O australiano Richie Porte da Trek-Segafredo perdeu o nascimento do segundo filho para estar na Volta a França e, o seu sacrifício foi recompensado com a subida ao pódio da prova, após 10 participações.
“Estou aqui com a bênção da minha mulher. Perdi o nascimento do meu segundo filho, pelo que sair daqui com um pódio é incrível. Agora, terei uma foto para pendurar na parede, junto a grandes campeões, quando sair dos Campos Elísios”, disse um emocionado Porte, para quem o terceiro lugar sabe a triunfo.
“Foram muitos anos de desilusões, quedas e dramas. Era o meu sonho estar no pódio. Sinto-me nas nuvens e ser terceiro sabe a vitória. Agora, já me posso retirar feliz, isto significa tudo”, assumiu o ciclista de 35 anos, que até tinha como melhor resultado no Tour o quinto posto de 2016.
Eterno azarado, o líder da Trek-Segafredo não escapou à sua sina na 107.ª edição, perdendo 01.21 minutos na sétima etapa, quando a INEOS aproveitou o forte vento lateral para causar cortes no pelotão (Tadej Pogacar também foi um dos prejudicados), e furando no troço de estrada por asfaltar no Plateau des Glières, na 18.ª etapa.
“Ao longo dos anos, o Tour para mim sempre foi uma corrida muito divertida. Tive alguns momentos desastrosos e este ano quase os voltei a ter também. A equipa foi incrível, foram três semanas fantásticas”, resumiu o ciclista, que está de saída da Trek-Segafredo.
Apaixonado pela ‘Grande Boucle’ desde sempre – via a prova durante a madrugada, para acompanhar nomes como Stuart O’Grady, Brad McGee e Baden Cooke -, Porte inspirou-se em Cadel Evans, o australiano que venceu o Tour em 2011 e que define como “o melhor de todos”, e nunca desistiu.
“Foram tantos anos de muito trabalho. Estive um pouco fora do radar aqui… Talvez este seja o meu último Tour como líder, por isso é muito especial”, admitiu.
Muito felicitado por colegas do pelotão nas redes sociais, o antigo gregário de luxo de Chris Froome (esteve ao seu lado nos triunfos de 2013 e 2015) elogiou ainda Tadej Pogacar (UAE Emirates) e Primoz Roglic (Jumbo-Visma), os ciclistas que o vão acompanhar no pódio no domingo.
“Os dois eslovenos estavam noutro planeta, o combate foi duro, eles não ‘largaram’ nada. ‘Chapeau’ a Roglic, foi brutal aquilo que lhe aconteceu. Certamente, a Jumbo-Visma merecia ganhar, fez uma corrida extraordinária. Mas não tenho nada contra o Pogacar, que tem um talento enorme. É assim a corrida. Aprecio a forma de eles correrem, entregam-se a fundo. Há uns anos, o Chris Froome ganhava tudo, agora há uma geração superdotada. Dá gosto ver”, descreveu.
Tadej Pogacar vai vencer no domingo a 107.ª Volta ao França, depois de ter conquistado o contrarrelógio da 20.ª etapa e destronado o seu compatriota Primoz Roglic (Jumbo-Visma).
Nos 36,2 quilómetros de contrarrelógio, com partida em Lure e chegada ao alto de La Planche des Belles Filles, o jovem de 21 anos não só recuperou os 57 segundos de desvantagem que tinha para Roglic, como ganhou 59 segundos ao seu compatriota, que perdeu o Tour na véspera da chegada a Paris, depois de andar 11 dias vestido de amarelo.
Com o tempo de 55.55 minutos, Pogacar foi o melhor na etapa, sendo 01.21 mais rápido do que o holandês Tom Dumoulin (Jumbo-Visma) e do que Richie Porte, que subiu ao terceiro lugar da geral, a 03.30 minutos do novo camisola amarela.