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O futebol no ciclismoBoavista e Louletano vão deixar de ser as únicas equipas do pelotão português associadas a clubes de futebol. Este ano, terão a companhia do Sporting e FC Porto que regressam agregadas ao Tavira e W52, respetivamente. Das seis formações que compõem o quadro competitivo, quatro têm o desporto rei, ficando de fora a Efapel e a LA Alumínios-Antarte.

futebol no ciclismoE os quatro clubes já inscreveram o nome no palmarés dos vencedores da prova rainha, a Volta a Portugal, corrida que é de novo a aposta principal para 2016. O Louletano é o que contabiliza menos vitórias, apenas uma, em 1988 com o britânico Cayn Theakston. Segue-se o Boavista com duas, em 1992 e 1993, respetivamente com o brasileiro Cássio Freitas e Joaquim Gomes. Já o Sporting e FC Porto somam nove e 12. O primeiro triunfo de leões e dragões aconteceu em 1933 e 1948. Já os últimos foram em 1986 e 1982.

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“É importante os regressos do Sporting e FC Porto. Os grandes clubes apostam por vezes em modalidades com fraca adesão, esquecendo o ciclismo”, frisou Tavares Rijo, o ‘pai’ do ciclismo no Boavista, já lá vão mais de 30 anos. “É importante que a federação e os organizadores repensem um pouco a modalidade de modo a criarem-se condições, não só para os que agora regressam se mantenham, mas também proporcionar a volta de outros”, avisou.

Antiguidade

Ao contrário do que se passa no resto da Europa (ver peça em baixo), Portugal sempre teve equipas de futebol no ciclismo. Leixões, Portimonense, Feirense, Torreense, Académico do Porto e, naturalmente, o Benfica são outros dos exemplos no pelotão.O Benfica é, de resto, entre os grandes, o mais antigo no ciclismo, sendo esta a segunda modalidade a chegar ao clube (1906), e faz parte do emblema (uma roda de bicicleta). A primeira vitória na Volta surge na 3.ª edição, em 1931, com José Maria Nicolau. Após a interrupção em 1978, o Benfica voltou por duas vezes. Primeiro em 1999-2000, que deu a última vitória na Volta com o espanhol David Plaza, depois em 2007-2008.

Grandes da Europa sem tradição na modalidade

O anunciado regresso do Sporting e FC Porto ao ciclismo faz relembrar uma velha questão – há espaço no ciclismo para os clubes tradicionalmente conhecidos pelo futebol? A tradição diz que não, mesmo que Portugal seja uma exceção no panorama dos grandes clubes europeus. Durante décadas, Benfica, Sporting e FC Porto prolongaram nas estradas os duelos habituais nos relvados, mas eram uma raridade na Europa.

Em Espanha, por exemplo, a equipa de ciclismo do Real Madrid teve uma breve existência entre 1926 e 1936, nunca mais voltando a conhecer a luz do dia. O rival Barcelona não fez muito mais. A primeira versão da equipa manteve-se em atividade até 1943 e foi já neste século XXI que se deu uma tentativa de renascimento. Mas a experiência manteve-se apenas entre 2003 e 2006.

No resto da Europa do futebol, então, não são conhecidos outros exemplos. Gigantes como Bayern Munique, Manchester United, Paris Saint-Germain, AC Milan e tantos outros nunca tiveram equipas de ciclismo profissional. Os números das equipas registadas da UCI provam que os grandes clubes de futebol não se projetam no ciclismo.

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