A Miranda-Mortágua quer colocar Joaquim Silva, na sua primeira experiência como chefe de fila, no ‘top 10’ final da Volta a Portugal, ambicionando ainda lutar por uma das classificações secundárias, revelou Hélder Miranda.
Mas é em Joaquim Silva que as atenções de toda a Miranda-Mortágua se vão centrar, com o ciclista de 28 anos, segundo na Volta a Portugal do futuro em 2014 e antigo corredor de W52-FC Porto e da espanhola Caja Rural, a assumir pela primeira vez na sua carreira a qualidade de chefe de fila na Volta a Portugal.
Hélder Miranda lembrou que, normalmente, o pelotão nacional chega à prova rainha do calendário com “40, 50 dias de competição”, sendo possível aos diretores desportivos terem “a noção de como cada atleta está”.
“Neste momento, isso não acontece. Estes dois dias do Troféu Joaquim Agostinho não serviram para ver quase nada. Dá para termos uma ideia, mas é muito relativo, porque são só dois dias, é diferente de uma corrida de nove dias. Portanto, tanto para os outros, como para nós é tudo muito relativo. Vamos fazer a Volta a Portugal num contexto completamente diferente”, reconheceu.
“Estamos todos iguais: ninguém competiu mais, ninguém competiu menos. Toda a gente tem falta de ritmo, porque, por muito que se treine, o ritmo de treino nunca é o da competição. Agora, de facto, a Volta começa muito dura e os primeiros quatro dias vão deixá-la praticamente definida. Há que entrar bem, há que entrar forte. Os nossos ciclistas têm estado na Serra da Estrela desde há três semanas, juntos, a treinar mesmo com esse intuito. As indicações que eles nos dão são boas, sentem-se bem, agora, o termo de comparação quase não existe. Vamos ver como as pernas vão reagir quando chegarmos à competição”, pontuou.
Assumindo que o percurso, que tem três chegadas em alto nas primeiras quatro etapas em linha, “não é o ideal, porque está tudo muito concentrado, mas é possível”, Miranda salientou que estamos “num ano atípico para toda a gente” e defendeu que o pelotão não pode querer “um percurso mais equilibrado como nos outros anos, em que havia a Senhora da Graça e passado alguns dias a Serra da Estrela, ou vice-versa”.
“Este ano não há espaço para isso. São menos dias de competição, portanto é natural que as duas chegadas duras sejam muito concentradas – neste caso, só têm um dia de intervalo. Mas penso que não nos podemos queixar. Haver Volta já é muito bom, porque esteve na iminência de não haver. É igual para todos, é duro para todos, esta é a realidade e é com ela que temos de viver, e é com base nela que temos de pensar todos os dias a melhor forma de dar a volta à corrida a nosso favor”, afirmou.
A realidade a que os ciclistas têm de se acostumar inclui um exigente protocolo sanitário no contexto da covid-19, com o diretor desportivo a garantir que, em cima da bicicleta, os seus pupilos se conseguem abstrair da pandemia, o que não acontece fora da estrada.
Miranda-Mortágua
Equipa: Joaquim Silva (Por), Hugo Sancho (Por), Daniel Freitas (Por), Gaspar Gonçalves (Por), Pedro Pinto (Por), Ángel Sánchez (Esp) e Leangel Linarez (Ven).
Diretor desportivo: Hélder Miranda.