Lance Armstrong admitiu desejar “mudar tudo o que aconteceu” e ter sido “um homem melhor” durante a sua carreira, na qual venceu sete edições da Volta a França, que posteriormente perdeu por doping.
Numa rara demonstração de arrependimento, Armstrong assume que o seu comportamento, pontuado por reiteradas mentiras e uso de substâncias e métodos ilícitos para melhorar a sua performance, foi “indesculpável”, atendendo a que era não só “um líder do desporto”, mas também “o líder de uma causa”, a do cancro, doença que superou antes de vencer por sete vezes o Tour.
A primeira parte do documentário sobre a maior figura do ciclismo do século XXI, emitida na semana passada, centrou-se na ascensão do texano e nas personagens que o rodeavam, nomeadamente o polémico médico italiano Michele Ferrari, ou Floyd Landis, outro vencedor do Tour (2006) caído em desgraça e um dos grandes ‘inimigos’ de Armstrong, assim como nas contradições das suas entrevistas nos últimos anos.
A segunda parte de “Lance” recupera a figura de Luke, o filho com quem subiu ao pódio nas suas vitórias na ‘Grande Boucle’ (1999-2005) e que aparece como figura antagónica do pai, pela sua postura antidoping.
“Sempre tive vontade de lutar por algo e trabalhar por um objetivo específico vale sempre mais do que escolher um atalho. E sinto que, se alguma vez o fizesse, diriam ‘és como o teu pai’”, defendeu o jovem, que é jogador de futebol americano na Universidade Rice, em Houston.
O texano perdeu as suas sete vitórias na Volta a França em bicicleta, na sequência de um relatório da Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA), que expôs o recurso do antigo corredor norte-americano à dopagem sistemática.
A União Ciclista Internacional confirmou posteriormente, em 22 de outubro de 2012, as sanções aplicadas pela USADA, que irradiou Armstrong e anulou os resultados da maior parte da sua carreira. Armstrong abandonou o ciclismo profissional em definitivo no início de 2011, depois de uma primeira retirada entre 2006 e 2008.
No seu relatório, a USADA acusava Armstrong de ter montado “o programa de doping mais sofisticado da história do desporto”. Os testemunhos de 11 dos seus antigos companheiros apontam para o recurso sistemático a eritropoietina (EPO), transfusões sanguíneas e testosterona.