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Devido ao novo coronavírus, com origem na China, altamente contagioso, que se propagou velozmente para o resto do mundo globalizado, as vidas de milhões de pessoas estão totalmente suspensas.

Covid-19 ciclismoA população mundial está confinada quase exclusivamente à sua residência e os sistemas de saúde no mundo inteiro, enfrentam agora o maior desafio de sempre.

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Obviamente nesta situação, os valores da vida e da sobrevivência falam mais alto, no entanto, para um adepto de ciclismo não deixa de ser interessante fazer uma análise do que se passou até agora e tentar, de certa forma, perceber se vamos ter ciclismo na estrada em 2020, ou não e quais as consequências que isso pode ter para a modalidade. Resumindo, analisamos o “Antes”, para percebermos qual será o “Depois” da Covid-19 no ciclismo.

Inicio de época de 2020 até ao presente (Abril de 2020) 

A época UCI World Tour teve início em janeiro deste ano na Austrália, como vem sendo habitual nos últimos anos. Esta corrida esteve em risco devido aos violentos incêndios de assolaram a zona de Adelaide, onde se realiza a prova, no entanto, a prova decorreu com normalidade e acabou por ser uma corrida muito competitiva.

Covid-19 ciclismoRealizaram-se ainda as corridas Cadel Evans Great Ocean Road Race, também na Australia, UAE Tour, nos Emirados Árabes Unidos, onde já não se realizaram as 6ª e 7ª etapas, devido a elementos de equipas terem testado positivo a COVID-19 e a clássica Omloop Het Nieusblad, na Bélgica. Realizou-se ainda o Paris-Nice, em França, onde se considerou a prova como concluída na penúltima etapa, numa altura em que o novo Corona vírus já estava disseminado pela europa em força. O dia 14 de março de 2020, foi o último dia em que o ciclismo esteve na estrada.

Em Portugal foi realizada a Prova de Abertura e a Volta ao Algarve, estando o ciclismo de estrada interrompido desde o dia 23 de fevereiro.

O resto da época

Ao nível da maior categoria do ciclismo profissional as provas estão canceladas até ao final do mês de junho, mês em que está marcado o início da Volta a França, prova mais importante do calendário internacional e onde os principais patrocinadores têm a maior exposição mediática.

Covid-19 ciclismo

Atualmente ainda não há indicação que não se realize nas datas previstas, no entanto, a ministra do desporto francesa e a organização da prova, admitem a sua realização com restrição do acesso de espetadores na estrada e também a alteração da data para umas semanas mais à frente.

Em Portugal, a modalidade está totalmente suspensa até 31 de Maio e a organização do Grande Prémio Abimota já anunciou o cancelamento da 41ª edição desta corrida, que deveria ser disputada entre 10 e 14 de Junho, estando as restantes provas a partir desta data com a possibilidade de serem realizadas, nomeadamente a maior prova do ciclismo nacional, a Volta a Portugal, que este ano tem inicio em 29 de Julho e o final a 11 de Agosto.

Toda a comunicação da realização, ou não, de provas tem sido gerida com o maior cuidado, pois os principais patrocinadores fazem avultados investimentos considerando os retornos financeiros que a exposição mediática proporciona e sem provas, as equipas não estão preparadas nem têm “planos B” para rentabilizarem todo o investimento feito.

Alternativas

Neste cenário desastroso é necessário procurar alternativas e por a imaginação a funcionar e perceber como se pode dar a volta à situação.

As redes sociais têm sido um dos principais veículos de comunicação das principais equipas. Todas elas apresentam diariamente o dia-a dia dos seus ciclistas em isolamento, vídeos, promoções, etc.

Outra saída pode é-nos apresentada pelos mais recentes desenvolvimentos tecnológicos ao nível da tecnologia, mais concretamente nos rolos de treino e aplicações que simulam quase na perfeição a exigência desta modalidade, bem como o ambiente que rodeia uma grande corrida.

Aplicações como Zwift, VirtuGo, Road Grand Tour, Bkool simulator, Rouvy, etc. são agora cada vez mais procuradas pelos ciclistas amadores, que aproveitam para se abrigar com toda a segurança dentro de casa, sem dispensar o seu habitual exercício na bicicleta, mas também os profissionais usam esta tecnologia para manterem o físico preparado para o eventual regresso à competição.

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Um exemplo de sucesso foi a prova online, Ronde van Vlaanderen Lockdown Edition.

Com o cancelamento da Ronde Van Vlaanderen (Tour de Flandres) devido à COVID-19, a organização da prova em parceria com a aplicação Bkool Simulator, criaram um percurso virtual de 32 km, onde recriaram as subidas mais icónicas da corrida original, como o Kruisberg, Oude Kwaremont e Paterberg, com a participação de 13 ciclistas bem conhecidos, como Greg Van Avermaet (o vencedor desta corrida virtual), Zdenek Stybar, Wout van Aert, o vencedor da época passada, Alberto Bettiol, Oliver Naesen, Jasper Stuyven, etc. A corrida foi transmitida online e pudemos ver os ciclistas, em suas casas a darem o seu máximo para atingir a vitória. Através da aplicação é possível ao espetador ter acesso aos dados dos ciclistas, como a potência, cadência, etc.

A corrida da equipa INEOS no Zwift foi outro grande sucesso de audiência. A plataforma virtual de treino Zwift teve a maior participação num evento de um único dia, de sempre – com mais de 15.500 participantes a terem a oportunidade de pedalar com o plantel da INEOS no dia anterior à prova.

Entretanto foram anunciadas recentemente a Giro Cycling Legends, uma competição onde os fãs do ciclismo poderão percorrer alguns excertos de etapas que estavam previstas este ano para o Giro D’Italia, numa parceria com a Garmin, evento que teve já um “prólogo” no domingo de Páscoa, 12 de Abril e que se realizará entre 18 de Abril e 10 de Maio.

A Digital Swiss 5, por sua vez, também será uma corrida por etapas, virtual, organizada em parceria com a Tour de Suisse, a aplicação ROUVY e a Velon. Esta prova está agendada para o final do mês de Abril (22 a 26 de abril de 2020) e já conta com a participação de 15 equipas World Tour e três equipas ProTour.

O futuro próximo

O ciclismo virtual não é o mesmo que o ciclismo real na estrada, no entanto, é uma excelente alternativa e abrirá seguramente portas para o futuro da modalidade, para além de permitir às equipas uma grande exposição mediática que será essencial para a sua sobrevivência.

Por outro lado, sendo uma total novidade, as táticas usadas na estrada não serão de grande valia na competição virtual, tornando a competição mais atraente, porque cada etapa será uma surpresa para o espetador.

Covid-19 ciclismo

Independentemente das dificuldades, a nossa capacidade de adaptação e criatividade são fundamentais para encontrar soluções. Estas podem ser provisórias ou inclusivamente podem abrir novas portas no futuro.

Apesar de tudo não devemos desanimar, o nosso desporto favorito vai continuar a dar-nos grandes momentos. Eu sei que em breve nos vamos encontrar novamente numa estrada qualquer, a vibrar com os nossos heróis, para já temos de ter paciência, protegermo-nos e dar uso a toda a tecnologia que hoje temos ao nosso dispor.

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