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Quem pensa que cortiça, provas de BTT e amigos são temas muito distantes saiba que está redondamente enganado. Em finais de abril, tive o seguinte diálogo no Strava: “Flor, faças o que fizeres, não deixes o Chris bater o meu tempo outra vez este ano, ok?” “Claro, em que posição queres que ele fique?”

“Qualquer uma abaixo da minha é perfeito. Em alternativa, algum dos teus amigos pode atá-lo a um grande sobreiro por um par de horas. Estou aberto a opções :)”. E no dia 0, o diálogo continuou a três: o mandante, a vítima e a hipotética criminosa.

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Eis o que acontece quando os teus amigos da TransPortugal Europcar Race voltam à prova num ano em que ficaste em casa. Vais querer falar sobre as etapas, seguir o live tracker todos os dias, dar “like” em todas as publicações de instagram e Facebook e trocar mensagens com staff e amigos, para estar a par de todos os pormenores. É mesmo assim: o sofrimento de estar ausente.

“Vocês parecem ser uma grande família”, comentava há dias a amiga de um atleta. E é verdade porque a TransPortugal Europcar Race não é apenas uma corrida que se faz, é também um encontro anual de amigos. São os que chegam, os que já se conhecem e os novos laços que aqui se constroem. Nesta prova, o número de frontal será sempre só teu porque queremos que regresses.

Então e a parte da cortiça? Sucede que a cortiça vem muito a propósito por ser um dos produtos nacionais mais emblemáticos. Portugal é o principal produtor mundial de cortiça, responsável por mais de 60% do volume das exportações mundiais, e tem uma área de sobreiro correspondente a 25% da existente no mundo inteiro. A cortiça é um material espantoso.

Mais conhecida pelo seu uso em rolhas de garrafas de vinho, a cortiça é também usada no calçado, como revestimento isolante, em mobiliário entre outros. Até a Lady Gaga já tem a sua peça, obra da criadora Teresa Martins. Um vestido em cortiça folheada a ouro e prata e bordado à mão com missangas e fios metálicos, recriando as texturas e composições que se conhecem dos quadros de Klimt.

Mais informação pode ser encontrada aqui.

Portanto, não faz parte dos nossos planos atar-te a um sobreiro. No entanto, em tese, ou no caso de algum pedido especial, tal empreitada não seria difícil dada a quantidade de sobreiros por estas bandas. No Alentejo, onde nos encontramos, o sobreiro é uma das árvores mais comuns na paisagem.

Como é habitual, estão entre nós velhos e novos amigos. Rogério Matos (BR)-712 e João Urbano Dias (BR)-718 vieram de Brasília. Rogério é engenheiro civil e João é auditor fiscal ou, como ele diz, o homem que todos odeiam. João treina de manhã bem cedo, cerca de 2h por dia, nas ruas de Brasília.

Os treinos mais longos e técnicos ficam para os fins de semana “com a galera”. Grande amante de música e de bicicletas, João pedala também todos os dias para o trabalho e o seu filho de 16 anos, Marcos Lobo, é já um grande atleta júnior numa equipa brasileira. Do Brasil vieram também Bruno Maurizzio Tosin (BR)-755, Gregory Gobetti (BR)-716 (o homem do limão) e Ricardo de Carvalho (BR)-717.

Na 5ª etapa, João obteve a 9ª posição, Rogério a 13ª, Bruno a 64ª, Greg a 69ª e Ricardo a 70ª. Na classificação geral, o grupo brasileiro ocupa as seguintes posições: João 6º, Rogério 18º, Ricardo 64º, Greg 65º e Bruno 71º.

Outro grupo de amigos connosco é o de Fábio Costa (PT)-727 Nuno Nogueira (PT)-728 e Nelson Guia (PT)-750, da equipa Kalorias/LMS/Emiátomo. Os três portugueses vêm da zona de Santiago do Cacém e Sines. “Estás a ver esta foto? É este o nosso espírito”, diz Fábio, enquanto mostra uma foto dos três amigos à mesa, devidamente equipados, cervejas na mão, após mais um passeio de bicicleta.

Fábio é engenheiro de instrumentação e automação e sócio da Emiátomo, patrocinadora da equipa. Nuno trabalha para a gigante Galp e Nelson é gestor comercial na LMS, outra empresa patrocinadora. Uma palavra especial para Lénia, a mulher de Fábio, que completou 34 anos no dia 9 de maio. Parabéns Lénia! Ele não se esqueceu e anda a falar nisso desde o dia 0. Fábio, Nuno e Nelson têm o sonho de criar uma academia de ciclismo, para promover a prática da modalidade entre os mais novos. Força rapazes!

Na 5ª etapa Nuno ficou em 14º, Nelson em 15º e Fábio em 23o. Na classificação geral após a 5ª etapa, estão agora nas seguintes posições: 16ª (Nelson), 24ª (Nuno) e 27ª (Fábio).

Pedro Simas (PT)-296 da equipa EUROPCAR, promovendo o FUNDO IMM-LAÇO: A CAMINHO DA CURA, venceu a 5ª etapa. A extensão da etapa de hoje e o cansaço acumulado dos últimos dias começam a fazer-se sentir. Durante esta tarde, Ricardo Carvalho encontrou o “homem do martelo” e perdeu alguma da sua habitual energia. Ricardo e Manuel não ultrapassaram Jeannie e Francisco durante o percurso, ao contrário do que sucedeu nas etapas anteriores.

Jeannie Bomford (ZA)-765 foi a segunda classificada da etapa, seguida de Francisco Carneiro (PT)-262 e Manuel Melo (PT)-667 que cruzaram juntos a meta, ficando na 3ª posição ex-aequo. Seguiram se Ricardo Carvalho (PT)-319, Monica Glover (ZA)-739, Jorge Damas (PT)-245 e José Lima de Almeida (PT)-756 (estes dois em 7º ex-aequo), Martin Dreyer (ZA)-708 e João Urbano Dias (BR)-718 (em 9o ex-aequo).

Na classificação geral após a 5ª etapa, os dez primeiros são Pedro Simas (PT)-296, Manuel Melo (PT)-667, Jeannie Bomford (ZA)-765, Ricardo Carvalho (PT)-319, José Lima de Almeida (PT)-756, João Urbano Dias (BR)-718, Monica Glover (ZA)-739, Francisco Carneiro (PT)-262, Jaco Ferreira (ZA)-703 e Martin Dreyer (ZA)-708. Jeannie está a 15s de Manuel Melo e José Lima de Almeida 5m29s à frente de João Urbano Dias.

A 6ª etapa da TRANSPORTUGAL EUROPCAR RACE 2018 inicia se nos arrabaldes de Évora, estendendo se por zonas de grandes propriedades, ocupadas com vinha, oliveiras, soutos e carvalhos. A etapa permite atravessar o coração alentejano a grande velocidade. Os pontos a destacar serão a passagem pela Barragem do Alvito e vila de Cuba. O trajeto é ladeado por milhares de estevas.

Texto: Florbela Pires
Fotos: Pedro Cardoso

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