Mauricio Moreira (Glassdrive-Q8-Anicolor) subiu à liderança da Volta a Portugal, ao vencer a terceira etapa, que ligou a Sertã ao alto da Torre, na Serra da Estrela.
Na chegada ao ponto mais alto de Portugal continental, após um percurso de 159 quilómetros, Moreira, vice-campeão em 2021, venceu em 4:40.35 horas, o mesmo tempo de Luís Fernandes (Rádio Popular-Paredes-Boavista) e menos quatro segundos do que Frederico Figueiredo (Glassdrive-Q8-Anicolor).
Na classificação geral, Moreira passou a liderar, com menos 30 segundos do que Figueiredo e 31 do que Fernandes.
Mauricio Moreira (vencedor da etapa e líder da geral individual): “[vai pesar a camisola?] Espero que não. Já tive a oportunidade de ser líder de outras corridas, nunca fui líder da Volta a Portugal. É um sonho tornado realidade. Sei que vai pesar, mas espero bem aguentar esta camisola e dar à equipa a alegria que merece.
[Luta a três?)] Não quero acreditar. Ainda estamos na quarta etapa, temos muitas etapas pela frente, etapas duras, e continuo a pensar o mesmo que no início da Volta: quero ir dia a dia e ver como chego ao final.
Cheguei aqui com muito pouca confiança em mim. O prólogo deu-me um bocadinho mais de confiança, fazer terceiro nas duas etapas ao ‘sprint’ também ajudou. Ontem [sábado], posso dizer que estava bastante nervoso com esta etapa. A falar com o meu psicólogo, com a minha família, a equipa, eles fizeram-me lembrar que estou aqui com um objetivo, que a equipa tem um objetivo. Tenho de estar bem para ter feito nos primeiros nas primeiras etapas.
Quando entrei na subida, estava a sofrer um bocado mais da conta, perguntei para um colega de equipa ‘estamos a ir rápido ou sou eu que não estou muito bem?’. Mas ele disse-me que não, que se estava a ir rápido e isso deu-me mais tranquilidade.
Teria gostado muito que o Fred ganhasse a etapa. Ganhei eu, mas é como se tivesse ganhado ele, porque foi graças a ele que conseguimos essa diferença toda para a geral. Esta camisola é mais da equipa do que minha.
O Fred colocou o seu ritmo – posso dizer que um ritmo bastante torturador. Sabia que ele é um trepador e, se pudesse aguentar, podia fazer a diferença”.
Luís Fernandes (segundo na etapa e terceiro na geral individual): “Os adversários foram mais fortes, têm um bloco mais forte. Não há nada a fazer, fiz aquilo que podia. Mais acho que não posso. O Frederico fez um grande trabalho para o Mauricio e eu tive de tentar. Sei que parece feio tentar vindo sempre na roda, mas isto é uma tática, é uma corrida de bicicletas e eu só tenho de cumprir ordens do carro. É para isso que me pagam e é isso que eu faço”.
Frederico Figueiredo (terceiro na etapa e segundo na geral): “[Ganhar na Torre] Isso passa sempre pela cabeça de um trepador, ganhar no ponto mais alto de Portugal, na subida mítica da Volta a Portugal, que é a Serra da Estrela. Tenho muito respeito por esta subida, adoro fazer esta subida pelo sítio onde nós fizemos, pela Covilhã. Gostava de inscrever o meu nome aqui no alto como já tive um colega de equipa, o Rui Sousa, que inscreveu, mas não foi possível. Ficou entregue na equipa, ao Mauricio Moreira, e conseguimos chegar à liderança, também mudando de ciclista [o anterior camisola amarela era Rafael Reis]. Agora, está na posse do nosso líder, que é o Mauricio, e estou contente por isso.
[Luta entre dois colegas?] Não. Eu encontro-me num bom momento, ajudei-o na parte que sou bom, que é no meu terreno, que é na montanha. É como costumo dizer, se eu com o meu corpozinho não andar aqui, não ando em mais lado nenhum… Estou em segundo da geral, se calhar não vou acabar assim, porque vou dar tudo para defender a camisola amarela do Mauricio. O importante é que o Mauricio chegue a Gaia com a camisola amarela. Vou fazer tudo para conseguirmos levar esta amarela para casa.
Posso dizer que sim. Encontro-me num bom ponto para ser o plano B e acho que sou um ciclista válido para a equipa. O Rúben [Pereira, diretor desportivo] também tem a noção disso, mas vamo-nos focar na camisola amarela do Mauricio”.
André Cardoso (quarto na etapa e sexto na geral individual): “Sabe a pouco. Pensei que conseguisse ir com eles. Atacam uns, atacam outros, nunca sabemos quando está o momento certo. Eu vinha sozinho, optei por esperar pelo grupo que trazia três ciclistas do Tavira, pensei que a força estava com eles e na parte mais fácil eles conseguissem encurtar, e eu salvava ali um bocado de força. Mas eles também não vinham em grandes condições. Decidi arrancar e vir outra vez sozinho”.
Alejandro Marque (quinto na etapa e quarto na geral individual): “Creio que os da Glassdrive estiveram superiores e, quando os outros são melhores, resta dar os parabéns. Creio que nós fizemos o que tínhamos de fazer, encontrar o nosso ritmo e tentar minimizar o máximo tempo possível. Se os deixássemos, entregávamos logo a corrida.
Escapou-nos um bocadinho de tempo, há muita Volta pela frente, mas é claro que se complicaram as coisas.
[É possível dar a volta na classificação geral?] Vamos dia a dia, é uma questão do nosso diretor planear a tática e ver onde podemos encurtar o tempo.
Henrique Casimiro (19.º e melhor ciclista da Efapel na etapa): “Não era o que esperávamos ou planeávamos, mas tivemos algumas dificuldades nas acelerações iniciais. Aparentemente, vínhamos bem, mas não conseguimos responder àquele choque. Na parte final, ainda consegui encurtar algum tempo, agora é fazer as contas e ver se dá para recuperar ou se mudamos os objetivos”.
Luís Gomes (21.º na etapa e um dos fugitivos do dia): “A principal ideia era tentar pontuar o máximo na montanha. Houve alguns ciclistas mais fortes. Depois, queria entrar na Serra com uma boa margem para gerir e entrar nos primeiros como no ano passado. Entrámos com pouca margem e também não me senti muito bem, não deu para fazer nenhuma surpresa”.
Hoje corre-se a quarta etapa, com uma ligação de 169,1 quilómetros, entre Guarda e Viseu, onde na terça-feira o pelotão cumpre o dia de descanso na prova.