclistas amadoras, mas compete em algumas provas UCI quando recebe os Wild Card. Tem o objetivo de formar e ensinar as suas atletas para que possam vir a ser ciclistas profissionais.

Na época de 2019, duas atletas da equipa foram convidadas para equipas profissionais: A Jo Tindley para a CAMS – Tifosi, e a Elizabeth Bennett teve uma oferta de um contrato de 2 anos com a DROPS (a mesma equipa que a Maria Martins, conhecida também como Tata, irá competir em 2020).

A longo prazo, os objetivos são candidatar a equipa ao nível de equipa UCI, talvez já em 2021, dependendo dos patrocinadores que se queiram juntar ao projeto ao longo da época de 2020.

A nível de calendário, em 2020 vão participar nas provas do Calendário Nacional e também competir na Taça de Inglaterra, Volta á Irlanda e Tour Series. Aguardam ainda confirmação de algumas corridas na França e Bélgica.

Para a época de 2020, contam com as seguintes atletas:

Abi Smith, Abbie Manley, Amy Gornall, Charlie Berry, Cristina Azevedo, Daniela Campos, Ellie Mackman, Emma Edwards, Fiona Hunter Johnston, Flo Tomas, Lucy O’Donnell e Soraia Silva.

O diretor desportivo da equipa é o ex-ciclista Iúri Jorge que acedeu prontamente a partilhar connosco todas as informações acerca do projeto.

A outra equipa feminina algarvia, 5Quinas/Município de Albufeira/CDASJ (Clube Desportivo Areias de São João), Albufeira, surgiu como uma ideia entre atletas de ciclismo feminino com mais ou menos experiência mas todas com um denominador em comum: a paixão pelo ciclismo!

O objetivo principal era dinamizar o ciclismo feminino dando a merecida visibilidade a atletas e patrocinadores.

A equipa conta com as seguintes atletas: Celina Carpinteiro, Irina Coelho, Rita Reias, Francielle Crestan, Liliana Jesus, Vanessa Pereira, Sandra dos Santos , Orieta Oliveira, Lisa Torpe, Ana Gaspar, Andreia Freitas, Inês Raimundo, Louise Dias, Raquel Marques, Raquel Silva e Rafaela Guia, Iris Chagas.

Em outras equipas, a competição feminina funciona muito numa lógica de mistura de competição de estrada, com XCM e XCO.

Equipas como a EFAPEL – Escola Ovar, Maiatos, C E Gonçalves/Azeitonense, Quinta das Arcas / Jetclass / Xarão, BTT Matosinhos, KORPO ACTIVO BTT/UDL-UNIÃO DESP.LORVANENSE e atletas como Jenyffer Barragan, Marta Branco, Liliana Jesus, Raquel Queirós, Hanna Sousa e Melissa Maia e as ciclistas que compõem os respetivos planteis, aparecem frequentemente nos primeiros lugares das principais competições.

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