Filipe Cardoso anunciou a retirada do ciclismo profissional, depois de correr “desde os oito ou nove anos” até aos 35, abandonando o desporto “de coração cheio”.
Com a retirada, a última época do ciclista de Santa Maria da Feira foi passada ao serviço de uma equipa da sua terra natal, a Vito-Feirense, com uma última Volta a Portugal, que terminou em 28.º lugar, tendo sido quinto classificado na sexta etapa, em Bragança, e 10.º na sétima, na chegada à Serra do Larouco.
A mais especial, diz, foi conseguir aquele que é um dos “sonhos maiores” de qualquer ciclista luso, o de ganhar “uma etapa ‘rainha’ na Volta”, conseguindo o feito em 2015, depois de “atirar ‘ao poste’ muitas vezes”, vencendo na Senhora da Graça “uma etapa tirada ‘a ferros’”, e num ano “muito complicado”, afetado por problemas de saúde da mãe.
Agora, em 2020, vai expandir-se com uma nova empresa associada, a operar “sobretudo a vender experiências com a bicicleta em Portugal”, permitindo-lhe juntar o mundo do ciclismo ao turismo.
Não quis anunciar a despedida no início do último ano, porque não queria que as corridas se tornassem “num funeral”, num adeus anunciado que foi antes substituído pelo “orgulho”. “Queria mostrar que vou deixar porque quero, e que ainda sou capaz de lutar por etapas” na última Volta, afiança.
Para Filipe Cardoso, o que fez a carreira especial foi saber que tinha “sempre um carinho muito grande do público”, que tentou “respeitar ao máximo e retribuir”, bem como o seu perfil de “ciclista agressivo, que na dúvida ataca ou faz agitar a corrida”.
Ainda assim, ter corrido campeonatos do mundo de juniores, sub-23 e séniores, “provas olímpicas” e outro tipo de voltas internacionais, como a Tropicale Amissa Bongo, que acabou em segundo em 2009, deixa-o com “um sorriso nos lábios” e “sem mágoa”.
Além do triunfo na Senhora da Graça, Cardoso acumulou outras vitórias em Portugal, como três etapas na Volta ao Alentejo, em 2009, 2011 e 2012, o Grande Prémio Costa Azul ou, lá fora, uma etapa da Volta a Chihuahua de 2007, no México, com um 58.º lugar nos Mundiais de estrada de 2011, o 11.º nos Mundiais sub-23 de 2004 ou o 17.º posto nos Jogos Europeus de Baku2015, estes dois últimos pela seleção.
Voltar ao pelotão nacional, numa função diferente junto de uma equipa, é algo que não pensa neste momento, preferindo antes “desfrutar do ciclismo” e poder, por exemplo, acompanhar uma etapa no carro de uma equipa. “Não quis deixar o desporto amargurado. Ainda pedalo todos os dias, num registo diferente”, assume Filipe Cardoso.