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O checo Zdenek Stybar (Deceuninck-Quick Step) impôs-se hoje na subida ao alto do Malhão, que encerrou a 45.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, com o esloveno Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) a arrebatar a vitória final.

Stybar, cujo ataque não tinha como único objetivo a luta pela etapa, mas tentar apoiar mais tarde o colega de equipa espanhol Enric Mas, cumpriu os 173,5 quilómetros em 4:13.18 horas.

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Aos 33 anos, Stybar conseguiu a primeira vitória do ano, quebrando um ‘jejum’ de etapas que atravessou 2018 e durava desde os Nacionais checos de 2017.

Em segundo lugar ficou o dinamarquês Soren Kragh Andersen (Sunweb), a três segundos, à frente do holandês Wout Poels (Sky) terceiro, a nove, ambos a tentarem roubar a vitória na geral a Pogacar.

Sucessor de Michal Kwiatkowski na lista de ‘conquistadores’ da já tradicional subida final ao Malhão, o sucesso de Stybar valeu a subida ao sexto lugar da geral, ainda que Mas não tenha conseguido juntar-se, terminando no quarto posto final.

Os vários ataques à liderança do jovem esloveno, de 20 anos, começaram pelo espanhol David de la Cruz (Sky), a que se juntou Stybar e Soren Kragh Andersen, este à procura da vitória final, além do britânico Steve Cummings (Dimension Data).

Seguiram-se, já dentro da subida ao Malhão, o holandês Wout Poels (Sky) e Enric Mas, mas nenhum conseguiu roubar tempo suficiente ao jovem líder.

Apesar de terem ‘isolado’ Pogacar, o líder desde o alto da Fóia, no segundo dia, defendeu-se e chegou em sexto, mantendo Andersen a 14 segundos, Poels a 21 e Mas a 25.

Para Pogacar, a primeira vitória como profissional, na Foia, transformou-se numa história de sucesso precoce, uma vez que, aos 20 anos, o vencedor da Volta a França do Futuro em 2018 apresenta ‘credenciais’ para ser mais aposta na UAE-Emirates.

Todos os restantes corredores terminaram a mais de um minuto do líder, com dois portugueses no ‘top 10’ – Amaro Antunes subiu a oitavo, a 2.52 minutos do camisola amarela, e João Rodrigues (W52-FC Porto) foi de 17.º para nono.

O algarvio, vencedor no Malhão em 2017, foi um dos ciclistas a tentar atacar, partindo a 12 quilómetros, mas acabou por ser reintegrado no grupo de favoritos, antes de uma tentativa do espanhol Raúl Alarcón (W52-FC Porto).

Apesar da tentativa infrutífera do vencedor da Volta a Portugal nos últimos dois anos, Rodrigues acabou por se manter no grupo do camisola amarela e conseguiu reentrar no ‘top 10’.

No arranque do dia, o espanhol Vicente García de Mateos (Aviludo-Louletano) conquistou as duas primeiras contagens de montanha, de terceira categoria, numa fuga alargada a 13 elementos que também contou com o belga Tim Declerq (Deceuninck-Quick Step).

Declerq acabou por perceber que poderia vencer a classificação da montanha se conseguisse vencer a primeira passagem no Malhão e a meta de montanha seguinte, o que acabou por fazer.

Nos pontos, o alemão Pascal Ackermann (BORA-hansgrohe) acabou por conquistar esta classificação perante a desistência do francês Arnaud Démare (Groupama-FDJ), ainda antes da partida.

Declarações após a quinta e última etapa da Volta ao Algarve em bicicleta:

– Tadej Pogacar (Corredor da UAE-Emirates e vencedor da classificação geral final): “A equipa fez tudo o que pôde para tentar defender a camisola amarela. Agradeço à equipa, estou muito orgulhoso.

Senti alguma pressão, não muita, concentrei-me em preparar a última etapa. Fizemos um bom trabalho e estou muito feliz.

Hoje surgiram muitos ataques no final, mas os meus colegas de equipa fizeram um grande trabalho, a puxar na frente o dia todo. Disse a mim mesmo que não podia desapontá-los no final.

[Sobre o ciclismo esloveno] Não sabia que o Roglic tinha vencido a Volta ao Algarve em 2017. É incrível que possa ter uma vitória como ele teve há dois anos.

O ciclismo na Eslovénia está a crescer e há muito trabalho. Vamos ver mais ciclistas eslovenos no WorldTour.

Agora, tenho de reiniciar a mente e pensar no trabalho e nos treinos, e concentrar-me noutros objetivos [para o resto da época].

Acho que os rivais já tinham cuidado comigo, tínhamos um bom plano antes. A minha equipa trata-me superbem.

[Sobre o ataque de Soren Kragh Andersen] Foi muito difícil quando ele e outros candidatos atacaram, mas a equipa manteve-se forte e tinha confiança nos meus companheiros. Não posso estar mais feliz por nós”.

– Zdenek Stybar (Corredor da Deceuninck-Quick Step e vencedor da quinta e última etapa): “Tradicionalmente, é uma grande subida e muito difícil. É o terceiro ano seguido em que ataco. Nos outros dois apanharam-me, mas desta foi ótimo poder levar até ao fim.

Tínhamos de apoiar o Enric Mas, porque este final assenta-lhe bem, mas hoje foi perfeito, com o Tim Declerq na fuga, e disse-lhe por rádio para ele acreditar nele. Depois, senti a oportunidade de atacar com outros, e sei que aqui é muito difícil perseguir, e no final foi tudo ou nada.

Todos os anos tenho o objetivo apontado para as clássicas da primavera. Estou feliz por começar bem aqui no Algarve”.

– João Rodrigues (Corredor da W52-FC Porto e melhor português na etapa, no sétimo lugar, e nono na geral final): “Este é um resultado bastante importante, para mim e para a equipa. Tínhamos como objetivo fazer uma boa chegada para eu tentar subir na geral, e o Raúl Alarcón também esteve bastante bem.

Quero agradecer a toda a equipa, ajudaram-me e protegeram-me do vento para me colocarem nas melhores condições. Isto é fruto do trabalho da equipa e estou muito contente.

O Nuno Ribeiro apostou em mim, é verdade, deu-me esta oportunidade. Disse-me que queria que estivesse bem no início do ano. Preparei-me o melhor possível e as coisas estão a correr bem.

Todos os resultados são importantes. A subida de escalão é importante para nós e queremos afirmar-nos o mais rápido possível.

A nossa estratégia foi a de me proteger, ao Joaquim Silva e ao Raúl, para não apanharmos muito vento e termos pouco desgaste. Na entrada do Malhão, era tentar uma boa colocação. Na parte final, o Raúl tentou atacar, a tentar esticar e aumentar o ritmo”.

– Amaro Antunes (Corredor da CCC e 10.º na etapa e oitavo na geral final): “Quis fazer a diferença, tive de atacar de longe porque vinham corredores isolados. Quis dignificar as cores da equipa. Mostrámos que queríamos um bom resultado.

Mais uma vez, quando arranquei, quem salta para me apanhar são portugueses. A um estrangeiro, se calhar, ninguém saltaria. O ciclismo é assim, e eu estou cá, quando o terreno inclina, para dignificar a equipa.

Cada um faz a sua corrida, mas quando respondemos a um corredor é porque temos a certeza que podemos. Agora, responder e ficar, praticamente, na mesma posição que eu. É frustrante para mim, queria dar a vitória a este público. Não consegui e tenho de pedir desculpa. Tenho de tentar nas próximas corridas.

Fiz uma boa corrida, mas saio daqui com um sabor amargo, porque queria dar esta vitória ao público. Há que levantar a cabeça e pensar já no Paris-Nice.

[Sobre o nome escrito na estrada] Já me habituaram a isso. Emociona-me muito, porque estas pessoas vêm quase de madrugada para aqui, e hoje não consegui dar a vitória”.

– Tim Declerq (Corredor da Deceuninck-Quick Step e vencedor da classificação da montanha): “Não era um objetivo. Não costumo ter ambições pessoais, o objetivo é entrar em fugas e ajudar a equipa, mas hoje tive carta branca para atacar e, no fim, senti-me muito bem.

Ninguém estava a ‘sprintar’ pelos pontos de montanha, por isso no final, esforcei-me na primeira subida ao Malhão e consegui vencer a classificação. Não é frequente que possa ganhar algo, por isso estou muito feliz.

Acho que a equipa pode estar muito feliz com a Volta ao Algarve que fez. Foi muito bem sucedida. O que é muito importante é que todos estão em boa forma para as clássicas. O melhor está para vir”.

Classificações finais da 45.ª edição da Volta ao Algarve em bicicleta, após a quinta e última etapa, uma ligação de 173,5 quilómetros entre Faro e Malhão (Loulé):

Classificação da etapa:

1. Zdenek Stybar, Cze (Deceuninck-Quick Step), 4.13.48 horas. (média: 41,02 km/hora)
2. Soren Kragh Andersen, Din (Sunweb), a 3 segundos.
3. Wout Poels, Hol (Sky), a 9.
4. Enric Mas, Esp (Deceuninck-Quick Step), a 12.
5. Stephen Cummings, GB (Dimension Data), a 17.
6. Tadej Pogacar, Slo (UAE-Emirates), a 18.
7. João Pedro Rodrigues, Por (W52-FC Porto), a 24.
8. Sam Oomen, Hol (Sunweb), a 30.
9. Tao Geoghegan Hart, GB (Sky), a 31.
10. Amaro Antunes, Por (CCC), a 34.

Classificação da geral individual:

1. Tadej Pogacar, Slo (UAE-Emirates), 19:26.34 horas.
2. Soren Kragh Andersen, Din (Sunweb), a 14 segundos.
3. Wout Poels, Hol (Sky), a 21.
4. Enric Mas, Esp (Deceuninck-Quick Step), a 25.
5. Sam Oomen, Hol (Sunweb), a 1.40 minutos.
6. Zdenek Stybar, Cze (Deceuninck-Quick Step), a 1.54.
7. Neilson Powless, EUA (Jumbo-Visma), a 2.50.
8. Amaro Antunes, Por (CCC), a 2.52.
9. João Rodrigues, Por (W52-FC Porto), a 3.27.
10. Simon Spilak, Slo (Katusha-Alpecin), a 3.47.

Classificação dos pontos:

1. Pascal Ackermann, Ale (BORA-hansgrohe), 29 pontos.
2. Fabio Jakobsen, Hol (Deceuninck-Quick Step), 25.
3. Dylan Groenewegen, Hol (Jumbo-Visma), 25.

Classificação da montanha:

1. Tim Declerq, Bel (Deceuninck-Quick Step), 15 pontos.
2. Wout Poels, Hol (Sky), 11.
3. Tadej Pogacar, Slo (UAE-Emirates), 10.

Classificação da juventude:

1. Tadej Pogacar, Slo (UAE-Emirates)
2. Neilson Powless, EUA (Jumbo-Visma)
3. Marc Hirshi, Sui (Sunweb)

Classificação por equipas:

1. Sky, GB
2. UAE-Emirates, UAE
3. Sunweb, Ale

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