A primeira chegada em alto da 107.ª Volta a França, com os favoritos mais preocupados em vigiar-se do que em provocar diferenças na geral na quarta etapa, ganha pelo ciclista esloveno Primoz Roglic.
A organização do Tour inovou e, pela primeira vez nas suas 107 edições, fez coincidir a meta com uma contagem de montanha de primeira categoria logo ao quarto dia, o que, aliado à prolongada paragem do pelotão devido à pandemia de covid-19, elevou as expectativas dos adeptos da modalidade para este dia.
No entanto, a ‘enfadonha’ quarta etapa foi discutida ao ‘sprint’ entre o grupo de favoritos, com o ciclista da Jumbo-Visma a levar a melhor sobre o compatriota Tadej Pogacar (UAE Emirates), segundo, e o francês Guillaume Martin (Cofidis), terceiro, em Orcières-Merlette.
“Estou a regressar [ao meu melhor, sim]. É visível que consigo correr e cada dia sinto-me um pouco melhor”, disse aquele que é considerado o maior adversário do colombiano Egan Bernal (INEOS) na defesa do título conquistado no ano passado, referindo-se à queda que o obrigou a desistir do Critério do Dauphiné.
O calculismo dos favoritos, pouco interessados em marcar desde já diferenças na geral individual, permitiu a Julian Alaphilippe (Deceuninck-QuickStep) preservar por mais um dia a camisola amarela, agora com o poderoso Roglic a meros sete segundos, na terceira posição, atrás do britânico Adam Yates (Mitchelton-Scott), ainda segundo a quatro segundos, depois de ter chegado no grupo dos candidatos, que concluiu a tirada em 04:07.47 horas.
Os 160,5 quilómetros desde Sisteron até à primeira das quatro chegadas em alto desta edição eram a ‘montra’ ideal para aquelas equipas que aspiram apenas mostrar o patrocinador e desempenhar o papel de animadoras de etapas, por isso, logo ao quilómetro zero, destacaram-se Nils Politt e Krists Neilands (Israel Start-Up Nation), Mathieu Burgaudeau (Total Direct Energie), Tiesj Benoot (Sunweb), Quentin Pacher (B&B Hotels-Vital Concept), e o conceituado Alexis Vuillermoz (AG2R-La Mondiale), 13.º do Tour em 2017 e vencedor de uma etapa na prova em 2015.
O francês chegou mesmo a ser o líder virtual, uma vez que a vantagem máxima dos fugitivos para o pelotão, permanentemente comandado pela Deceuninck-QuickStep, rondou, a espaços, os quatro minutos. Contudo, na aproximação à subida para Orcières-Merlette, já depois de Benoot ter saído em frente numa curva, a fuga desmembrou-se, ficando na frente Krists Neilands, que foi ‘absorvido’ pelo grupo de favoritos mesmo no início da contagem de primeira categoria, a sete quilómetros do alto.
Cautelosos (em excesso), os favoritos preferiram vigiar-se de perto a arriscar seguindo a um ritmo quase soporífero – só Pierre Roland (B&B Hotels-Vital Concept) tentou agitar a corrida, com um efémero ataque a 4,5 quilómetros da meta. Foi preciso esperar pelos 500 metros finais para um ‘corajoso’ Guillaume Martin interromper o ‘passeio’ dos candidatos e acelerar a corrida, obrigando a uma resposta pronta de Roglic, que ainda teve energia para ‘sprintar’ para o seu terceiro triunfo no Tour.
Os segundos de bonificação conquistados pelo homem da Jumbo-Visma não foram suficientes para vestir a amarela, algo prontamente desvalorizado pelo esloveno: “São notícias que tenho de aceitar, realmente não me importo”.
Ainda assim, a chegada a Orcières-Merlette expôs as debilidades do quarto classificado do ano passado, o alemão Emanuel Buchmann, (Bora-hansgrohe), que perdeu nove segundos, ou do vencedor do Giro2019, o equatoriano Richard Carapaz, que foi apenas 47.º a 28 segundos, dando mostras de que poderá não estar à altura de ser o ‘plano B’ da INEOS.
Já Nelson Oliveira (Movistar) foi 80.º na tirada, a 08.48 minutos do vencedor, ocupando a 68.ª posição da geral a 17.44 minutos de Alaphilippe.
O francês deverá segurar a amarela na quarta-feira, na quinta etapa, que se disputa na hoje entre Gap e Privas, no total de 183 quilómetros.