A Trek vem já há algum tempo a apostar forte nas bicicletas elétricas e tem vindo a superar as expectativas com as suas evoluções em vários níveis e a Trek Fuel EXe 9.9 não foi exceção.
Aqui no BTT Lobo tivemos a oportunidade de a experimentar e só podemos dizer que realmente acertou em cheio, ao construir esta bicicleta assistida, que nos proporciona uma sensação de condução e controlo excelente quer seja para subir ou descer a montanha, garantindo um conforto e segurança brutal.
Usámos e abusámos desta Trek Fuel EXe 9.9 XX1 AXS em tamanho L e tanto em trilhos mais irregulares, saltos, descidas e até mesmo em prova de XCM e podemos afirmar que esta bicicleta não se direciona só para trail/enduro, encaixa-se para variadas situações tornando-se muito homogénea, o que nos deixou apaixonados e radiantes.
A geometria do quadro da Trek Fuel EXe confunde qualquer um à primeira vista sobre se estamos ou não, perante uma bicicleta elétrica. Fabricada em carbono OCLV Mountain, permite estar entre as mais leves da atualidade, garantindo uma torção no quadro fascinante e trespassando uma confiança/segurança para qualquer tipo de terreno.
O tubo superior descreve uma pequena curvatura, permitindo uma postura direita para um excelente conforto, combinando com a testa do quadro com um ângulo bastante destemido, para garantir bom controlo da bicicleta.
No quadro, é dado realce ao ecrã TQ LED, estrategicamente bem situado perdendo-se, no entanto, o limitador de direção Knock Block. O seu tubo inferior com um diâmetro discreto, tendo em conta que falamos de uma bicicleta elétrica, possui uma ficha de carregamento estrategicamente bem colocada, mesmo por cima da grade de bidon e a bateria por baixo, evitando perturbar a estética do quadro.
O pivô principal foi ligeiramente alterado para evitar aqueles pequenos balanços enquanto se pedala, já as escoras, foram um pouco alargadas para poder suportar pneumáticos de 2,5”, mas sem perder a sua robustez, torção e conforto a que a Trek nos tem habituado. O dropout em carbono, com o sistema de aperto por dentro da escora deixa-nos um pouco reticentes pois esta peça tende a sofrer muitos impactos.
Por fim, neste campo, falamos do ajuste de geometria do quadro designado de Mino Link, o que é nada mais nada menos que o ajuste do parafuso para regular em 0,5 graus, alterando a altura do eixo central do quadro cerca 6/7mm. Na nossa opinião não achamos muito relevante, contudo, para quem compita, qualquer pormenor é importante. Para concluir, a Trek teve a preocupação de melhorar a passagem dos cabos, bem como a colocação de uma pala em borracha para proteger o motor e escoras do excesso de lama.
A Trek aposta no novo motor TQ HPR 50 com um torque máximo de 50Nm e um peso de 1.850g fornecendo algumas vantagens que nos deslumbraram. Este motor dispõe um botão discreto de duas posições no guiador, para ajustarmos entre os três modos: Eco, Médio e Alto, sendo ainda possível colocar na posição WALK para auxiliar naquelas alturas em que temos que levar a bicicleta à mão.
No seu modo Alto disponibiliza uns surpreendentes 300w embora ao chegar aos 10% de bateria, ficamos limitados a 150w. O seu torque de 50Nm garante a inexistência de impulsos repentinos, que nos criavam alguma insegurança nos trilhos mais técnicos e ainda, ao contrário de outros motores, este TQ tem a característica que após pararmos de pedalar ele não debita nem mais um watt. Por fim, o que mais nos deslumbrou neste pequeno TQ de 50Nm de baixa rotação, foi o quão silencioso se torna, em relação a outras marcas, nem parece que estamos a andar numa bicicleta assistida.
A nova bateria usada pela Trek Fuel EXe também está a cargo da TQ e encontra-se embutida no tubo inferior. Com uma forma retangular, tem uma capacidade de 360Wh, a sua tampa de proteção é fixa por 2 parafusos e apenas em 1 min consegue-se ter a bateria removida.
Além disso, podemos adquirir à parte, um Batery Range Extender TQ HPR em forma de bidon, que não criar qualquer problema na condução da bicicleta e passa despercebido, que sendo um extra, tem um custo acrescido de 519.99€, mas ampliando assim a capacidade em 160Wh, garantindo o máximo de diversão em cima deste brinquedo de duas rodas.
O seu carregamento demora entre 2 a 3h, e não precisamos de nos preocupar em tirá-la da ficha, pois possui um sistema inteligente para desligar o carregamento.
O ecrã TQ LED embutido no topo do quadro, com pouco mais de 5cm, é uma das grandes inovações da Fuel EXe, posicionado estrategicamente permite manuseá-lo sem problemas bem como uma visualização correta mesmo num dia de muito sol, porém o seu vidro parece-nos um pouco frágil.
Basicamente ele dispõe de alguns campos de informação que facilmente conseguimos gerir enquanto pedalamos e eles são:
- Nível de Bateria.
- Os quilómetros que podemos fazer em relação ao modo de usamos.
- Velocidade instantânea e média.
- A potência que o ciclista está a debitar.
- Os watts que o motor está a gerar.
O display dispõe ainda de dois botões para facilmente alterarmos os parâmetros, parâmetros esses que podem ser personalizados pelo utilizador. O TQ Led pode ser emparelhado por ANT+ ou Bluetooth ao seu GPS, ciclo-computador ou ainda ao seu smartphone através da APP Trek Central.
A APP Trek Central é outra Inovação da Trek que nos dá uma variedade de informações e controlos desta Fuel EXe, sendo totalmente gratuita e disponível para aparelhos android ou IOS. Com esta APP, podemos afinar a potência e velocidade de resposta do motor em cada um dos níveis, permitindo uma melhor gestão da bateria e adaptar o comportamento ao tipo de percurso que vamos ter pela frente.
As inovações AirWiz e TyreWiz, tornam tudo mais fácil e simples, informando no aplicativo a pressão certa e o nível de bateria destes sensores, dos quais falaremos daqui a pouco. O aplicativo disponibiliza também todos os dados da volta que fizemos, como velocidades, potências, calorias queimadas, níveis de bateria nos 3 modos, os quilómetros que fizemos e os que ainda podemos fazer, gravando ainda com a rota que fizemos. É caso de dizer: para quê o GPS?
As suspensões ficam a cargo da RockShox e não podiam ter ficado melhor entregues. Falamos da RockShox Lyrik Ultimate na dianteira, com um curso de 150mm usando a nova mola pneumática DebonAir Changer 3, que oferece uma leitura do terreno perfeita e uma resposta rápida de amortecimento.
À retaguarda temos o RockShox Super Deluxe Ultimate de 140mm. Se a dianteira estava bem representada esta não fica nada atrás, permitindo um ajuste milimétrico, sem haver perda de conforto e ainda com o sistema Threshold, para o ajuste da rapidez de recuperação da mesma.
Esta representação de topo de gama permite também baixar o peso da Trek Fuel EXe. Se pensam que estas suspensões se ficam por aqui, estão bem enganados, pois estes amortecedores vêm com o sistema AirWiz, que facilita o ajuste da pressão das mesmas, perante o peso do utilizador e ainda informando com led vermelho ou verde se estiver fora ou dentro do limite.
Com isto queremos dizer que este sistema emparelha com a aplicação da Trek e devolve a informação da pressão e de ajustes que devemos usar, consoante os dados do seu utilizador.
Para deixarmos terminada a parte do amortecimento, falta-nos falar do espigão telescópico RockShox Reverb AXS, que tem toda a lógica de vir equipado nesta bicicleta. Com a medida 34.9mm e um curso de 170mm, permite uma posição corporal com um centro de gravidade mais baixo e recuado para as descidas, sem esquecer com controlo AXS (sem fios), facilitando a rápida resposta nos trilhos.
Ao contrário, nas suspensões dianteira e traseira, o bloqueio é manual, o que nos deixa um sabor agridoce na boca… Esta máquina merecia bloqueios remotos no guiador.
As rodas da Bontrager Line Pro 30 TLR Boost 29, não são nem de perto o elo mais fraco desta bicicleta. Logo à partida pensamos no seu peso, mas graças à sua construção em carbono OCLV Pro, garantem uma máxima resistência ao impacto e confiança nos terrenos mais sinuosos.
Com uma largura de aro externa de 38mm, permitem andar com os pneus em baixa pressão. Preparadas para tubless e com raios de alumínio DT Swiss Competition para podermos abusar delas sem problema e com pouco ruido, o cepo é XD para cassetes de 11/12v. Equipam ainda com o sistema Quarq TireWiz, partilhando o mesmo funcionamento das suspensões.
Estas rodas têm garantia vitalícia e não têm limite de peso. Vieram calçadas com pneus Bontrager SE5 Team Issue 2,5”, que para piso seco são bons, contudo em pisos de alguma lama pecam um pouco por falta de aderência.
O sistema de transmissão é o SRAM Eagle XX1 AXS, que já não é novidade para as Trek. Equipa com cassete 10-52t para uma boa relação de andamentos. O desviador vem com o sistema de carregamento diferente, que é alimentado através da bateria da e-bike, facilitando a vida do utilizador, pois é menos um carregamento que este tem que se preocupar, embora nem tudo seja perfeito, pois quando a bicicleta ficar sem bateria também fica sem mudanças.
A Trek garante 200 movimentos do desviador nesta situação, mas nós preferimos dar a volta à situação com recurso à bateria do espigão, que sendo AXS é compatível com o desviador. Por fim não sendo SRAM, mas sendo leve e robusto, temos o pedaleiro e*thirteen em carbono, com um comprimento de crank de 165mm e um prato de 34t.
Os travões são os SRAM Code RSC específicos, para bicicletas pesadas, com regulação no pivô, oferecendo uma sensação de travagem nítida, suave e sem causar grande fadiga. São em alumínio e com pastilhas metálicas, para uma boa potência de travagem e de desgaste reduzido, acompanhados com discos de 200mm em ambas as rodas, que transmitem uma segurança e confiança brutal nos trilhos.
O guiador RSL Carbon que tem vindo a ser montado nalgumas Trek, vem com um comprimento 820mm, perfeito para bicicletas de enduro e oferecer um excelente controlo e manuseio da máquina. Este guiador com avanço integrado, oferece a integração do conjunto multiferramentas Bontrager BITS, garantindo o essencial para as voltas que fazemos.
Este conjunto encontra-se instalado dentro do tubo de direção, que acaba por ser menos um acessório para “trazer às costas”, mas que achamos que necessita de algum aperfeiçoamento, pois quando circulamos em trilhos mais irregulares produz alguma trepidação.
Vantagens:
- A sua geometria foi melhorada e vem com pormenores deliciosos e que nos permite adaptar a bicicleta, mesmo para ciclistas mais exigentes. A sua versatilidade dá-nos várias opções de trilhos e pisos.
- Todo o sistema da marca alemã TQ: motor com uma potencia máxima de 300w, bateria extra e display para te deixar informado enquanto pedalas, emparelhado por ANT+ ou Bluetooth ao GPS.
- O motor é muito silencioso. Nem parece que se trata de uma e-bike.
- As inovadoras tecnologias AirWiz e TyreWiz permitem um ajuste preciso das pressões das suspensões e rodas.
- A APP Trek Central permite emparelhar o smartphone e assim ajustar o motor da bicicleta à medida do utilizador, ao mesmo tempo que informa das pressões certas, bem como ao terminar o treino indica alguns parâmetros como velocidades, potências, rota, etc.
- As novas tecnologias das suspensões RockShox.
- Os seus 18,9kg rivalizam com as restantes e-bikes de trail/enduro do mercado.
Desvantagens:
- O dropout em carbono torna-se frágil para a sua funcionalidade.
- A falta de bloqueio das suspensões no guiador.
- O barulho que a multiferramenta faz em trilhos irregulares.
- O preço não é acessível a qualquer um.
A Trek Fuel EXe 9.9 XX1 AXS dispõe de 3 cores e tamanho de quadro desde S a XL, sendo que claro, o que nos dói mais é mesmo o preço desta versão topo de gama, que custa 14.999 € embora também haja disponível outras versões mais baratas.
Mais info em www.trekbikes.com.
