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Este ano decidi fazer o Granfondo Serra da Estrela, que tinha “atravessado”, isto porque a única vez que participei a prova foi anulada pela organização, por motivos de segurança (e bem, diga-se) devido ao mau tempo, depois de percorridos 70 km do percurso.

Rescaldo do Granfondo Serra da Estrela 2019
© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Uma vez analisado o perfil da prova e o mapa eu e o meu amigo Luis Guerra decidimos rumar a Manteigas para completarmos o duríssimo desafio da Serra da Estrela de uma vez por todas.

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O percurso este ano levou os atletas pela sinuosa subida de Manteigas, com destino a Seia, passando pelas Penhas Douradas, a uma altitude de 1420m. Depois seguíamos para a Portela do Arão, onde seria cumprida a segunda grande dificuldade do dia e onde também se fazia a separação entre os percursos do Granfondo e do Mediofondo.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Os participantes da maior e mais desafiadora distância iriam ainda encontrar mais duas subidas categorizadas de 3ª e 4ª categorias, na Portela da Selada e em Pedras Lavradas, respectivamente. Seguia-se a descida para Vide onde tinha inicio o verdadeiro “calvário”, a grande dificuldade da prova, a subida Vide – Torre.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Esta última parte do Granfondo Serra da Estrela 2019 é constituída por 30km de subida nos quais foi ultrapassado um desnível total superior a 1.600 m, com passagem no mítico Adamastor e com a meta colocada no Alto da Torre. Tudo isto totalizava uns impressionantes 4.200m de desnível acumulado positivo.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

À partida, estipulei dois objectivos pessoais, o primeiro era obviamente terminar e, se possível, algo mais ambicioso, conseguir um tempo de prova que me permitisse receber o diploma de ouro na minha categoria (Master 40).

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Fui sempre em gestão de esforço tentando sempre encontrar, entre a concorrência, um grupeto com um andamento o mais parecido com o meu, possível.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

A subida de Manteigas para as Penhas Douradas foi feita a bom ritmo, não era muito dura em termos de inclinação, tinha somente na distância a sua maior dificuldade, de seguida vinha a descida para Seia, numa fase inicial, com um piso menos propício à velocidade em roda fina, mas depois do cruzamento para Seia, o piso era excelente e deu para disfrutar bastante, sempre com o máximo de atenção devido a algum transito que se fazia sentir.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

A seguir a Seia tínhamos mais uma dura subida à Portela do Arão, onde voltávamos a subir para uma altitude próxima dos 1000m.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Foi na descida para Loriga que finalmente encontrei um companheiro com andamento idêntico ao meu e que me acompanhou quase até à meta. O amigo Daniel Pires de Vinhais, Bragança. Eu dava-lhe roda nas descidas e nas zonas mais rolantes e ele acompanhava-me nas subidas (porque subia bem melhor do que eu), puxávamos assim um pelo outro e os quilómetros, com todas as suas dificuldades, foram passando.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Chegados a Vide, depois de uma fantástica descida, tínhamos de enfrentar a parte mais dura da prova. Trinta quilómetros de subida dura até à Torre, ou seja, subir dos 300m de altitude até aos 1993m, perfazendo cerca de 1600m de desnível acumulado de subida, nesta distância.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Eu o meu companheiro Daniel acordamos em seguir juntos até ao Adamastor e depois, caso eu tivesse pernas, acompanhava-o até à meta e decidiríamos ao sprint a “etapa”, Eheh.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Eu já não tinha muitas forças no Adamastor, mas ainda consegui seguir uns metros atrás. No ultimo reabastecimento, resolvi parar para repor um pouco mais de energia e fiquei sem a companhia. A ultima parte desta terrível subida batizada com o nome deste mítico gigante foi feita com grande dificuldade e os últimos 10 km foram pedalados com enorme sofrimento, basicamente, posso dizer sem vergonha, que me arrastei até à meta.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Foi a fase do alívio e da sensação de dever cumprido, não só o objetivo de terminar, como consegui um tempo que me permitiu obter o diploma de ouro na minha categoria. Foi uma dupla comemoração.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

No computo geral considero que a organização do Granfondo Serra da Estrela foi excelente. O secretariado abriu um pouco mais tarde que o previsto, no entanto, a organização avisou com antecedência os participantes e manteve-se aberta mais uma hora. O levantamento dos dorsais estava bem organizado e todos nos receberam com grande simpatia.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

O percurso estava bem sinalizado e as zonas de perigo bem assinaladas. Os cruzamentos tinham sempre polícia e havia um acompanhamento constante dos vários veículos a acompanhar os atletas.

Os abastecimentos do Granfondo Serra da Estrela estavam muito bem fornecidos e não faltava nada, desde fruta, sandes, refrigerantes e água. Parei na maioria deles à exceção de Seia, pois ainda tinha abastecimento sólido e liquido suficiente.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Os sacos com a roupa quente para a descida até Manteigas tinham o defeito de não permitir colar o autocolante com o numero do frontal de forma eficiente (valeu a fita cola), mas estavam bem organizados e quando os íamos levantar tudo se processava com rapidez e eficiência.

Os únicos pontos menos positivos que assinalo prendem-se com o facto de ter chegado a Manteigas pelas 18h, por estar à espera de um companheiro que chegou mais atrasado. Tomamos banho de água fria e já não pudemos usufruir da refeição final. O banho de água fria é compreensível, uma vez que são muitos participantes e é difícil ter sempre água quente disponível, relativamente à refeição final, esta poderia ter-se prolongado pelo menos até as 19, na minha opinião.

© Granfondo Premium – Agnelo Quelhas

Em conclusão tenho a dizer que foi a prova mais dura que fiz e conclui. Fiquei feliz com a minha participação e, apesar de tudo, creio que com todos os contratempos naturais de quem é um ciclista amador, a preparação foi razoavelzinha…

© Miguel Campos

Termino este meu texto, chamando a atenção para o lixo deixado pelos participantes. É simplesmente vergonhoso a quantidade de esterco que a malta deixa à sua passagem, apesar de todos os avisos e apelos da organização.

Tive a oportunidade de observar que a esmagadora maioria dos participantes dispunha de “jerseys” com 3 bolsos, logo é só fazer o gesto de levar a mão atrás e colocar o papel no bolso, fácil. Para quem não tem essa habilidade, tem outra opção mais simples que é colocar entre o calção e a perna. Tal como pedalar para subir a magnifica serra, é tudo uma questão de treino.

© Miguel Campos

Muitos parabéns à organização e que continuem o bom trabalho. O Granfondo na mítica Serra da Estrela já é uma prova de referência para portugueses e estrangeiros.

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