Principais figuras da Volta a Portugal em bicicleta, cuja 82.ª edição se disputa entre quarta-feira e 15 de agosto, num total de 1568,6 quilómetros, de Lisboa a Viseu:
Amaro Antunes, Por (W52-FC Porto, Por): De perfil ambicioso, o algarvio, que nasceu para ser uma estrela, consumou no ano passado, na edição especial, aquela que era a sua aspiração máxima: a de sagrar-se vencedor da Volta a Portugal.
Após dois anos lá fora, na CCC, e de ter participado na Volta a Itália de 2019, em que chegou a figurar entre o ‘top 10’ da geral, o ciclista de 30 anos regressou em 2020 à casa mãe, a W52-FC Porto, para recordar os tempos áureos de 2017, quando foi segundo na Volta a Portugal e venceu a classificação da montanha – deverá até ser promovido a campeão, quando a Federação Portuguesa de Ciclismo homologar a nova classificação, resultante da desclassificação por doping de Raúl Alarcón.
Trepador com créditos confirmados, como atesta o triunfo no alto da Senhora da Graça no ano passado, o vencedor do Tour de Malopolska (2018) ou do Troféu Joaquim Agostinho (2017), que este ano já foi 11.º na Volta ao Algarve, é o grande candidato ao triunfo na 82.ª edição, sendo difícil imaginá-lo a ‘abdicar’ de lutar pela revalidação do título em favor de um dos seus companheiros de equipa.
Joni Brandão, Por (W52-FC Porto, Por): Durante anos, o ciclista de Travanca foi o mais sério rival da W52-FC Porto, que, esta temporada, na mais surpreendente transferência no pelotão nacional, contratou à Efapel o único homem que esteve perto de interromper a sua supremacia, na edição de 2019, que Brandão perdeu para João Rodrigues no contrarrelógio final, depois de vestir a amarela durante três dias.
Aos 31 anos, o corredor português mais consistente das últimas edições diz estar nos ‘dragões’ para trabalhar e não para ser líder, mas, depois de três segundos lugares na Volta (2019, 2018 e 2015) – o de 2018 até pode ser primeiro, quando for confirmada a desclassificação de Alarcón -, e dois quartos (2020 e 2014), o seu nome aparece inevitavelmente entre os candidatos à vitória final.
Brandão, que no ano passado estreou o seu palmarés na prova rainha do calendário nacional ao vencer na Torre, parece ter-se adaptado bem à W52-FC Porto, apesar do seu feitio ‘especial’, que lhe tem valido mais inimigos do que amigos no pelotão, e esta temporada até contribuiu para o triunfo de Rodrigues na Volta ao Algarve, terminando no nono lugar da geral, um resultado de destaque a que juntou a conquista da Clássica Aldeias do Xisto.
João Rodrigues, Por (W52-FC Porto, Por): Um mau arranque na edição especial da Volta a Portugal hipotecou as pretensões do campeão em título na geral, mas o ciclista de Faz Fato (Tavira) foi, a dado momento, o melhor de todo o pelotão, sendo o maior ‘obreiro’ da vitória de Antunes, ao ‘destroçar’ o pelotão, nomeadamente na subida à Torre.
Convertido em gregário de luxo, conseguiu, ainda assim, terminar a prova na sétima posição, com a sua dedicação e sacrifício em nome da equipa a serem recompensados já este ano, quando a W52-FC Porto o escudou de forma magistral para torná-lo o primeiro português em 15 anos (e o primeiro algarvio de sempre) a vencer a Volta ao Algarve.
Aos 26 anos, Rodrigues é já um dos ciclistas mais ‘sólidos’ do panorama nacional, quer por ter feito o pleno nas ‘grandes’ Voltas portuguesas (além da Volta a Portugal de 2019, venceu no Alentejo nesse mesmo ano), quer por ter demonstrado que sabe ganhar a subir ou no contrarrelógio, como aconteceu na sua vitória na prova rainha do calendário, quando triunfou na Torre e também no ‘crono’ final.
Gustavo Veloso, Esp (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, Por): Aos 41 anos, o galego é um exemplo de vitalidade no pelotão nacional, tendo mesmo sido segundo classificado na edição especial, depois de ter ascendido uma posição ao vencer o contrarrelógio final e de ter vestido a primeira amarela.
Preterido nas preferências da W52-FC Porto desde há várias edições, nas quais trabalhou sozinho para conquistar classificações de relevo, mudou-se para o Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, onde contará com o apoio do seu fiel amigo Alejandro Marque, vencedor em 2013, e de uma equipa concentrada nele, podendo ainda fazer valer o conhecimento ‘íntimo’ que tem dos seus adversários e dos pontos fulcrais da prova, além da experiência de quem está prestes a despedir-se do pelotão.
Embora a vitória lhe fuja desde 2015, ano em que revalidou o título, Veloso é sempre um nome a ter em conta, ou não tivesse ainda no seu palmarés mais dois segundos lugares na prova rainha do calendário nacional (em 2016 e 2013) e um terceiro (2019), sempre atrás de colegas de equipa, e 12 etapas.
Frederico Figueiredo, Por (Efapel, Por): A vitória no Troféu Joaquim Agostinho da época transata foi o ‘clique’ que faltava para o ciclista de 30 anos acreditar no seu potencial, espelhado em prestações combativas, ataques corajosos e lugares de destaque em provas aqui e do outro lado da fronteira, e chegar ao pódio na Volta a Portugal.
Depois de anos de azares, ‘Fred’ subiu ao terceiro lugar do pódio na edição especial e a prestação abriu-lhe as portas da Efapel, que confiou no trepador para ser um dos seus líderes durante a temporada e também nesta Volta a Portugal.
Embora seja António Carvalho o principal chefe de fila da formação, não se pode excluir Figueiredo da lista de candidatos, seja porque acabou de conquistar novamente o Troféu Joaquim Agostinho, seja porque, efetivamente, sabe o que é acabar entre os três primeiros da prova rainha do calendário nacional.
António Carvalho, Por (Efapel, Por): Há muito que o corredor de São Paio de Oleiros aspira ao pódio da Volta a Portugal, uma pretensão evidente até quando era um gregário (dos bons) na W52-FC Porto, mas só este ano a Efapel apostou nele para lutar pela vitória na prova.
Um ano depois de ter sido sexto classificado, numa edição especial em que deveria ter servido de apoio ao líder Joni Brandão – a tensão entre ambos era demasiado evidente -, Carvalho tem finalmente a sua oportunidade para melhorar os lugares de destaque que tem somado na corrida, em que foi quarto (2019) e outras duas vezes sexto (2017 e 2015).
Vencedor da classificação da montanha em 2014, triunfou em Setúbal no ano passado e na Senhora da Graça na época anterior, sendo também um fortíssimo contrarrelogista, uma faceta nem sempre devidamente valorizada pelos adversários e que poderá ajudá-lo a surpreender.
Vicente García de Mateos, Esp (Antarte-Feirense, Por): O percurso do espanhol na prova tem sido atribulado nos últimos anos, mas, apesar do modesto 12.º lugar na edição especial e de uma desistência no ano anterior, García de Mateos é sempre um homem a ter em conta na luta pela geral.
Seis etapas conquistadas e dois terceiros lugares consecutivos na geral final (em 2017 e 2018, ainda pendentes de uma eventual ‘promoção’ dada a desclassificação de Alarcón) convenceram a Antarte-Feirense a contratar este especialista da pista convertido em ‘todo-o-terreno’ para liderar a equipa na 82.ª edição.
Depois de dar nas vistas em 2014 ao ser expulso da prova, ao trocar golpes com Enrico Rossi, o espanhol, que passou sete temporadas no Louletano, encontrou-se com o ciclismo e redimiu-se, tendo vindo a deixar as raízes do ‘sprint’ para se assumir como um candidato às gerais finais, valendo-se, nomeadamente, da sua aptidão para os ‘cronos’, como atesta o sétimo posto conseguido nos Nacionais do ano passado, em que subiu ao pódio ainda como terceiro melhor na prova de fundo.
João Benta, Por (Rádio Popular-Boavista, Por): Apesar de ainda não ter conseguido subir ao pódio da Volta a Portugal, o ciclista de Esposende é um daqueles que não se pode excluir da lista de favoritos, quer pelo seu historial na prova (foi quinto na edição especial e sexto nas duas anteriores), quer pelas suas prestações mais recentes, pois foi quinto no Troféu Joaquim Agostinho.
Contra si, o líder ‘axadrezado’, de 34 anos, tem os quase 26 quilómetros de contrarrelógio, especialidade em que costuma perder tempo para a concorrência.
Henrique Casimiro, Por (Kelly-Simoldes-UDO, Por): O veterano de afirmação tardia teve de esperar até aos 32 anos, em 2018, para a primeira vitória profissional, no Alto de Montejunto, no Troféu Joaquim Agostinho. Em 2019, fez ainda melhor e venceu a prova, num ano em que se ‘mostrou’ também no Grande Prémio das Beiras.
Oitavo na Volta em 2017 e sétimo em 2016, Casimiro, que fechou o ‘top 10’ na edição de 2019, após muito trabalhar para Joni Brandão, teve um estreia dececionante como líder da Kelly-Simoldes-UDO, procurando agora melhorar a impressão que deixou na primeira experiência como chefe de fila.
Equipas inscritas na Volta a Portugal em bicicleta:
WorldTour
- Movistar (Esp).
ProTeam:
- Bingoal Pauwels Sauces WB (Bel).
- Burgos-BH (Esp).
- Caja Rural (Esp).
- Euskaltel-Euskadi (Esp).
- Kern Pharma (Esp).
- Rally Cycling (EUA).
- Vini Zabù (Ita).
Continental:
- Antarte-Feirense (Por).
- Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel (Por).
- Efapel (Por).
- Israel Cycling Academy (Isr).
- Kelly-Simoldes-UDO (Por).
- LA Alumínios-LA Sport (Por).
- Louletano-Loulé Concelho (Por).
- Rádio Popular-Boavista (Por).
- Swift Carbon (GB).
- Tavfer-Measindot-Mortágua (Por).
- W52-FC Porto (Por).