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Jai Hindley é o primeiro australiano a vencer o Giro

Foto Fabio Ferrari/LaPresse
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Jai Hindley venceu o 105.ª Giro d’Italia ao leme de uma BORA-hansgrohe irrepreensível, com uma performance em crescendo que mostrou, como tinha garantido, que não veio “para calçar centopeias”, mas para ganhar.

Jai Hindley é o primeiro australiano a vencer o Giro
Foto Marco Alpozzi/LaPresse

Na senda de Cadel Evans, até aqui o único australiano a vencer uma grande Volta, após triunfar no Tour2011, Hindley ‘vingou’ a frustração de 2020, quando acabou em segundo atrás do britânico Tao Geoghegan Hart, que o superou no ‘crono’ do último dia, para dar nova alegria à Austrália.

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Confiante, o ciclista de Perth, que fez 26 anos um dia antes do arranque da ‘corsa rosa’ em Budapeste, surpreendeu os jornalistas que o entrevistavam durante o último dia de descanso, a caminho da terceira semana da prova.

Foto Marco Alpozzi/LaPresse

“Não estamos cá para calçar meias em centopeias, viemos para ganhar a corrida. Por que não?”, atirou, antes de explicar esta expressão típica de ‘down under’: “Quer dizer que não estamos cá para brincar”.

A seriedade que Hindley coloca na estrada contrasta com a abertura que demonstra ao falar dos sucessos e fracassos, nomeadamente no Giro2020, perdido na última etapa, e com paralelos com esta edição – aí, também chegou à ‘maglia rosa’ na 20.ª e penúltima tirada, apenas para ficar em segundo após o exercício contra o cronómetro.

Nesse ano, na Sunweb, corria ao lado de Wilco Kelderman, a quem ‘roubou’, não sem polémica, a liderança da geral, antes de acabar em segundo – e o neerlandês, que também se mudou para a BORA-hansgrohe e o tem ajudado na demanda concretizada, em terceiro.

Outro paralelo é a forma como a história se cruza com a de João Almeida, que há dois anos se mostrava ao mundo do ciclismo ao vestir a ‘maglia rosa’ durante 15 dias: nessa edição, Hindley fez de tudo para ‘roubar’ a camisola ao português, acabando por alcançar o seu objetivo no Stelvio, com a ajuda de outros rivais – mesmo que o casaco o tenha ‘travado’ momentaneamente, numa ‘luta’ que será perpetuada cada vez que o seu perfil for escrito.

Também nesta 105.ª edição, em várias etapas, se juntou ao equatoriano Richard Carapaz (INEOS) e ao espanhol Mikel Landa (Bahrain-Victorious), seus colegas de pódio, para distanciar o luso, superior no contrarrelógio.

Longe dos grandes destaques, das vitórias isoladas e das desgastantes entrevistas e reportagens contínuas, Jai Hindley passou vários a crescer no WorldTour, já depois de fazer ‘top 10’ na Volta a França do Futuro e no Giro sub-23.

Foto Marco Alpozzi/LaPresse

Em 2018, quando passou pela Volta ao Algarve, estreou-se em ‘grand tours’, na Vuelta, com um 32.º lugar, tendo como líder Wilco Kelderman, que acabou a prova espanhola em 10.º. No ano seguinte, quase vencia a Volta à Polónia – foi segundo -, já depois de se estrear no Giro, com um 35.º posto, bem longe de Richard Carapaz, nesse ano campeão e neste um adversário destronado.

‘Explodiu’ em 2020, numa ‘corsa rosa’ que o revelou, mas também a João Almeida e a Tao Geoghegan Hart, entre vários outros nomes de futuro que ‘abrilhantaram’ um Giro quase invernal, realizado em outubro devido à pandemia de covid-19.

photo Luca Bettini/SprintCyclingAgency©2022

Em 2021, o ano não lhe correu bem, sem uma única vitória e um abandono na Volta a Itália, gerando dúvidas sobre o que seria realmente capaz de fazer.

Uma mudança da DSM/Sunweb, que representou entre 2018 e 2021, após um ano na Mitchelton-Scott, foi exatamente aquilo de que precisava, juntando-se a uma BORA-hansgrohe que soube correr de feição para o australiano.

Uma vitória com autoridade no Blockhaus, na nona etapa, e uma presença segura, sem fraquezas ao longo de toda a prova, paciente, calculista e cerebral – uma prestação mais condizente com a nacionalidade (alemã) da sua equipa do que com a afabilidade australiana – e à espera do ‘colapso’ de Carapaz, acabou por dar frutos.

Foto Marco Alpozzi/LaPresse

O campeão olímpico cedeu na 20.ª tirada, após um ataque do australiano, lançado por um colega de equipa, e deu-lhe a margem necessária para encarar o ‘crono’ com tranquilidade.

“Queria provar a mim mesmo que sou capaz de correr a este nível. Que não foi um golpe de sorte, como as pessoas nas redes sociais pensam”, declarou, nesse dia de descanso.

Confirmou os galões de vencedor de uma grande Volta e encerrou a procura por um novo herói da Austrália, após Evans e o ‘fracasso’ de Richie Porte.

No sábado, tinha prometido “morrer pela camisola”, mas não precisou – a prova de vida está dada, resta saber qual o próximo objetivo do ‘sério’ Jai Hindley.

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