“What’s the weather like?” frase dos manuais de inglês do primeiro ano, das que fui ouvindo lá por casa, em vésperas de teste. “The weather is sunny!” Excelente currículo escolar, pois servindo a língua para comunicar, quem nunca falou do tempo?
Sucede, porém, que é sempre mais-coisa-menos-coisa, porque vai que chove e afinal não, está solarengo ou um pouco nublado, sopra uma brisa ou fica fresquinho, ou ainda, como me ocorre frequentemente, “chegou o calor, começa o frio”. Nada pode já recuperar a inocência perdida, do tempo de Anthímio de Azevedo, vareta no mapa, explicando as altas e as baixas pressões, ao fim do dia, nos idos anos 70, da TV a preto e branco. Ou então, um por-do-sol, beleza fugidia à hora dos mágicos cansaços, resgatando a esperança. Em vão. Contra o tempo é contratempo.
O nosso dia começou pelas 7h, com um embarque desgrenhado. Uma vez mais, um encontro de amigos.
Temos, novamente, Verzella Raffaele (IT)-379, Peter Verkest (BE)-244, Robin Willard (CA)-322, Rodrigo da Cunha (PT)-353, Neil Evans (UK)-411, Tony Filipe (PT)-505, Ulf Christophersen (DE)- 611, Jonas Sund (SE)-649, Johan Liljefors (SE)-659 de entre um total de 27 atletas repetentes. Um deles é o inefável Toru Watanabe (JP)-153 que, para aquecer, fez em bicicleta o trajeto Lisboa-Porto (!): um menino.
À chegada não houve tempo a perder: almoço, montagem de bicicletas e o já habitual briefing de prova, seguido de briefing de GPS, jantar e, finalmente, briefing de primeira etapa. Chamemos-lhes aulas seminários. Todos em sentido, comportamento exemplar.
A TRANSPORTUGAL EUROPCAR RACE 2018 conta com um total de 88 atletas, oriundos de 18 países, com um forte contingente sul-africano (16 atletas), quase a atingir o português (18 atletas). A Bélgica, a Suíça, o Reino Unido (incluindo um artista do País de Gales de que todos já ouvimos falar) e os EUA estão representados por 6 atletas cada, seguidos depois por grupos menores vindos do Brasil, dos Países Baixos ou da Suécia, entre outros. As mulheres em competição são apenas 7 e a média geral de idades é francamente elevada, porquanto apenas 12 atletas têm menos de 40 anos e apenas 30 têm menos de 45. Robin Willard (CA)-322 é o mais sénior em prova, com 71 anos.
A primeira etapa parte de Chaves, com breve passagem pelo centro e rápida entrada em trilhos tranquilos e verdejantes. É difícil selecionar de entre tanta beleza: a passagem por Vidago, que me lembra Thomas Mann e a sua Montanha Mágica (mesmo não tendo nada a ver), a ecovia da Oura com os seus despojos e Pedras Salgadas. Seguem-se algumas subidas desafiantes (Praina de Molhadinhos e depois, de Gralheira para o Castelo), para finalizar em brasa, na ecovia até Peso da Régua. Serão 110km com 1732m de subidas.
Texto: Florbela Pires
Fotos: Pedro Cardoso