O esperado duelo entre W52-FC Porto e Efapel vai finalmente acontecer, com os ‘dragões’ a enfrentarem o mais sério teste ao seu domínio na Volta a Portugal, que, contudo, deverá redundar no triunfo de um dos seus ciclistas.
Amaro Antunes, João Rodrigues, Joni Brandão… a lista de potenciais vencedores da Volta a Portugal na equipa ‘portista’ é extensa, e a eles se juntam ainda o ex-campeão Ricardo Mestre (2011), o inesgotável ‘talismã’ Samuel Caldeira – esteve em todas as Voltas conquistadas por essa estrutura, exceto em 2018 -, o rápido Daniel Mestre e o esforçado Ricardo Vilela.
Sem um líder único à partida para os 1.568,6 quilómetros, que, entre quarta-feira e 15 de agosto, vão mediar entre Lisboa e Viseu, a W52-FC Porto deverá apostar na tática vencedora de sempre: quem primeiro chegar à amarela, com ela ficará até ao final.
Antunes parte como campeão em título da edição especial, enquanto o também algarvio Rodrigues defende o triunfo conquistado na 81.ª edição – a pandemia de covid-19 trocou as voltas ao pelotão e obriga agora a um asterisco extra no palmarés dos vencedores -, com Brandão, o grande rival dos seus agora colegas nas anteriores edições, a ser mais um trunfo.
Curiosamente, os grandes candidatos a fazê-lo são dois ex-‘dragões’, António Carvalho, da reforçadíssima Efapel, e Gustavo Veloso, o ‘renegado’ por Ribeiro nas últimas edições, que, numa Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel menos forte, voltará a contar quase exclusivamente consigo próprio – exceção feita ao amigo Alexandro Marque – para lutar pela amarela, aliás, como aconteceu nos seus dois últimos anos na W52-FC Porto.
Ambição nunca faltou a António Carvalho, mesmo quando trabalhava para outros, como aconteceu no ano passado, na edição especial da Volta a Portugal, em que chocou de frente com o líder Joni Brandão e provocou uma cisão do grupo, que resultou na inevitável saída daquela que foi a principal figura da Efapel nos últimos anos (exceção feita às duas temporadas que o ciclista de Travanca passou no Sporting).
A Efapel mais forte das últimas temporadas vai contar ainda com a sensação uruguaia Mauricio Moreira, com o talentoso Rafael Reis, forte candidato à primeira amarela, atribuída no prólogo de quarta-feira, além do explosivo Luís Mendonça e do espanhol Javier Moreno, numa verdadeira revolução em relação ao ‘sete’ de 2020.
Embora tenha dado espetáculo e vencido (e muito) ao longo da época, a equipa de Águeda pode assistir a uma nova e prejudicial luta de egos, um cenário que será impensável na Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel, em que o bicampeão da Volta (2014 e 2015) é o único chefe de fila única.
Apesar dos seus 41 anos, o inteligente Veloso poderá beneficiar da sua visão estratégica e do profundo conhecimento que tem do pensamento do seu anterior diretor desportivo – e da forma de estar dos seus ex-colegas – para intrometer-se numa luta, que, no papel, tem tudo para ser a dois.
Embora o pelotão da 82.ª edição seja abrilhantado pela Movistar, a primeira formação WorldTour a participar na prova rainha do calendário nacional desde a Lampre em 2011, e conte com as clássicas Euskaltel Euskadi ou Caja Rural, é irrealista pensar que algum visitante consiga contrariar aquele que já é o ‘mantra’ da Volta a Portugal: são sete contra sete e, no final, ganha a W52-FC Porto.