Na ressaca do Tour de France nós, os adeptos de ciclismo portugueses, temos algo que nos devolve novamente a alegria, a Volta a Portugal em Bicicleta.
O inicio do mês de Agosto vem sempre acompanhado da maior festa do ciclismo português, com a caravana a percorrer o país, este ano com predominância para o norte.
O traçado da grande corrida portuguesa caracteriza-se pelos finais na Serra da Estrela, Serra do Larouco e Sra. Da Graça e também pela necessidade de levar a Volta a localidades que nunca tiveram qualquer contacto com ela, como Miranda do Corvo e Pampilhosa da Serra.
A 81ª Volta a Portugal Santander é constituída por 11 dias de competição e um dia de descanso.
A prova começa com um prólogo em Viseu, no dia 31 de Julho, com uma extensão de 6 km. Esta luta contra o relógio é percorrida no centro de Viseu e vai definir o primeiro camisola amarela da competição.
Na primeira etapa temos a estreia da caravana da volta em Miranda do Corvo. Esta etapa terá como maior dificuldade a passagem pela serra da Lousã e terminará, muito provavelmente, com um sprint, em Leiria.
O segundo dia da competição liga Marinha Grande a Loures num percurso de quase 200 km de extensão. Nesta jornada as dificuldades estão guardadas para os últimos quilómetros, com dois prémios de montanha.
A terceira etapa ligará as cidades de Santarém e Castelo Branco. Os ciclistas terão pela frente um percurso ondulante recheado de prémios de montanha de 3ª e 4ª categoria, a discussão da etapa será feita certamente ao sprint, na chegada em piso empedrado de Castelo Branco.
Na quarta etapa a caravana ruma a norte para ligar a Pampilhosa da Serra a Covilhã. É designada como sendo a Etapa Rainha, onde a chegada será no alto da Torre, na mítica Serra da Estrela. Os trepadores e os principais concorrentes à luta pela geral serão, seguramente, as estrelas da jornada.
Na quinta etapa vamos viajar com a caravana entre Oliveira do Hospital e a Guarda. Será a ultima etapa antes do merecido dia de descanso. O percurso é pouco acidentado praticamente até final, onde estarão dois prémios de montanha de 2ª e 3ª categoria. Será que uma fuga vai vingar?
Na sexta jornada, após o descanso, os ciclistas partem de Torre de Moncorvo e a meta estará em Bragança. É o Nordeste Transmontano que marcará a paisagem. Três dificuldades marcam os primeiros quilómetros, no entanto, os primeiros na linha de meta devem ser os homens mais rápidos, uma vez que há condições para chegada ao sprint.
A sétima etapa liga Bragança a Montalegre. Uma etapa com nível de dificuldade elevado com um prémio de montanha de 2ª categoria e dois de 1ª categoria, sendo a chegada coincidente com um destes, no alto da Serra do Larouco.
Estamos já na reta final da nossa Volta a Portugal e na 8ª etapa temos a ligação entre Viana do Castelo e Felgueiras.
Teremos uma primeira parte tranquila, em termos de montanha, com uma chegada a subir, em Felgueiras.
Na nona etapa a meta está localizada em mais um dos míticos pontos da nossa prova. O alto da Sra da Graça.
Apesar de ser a etapa mais curta, é constituída por muita montanha, de onde se destacam três exigentes contagens de 1ª categoria nos últimos 70 quilómetros, estando o mais esperado do dia no alto do Monte Farinha. O mítico alto da Sra da Graça.
A 10ª etapa da Volta será a última e é marcada por um contrarrelógio de 19,5 km de extensão com um percurso técnico entre Vila Nova de Gaia e o Porto. Este será sem dúvida o dia de todas as decisões.
EQUIPAS
O pelotão da 81ª Volta a Portugal Santander será constituído por 19 equipas, das quais 5, do escalão Profissional-Continental, a portuguesa W52 -FC Porto, as espanholas Caja Rural e a Euskadi-Murias, de Israel vem a conhecida Israel Cycling Academy e de França, a Arkea Samsic.
A maior parte das equipas pertence ao escalão Continental, sendo 8 delas, portuguesas:
- Sporting-Tavira
- Aviludo-Louletano
- Vito-Feirense-PNB
- Efapel
- Rádio Popular-Boavista
- Miranda-Mortágua
- LA Alumínios
- Oliveirense-Inoutbuild
Para além destas temos ainda a Euskadi de Espanha, a Sicasal-Bai, de Angola, a Team Medellín da Colombia, a Amore & Vita – Prodir da Letónia, a sul africana ProTouch e a Swiss Racing Academy da Suíça.
ANTEVISÃO
A W52 – FC Porto sendo a estrutura que tem vencido as últimas edições da Volta é, quanto a mim, o principal favorito. Apesar de não poder contar com o bicampeão Raul Alarcón, devido a lesão, nem com Rui Vinhas, dispõe do coletivo mais forte. Com Gustavo Veloso (vencedor da prova em 2014 e 2015), Ricardo Mestre (vencedor em 2011), Edgar Pinto, António Carvalho e João Rodrigues, qualquer um deles é candidato à tão cobiçada camisola amarela. Para além destes temos ainda Daniel Mestre e Samuel Caldeira, nas discussões ao sprint.
Outra das equipas portuguesas que se reforçou muito esta época é o Sporting – Tavira. As entradas de Tiago Machado (ex Katusha) e José Mendes, vindo da equipa espanhola Burgos BH e atual campeão nacional de fundo, são dois ciclistas a ter em conta. Temos também que incluir o Frederico Figueiredo, um jovem ciclista muito combativo e excelente trepador. O experiente Alexandro Marque, que já venceu uma Volta a Portugal em 2013 e Rinaldo Nocentini vão seguramente mexer muito com a classificação geral.
A Efapel é, do meu ponto de vista, o terceiro maior concorrente à vitória na competição. Joni Brandão já demonstrou por várias vezes estar à altura e de ter tudo o que é preciso para ganhar a Volta a Portugal. É fortíssimo na montanha e tem uma excelente equipa para o ajudar. Realço a grande experiência do Sérgio Paulinho que será imprescindível na luta pela camisola amarela.
Para além destas três equipas que mencionei, as principais na luta pela vitória, destaco nas outras formações, o Domingos Gonçalves da Caja Rural e o Vicente Garcia de Mateos do Ludofoods Louletano Aviludo, que poderão estar entre os melhores e animarão certamente as etapas, João Benta, da Radio Popular Boavista, será também seguramente um ciclista a ter em conta nas contas da contas da classificação geral.
Que comece a 81ª Volta a Portugal Santander!!