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O último trabalho de Nuno Silva, licenciado em Design de Multimédia, foi em part-time num call center. Mas a sua carreira ganhou velocidade.

Nuno Silva não conseguia encontrar “um emprego seguro”, por isso, criou a sua própria segurança. A Roda Livre, uma empresa de estafetas de bicicletas, surgiu pensando no ambiente, nos baixos custos e, sobretudo, na paixão do responsável por estes velocípedes.

O jovem, de 25 anos, licenciou-se em Design de Multimédia e até conseguiu estágio numa gráfica. Mas a partir daí, andou a “saltar” de emprego em emprego. “O meu último trabalho foi em part-time num call center”, conta Nuno Silva ao P3.

Cansado de não ter um emprego estável, decidiu arriscar por ele próprio e apostou numa paixão. “Eu sou um apaixonado pelas bicicletas”. Aliou o gosto pela “bicla” a algo que acreditava que “fazia falta ao Porto” e, no início de 2012, teve a ideia de criar a Roda Livre, seguindo o exemplo de cidades europeias e americanas onde o serviço de estafetas em bicicleta vingou.

O arranque do projecto aconteceu em Abril e não foi complicado, até porque não foi necessário um grande investimento. “Precisámos só de definir bem o conceito, a imagem”, explica Nuno Silva. Para já, a garagem da Roda Livre são as próprias casas dos estafetas. Mas até ao fim do ano, o jovem responsável espera que a empresa tenha um espaço físico próprio, alargando o projecto a mais alguma actividade, sempre relacionada com o gosto pelas bicicletas, como uma galeria ou uma oficina.

A Roda Livre tem, actualmente, três colaboradores e todos preferem este velocípede de duas rodas ao carro, sempre que podem. “Já antes de criar a empresa, deslocava-me para muitos sítios de bicicleta”, conta Nuno Silva, acrescentando que, “agora, são 24 horas sempre a andar de bicicleta”.

Para fazer parte da equipa é preciso muito mais do que o simples passeio de domingo a pedalar. “Tem de haver uma paixão e um uso diário, porque também é preciso treinar para poder fazer as entregas”.

No Porto com altos e baixos

O Porto não é a “cidade paraíso” das bicicletas. Mas a Roda Livre não vê grandes obstáculos no caminho, inspirando-se noutros exemplos para avançar. “Quando me falam que o Porto tem altos e baixos, eu dou sempre o exemplo de São Francisco, onde está uma das nossas principais referências”, revela Nuno Silva. “Se lá é possível, numa cidade como o Porto também é”, defende. E esta é já a segunda empresa de estafetas em bicicletas na cidade do Porto, depois de a ideia ter chegado primeiro a Lisboa.

Nuno Silva acredita que este serviço “consegue ter o mesmo sucesso aqui que tem noutras cidades europeias”. Para já, a Roda Livre pedala por toda a cidade do Porto e Matosinhos, sendo possível alargar a área até cinco quilómetros. “Paga-se 0,50 cêntimos por cada quilómetro extra”, mas o objectivo é alargar a área de entrega até Vila Nova de Gaia e Leça. Quanto ao tempo, Nuno Silva lembra que, em hora de ponta, a bicicleta é mais rápida do que um carro. “E também acaba por ser mais rápida do que uma mota, porque nós só precisamos de encontrar um sítio para encostar a bicicleta e colocar o cadeado”, explica.

A Roda Livre faz entregas normais a um custo de 4,50 euros e realiza, também, serviços urgentes, por um valor acrescido. O jovem responsável realça os custos menores deste tipo de serviço e, ainda, o lado ecológico do mesmo. “A bicicleta alia tudo: é eficaz, ecológica e, pelo menos, fica mais em conta contactar o serviço da Roda Livre do que contactar um serviço de mota.”

E até ao final do ano, a empresa portuense pretende levar o benefício ambiental ainda mais longe, lançando um projecto em que 10% dos lucros da Roda Livre revertem para uma associação. “O objectivo é encontrar uma associação mais virada para a plantação de árvores na grande cidade”, conclui o jovem.
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