Santiago Buitrago (Bahrain-Victorious) venceu a 19.ª e antepenúltima etapa do Giro d’Italia, a ‘rainha’ da 106.ª edição que, ainda assim, poucas diferenças rendeu entre os três homens que lutam pela vitória final.
Buitrago, de 23 anos, cumpriu em 5:28.07 horas a tirada, de 183 quilómetros e entre Longarone e Tre Cime di Lavaredo, com 51 segundos de vantagem para o canadiano Derek Gee (Israel-Premier Tech), segundo, e 1.46 minutos para o dinamarquês Magnus Cort (EF Education-Easy Post), terceiro.
O esloveno Primoz Roglic (Jumbo-Visma) chegou em quarto, com o mesmo tempo de Cort, e ganhou três segundos ao líder, o britânico Geraint Thomas (INEOS), mas segue a 26 segundos do líder, em segundo lugar.
João Almeida (UAE Emirates), líder da juventude, cortou a meta no sexto posto da tirada, a 2.09 minutos, e ficou a 59 segundos de Thomas, perdendo 20 segundos para o primeiro lugar e 22 para ‘Rogla’, ainda que tenha cimentado o pódio e a liderança da tabela dos sub-25.
Ainda assim, a etapa rainha pelos Dolomitas, com a ‘Cima Coppi’ a coroar um dia com mais de 5.500 metros de desnível positivo acumulado, acabou por pecar por escassas diferenças na luta entre o trio mais forte.
Na sétima passagem por este alto, Buitrago foi o homem mais forte da fuga, voltando a vencer no Giro depois de o fazer pela primeira vez em 2022, mas o destaque voltou a ir para o segundo classificado.
Gee foi segundo pela quarta vez nesta ‘corsa rosa’, em que tem sido o ‘Senhor Fugas’, entrando em quase todas, e é também segundo na classificação da montanha, que vai ser do francês Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) no fim do Giro, além de ser… segundo nos pontos.
“Vai levar algum tempo a ‘bater’. Não consigo entender. Estou feliz por ter subido a segundo na montanha, é fixe. Se ficasse no pelotão não tinha chances de ganhar. Posso ser muitas vezes segundo, mas ao menos pus-me em posição de ganhar”, declarou uma das histórias favoritas deste Giro.
Buitrago, que deu ‘caça’ ao canadiano nos últimos seis quilómetros depois de este se isolar, seria sempre o favorito entre os homens que saltaram para a frente da corrida e mostrou o seu talento, ficando à porta do ‘top 10’ da geral, no 11.º posto, mas a 10 segundos do 10.º, o belga Laurens de Plus (INEOS).
“Estou muito feliz com esta vitória, no momento mais difícil desta corrida para mim. Queria conseguir vencer e ser nesta etapa é fantástico. É a recompensa de todo o trabalho que coloquei nesta prova”, declarou.
Num dia que teve de tudo, até a expulsão de um carro da AG2R Citroën por abalroar o espanhol Carlos Verona (Movistar), que continuou na fuga apesar da queda, o que ficou mesmo a faltar foi ação na luta pela vitória final, numa chegada ao alto de ‘Tre Cime’ que já coroou antigos campeões como Felice Gimonde ou Vincenzo Nibali, mas que hoje foi abordada a ritmo baixo pelo pelotão e que, depois, ‘rendeu’ muito poucos ataques e mexidas.
Um dos grandes pontos de destaque, tal foi a falta de movimentos, foi a troca de bicicleta de Roglic, mudando para um andamento diferente que a equipa preparou para a ‘cronoescalada’ de sábado, com a UAE Emirates a dar mostras de cansaço ao deixar Almeida sozinho na abordagem a Tre Cime di Lavaredo.
A subida mais temida do dia foi fazendo as suas vítimas entre o grupo de favoritos, que lá chegou fruto do trabalho da INEOS, montanha acima até à aceleração de ‘Rogla’.
O tricampeão da Volta a Espanha testou os rivais, mas só conseguiu deixar o português para trás, uma vez que Thomas lhe respondeu e, a certo ponto na abordagem à meta, parecia ir melhor, antes de o esloveno encontrar ponta final para lhe ganhar dois segundos.
Contas feitas, a diferença é curta mas o chefe de fila da Jumbo-Visma admitiu que sentiu ter “recuperado um pouco as pernas”, após cortar a meta, enquanto Almeida limitou as perdas e está a menos de um minuto do líder, a menos de 40 segundos do segundo posto.
O pódio, e a vitória na classificação da juventude, parece inevitável para o português aparte de uma hecatombe no sábado, o que será o melhor resultado da carreira de Almeida e um dos melhores da história do ciclismo português.
As diferenças no top 10 deram-se fora do pódio, com o italiano Damiano Caruso (Bahrain-Victorious) a recuperar o quarto lugar, por troca com o irlandês Eddie Dunbar (Jayco-AlUla), agora quinto.
O neerlandês Thymen Arensman (INEOS) beneficiou do trabalho em prol de Thomas para subir a sétimo, dado que o francês Thibaut Pinot (Groupama-FDJ) subiu a sexto e o alemão Lennard Kämna (BORA-hansgrohe) e o norueguês Andreas Leknessund (DSM) quebraram.
No sábado, o terceiro contrarrelógio desta 106.ª edição é em formato ‘cronoescalada’, saindo de Tarvisio para 18,6 quilómetros até à meta em Monte Lussari, determinantes para a vitória final antes da ‘procissão’ até Roma, no domingo.
