Primeiro é preciso aprender alguns conceitos básicos possibilitando assim, tirares partido da tua bicicleta nos percursos fora de estrada, realizados com toda a segurança. De resto, é possível fazer actividades sobre duas rodas sem que isso se transforme numa tormenta física.
Travagens
Muito se ouve falar sobre a forma de travar, uns chegam a dizer que é bom evitar usar o travão dianteiro, mas na realidade o uso do travão deve ser feito sempre de maneira consciente, ou seja: quando travares a tua bicicleta deves estar ciente das condições do piso, da situação da bicicleta em relação ao solo e saber o que pode acontecer durante uma travagem.
O que pode correr mal numa travagem?
Travar com demasiada força a roda traseira
Se a bicicleta for em linha recta: a roda traseira pode derrapar para um dos lados e perder o equilíbrio, que pode ser recuperado diminuindo um pouco a potência da travagem para que a roda volte a girar e/ou mudar de direcção para retomar o rumo. Se a bicicleta estiver a fazer uma curva, a roda traseira escapa para o sentido contrário da curva e quando isto acontece a muita velocidade, acaba por levar o condutor ao chão…
Ao sentires que a traseira vai escapar alivia a potência exercida sobre o travão – uma atitude preventiva, será travar de uma forma moderada nos pisos escorregadios e com pouca aderência.
Travar com demasiada força a roda dianteira
Em ambos os casos é necessário diminuir a potência exercida sobre o travão para recuperar o equilíbrio. Assim como a roda traseira, a dianteira também derrapa para o sentido contrário da curva, mas quando isto inesperadamente acontece, raramente o ciclista escapa ao contacto com o chão…
Lembra-te então, que quando travares deves estar atento para o que pode vir a acontecer, desta forma é possível tomar a atitude correta para evitar a queda. Mais abaixo apresentamos uma lista de algumas dicas que te podem ajudar a decidir.
Conselhos para as travagens
Analisa sempre o piso e a situação para poderes travar correctamente. Em piso rijo e seco, divide o esforço da travagem em 60% no dianteiro e 40% no traseiro. Nos outros tipos de piso iguala ou inverte um pouco a potência aplicada, mas lembra-te que o travão traseiro sozinho não consegue parar a tempo a bicicleta nas emergências.
Em descidas põe o corpo para trás ao travar intensamente, isto ajuda a bicicleta a não virar sobre a roda dianteira.
Não traves ao passar sobre valas ou irregularidades transversais, fá-lo antes ou depois de passares esses obstáculos.
Conhecendo bem o travão traseiro da tua bicicleta, podes usá-lo para testar a aderência do piso pelo qual estás a passar. Se a roda bloquear (e derrapar) com pouca força nas manetes dos travões, então é melhor estares atento às travagens mais bruscas, onde o uso dos travões pode tornar-se perigoso.
Quando a situação se tornar perigosa (o que normalmente acontece depois de uma travagem forte, ou mesmo após teres recuperado o equilíbrio depois de largar o travão), vai travando e soltando o travão alternadamente, até parares a bicicleta.
Evita as derrapagens e assim as quedas. Se estiveres numa descida com barro ou lama, mantêm os pés nos pedais e reparte a travagem pelas duas rodas com precaução.
Se, vais em descida e tens de atravessar um pedaço de piso escorregadio, trava com cuidado depois de transpores esse troço – evita entrar numa zona escorregadia a travar.
Um piso de muita poeira, pode esconder pedras e buracos tornando assim uma possível travagem traiçoeira, tal como pequenas pedras em cima de asfalto.
O piso de terra firme sob floresta e/ou chuva são muito traiçoeiros e quando eles têm uma cobertura verde de musgo, o melhor é seguires sobre o mato que normalmente há no meio e nas bermas do caminho.
Quando andares num piso muito escorregadio, às vezes é melhor acelerar um pouco e recuperar o equilíbrio. Depois, numa zona mais seca ou firme é mais seguro para reduzir a velocidade.
As Descidas
As quedas nas descidas acontecem quando se desce ou muito rápido ou muito devagar, no primeiro caso porque não há tempo de reacção e no segundo porque qualquer reacção se torna exagerada. Descidas longas cansam tanto quanto as subidas, só que de uma forma diferente – com solavancos, vibrações e travagens.
Conselhos para as descidas
Nas estradas não desças a menos que 10 km/h e olha tanto para o piso imediatamente à frente quanto para o que está mais longe (não olhes para a roda!), assim podes planear melhor a descida.
Evita travar sobre pedras soltas e não te assustes com os solavancos: basta manteres os braços flectidos, utilizando-os como amortecedores.
Ao fazeres uma curva põe o pedal do lado de dentro da curva para cima e põe o peso sobre o pedal que fica do lado de fora, evitando que o pedal mais baixo bata no chão.
A ideia é diminuir o centro de gravidade, dando maior estabilidade na curva. Para maior conforto e controlo da bicicleta, levanta-te uns dois centímetro e apoia-te nas coxas fechando as pernas e inclinando o corpo para trás.
Nos caminhos de terra batida, o melhor é estares preparado para apoiar ligeiramente o pé no chão em casos de pequenos desequilíbrios ou pequenas derrapagens.
Nas descidas muito íngremes põe ligeiramente o corpo para trás.
Se não sentires segurança suficiente para superar um obstáculo, como um pequeno barranco ou irregularidades no piso, não sintas vergonha em descer da bicicleta… e não conheces o caminho e o piso, não abuses da sorte e vai devagar!
As Subidas
O segredo para subir é gostar de subir, Deixamos aqui algumas dicas de como aprender a subir, e quem sabe até, gostar de o fazer.
Conselhos para as subidas
Começa devagar e vai aumentando o ritmo à medida que sobes e que te vais apercebendo do teu ritmo.
Muita velocidade e subidas inclinadas são coisas que não combinam, principalmente quando a preparação física não é a melhor. Em alguns casos (dependendo do piso) é preciso andar um pouco mais rápido, mas o melhor conselho é não exagerar.
Quando começares a subir começa também a respirar mais profundamente. Inicialmente o teu corpo dá-te uma falsa sensação de força e resistência, a qual acaba em poucas pedaladas. O resultado é ficares progressivamente cada vez mais ofegante (e a odiar a subida).
Adequa a tua respiração com as pedaladas. Assim não te esqueces de respirar o suficiente! Um método possível é fazer a inspiração e expiração em dois turnos: quando a perna direita pedala faz meia inspiração fazendo uma pequeníssima paragem e quando a perna esquerda começa a pedalar inicia a segunda parte da inspiração utilizando o mesmo esquema para a expiração.
Piso com muitas pedras soltas
O melhor método é subir sentado, com bastantes pedaladas – numa mudança leve e com velocidade superior a 6 km/h (uma pessoa a pé anda, descansadamente a 4 km/h), desta forma conseguimos sempre alguma tracção o que possibilita vencer este tipo de obstáculo, mas isto exige algum fôlego, dependendo a tua “performance técnica” da tua condição física.
Piso com algumas pedras soltas
Nesta situação não é necessário subir tão rápido quanto na situação acima descrita, basta ficar atento e desviares-te das pedras maiores.
Em piso escorregadio
Este tipo de piso exige a mesma técnica descrita para piso com muitas pedras, principalmente se houver uma camada de lama. Se não houver lama e o pneu da bicicleta estiver em boas condições talvez seja possível subir com menos velocidade. Dica: Caso haja mato na berma ou no meio da via, utiliza esta parte, pois aí há mais aderência.
Subidas com grande inclinação
Neste tipo de via o difícil é manter a roda dianteira no chão, se o piso for duro e de grande aderência ele talvez permita pedalar em pé, o que soluciona o problema e ainda melhora a performance, mas quando a aderência é baixa esta solução não funciona, pois a roda traseira patina, então é necessário subir sentado com o tórax inclinado sobre o guiador.
Pedalar de pé
Ao pedalarmos de pé, aumentamos ligeiramente o esforço físico, mas conseguimos manter mais tempo esse esforço. Mas cuidado, caso a tua condição física não esteja famosa, diminui o esforço ao pedalar em pé.
Uma forma de monitorizar isto é ver se a velocidade pelo menos se mantém antes e depois de pedalar de pé.
Cuidado com as pedras soltas, pois pedalar de pé e passar por cima de uma com a roda traseira pode causar uma queda aparatosa.