O italiano Filippo Ganna (INEOS) deu hoje ‘espetáculo’, ao vencer de forma surpreendente a quinta etapa da Volta a Itália em bicicleta, na qual o português João Almeida (Deceuninck-Quick Step) protagonizou uma demonstração de força na frente da geral.
Ganna, que já tinha vencido o contrarrelógio de abertura, cumpriu hoje os 225 quilómetros entre Mileto e Camigliatello Silano em 5:59.17 horas, fazendo vingar a fuga do dia, à frente de um grupo de favoritos.
O austríaco Patrick Konrad (BORA-hansgrohe) foi segundo, a 34 segundos, enquanto Almeida cortou a meta em terceiro lugar e bonificou quatro segundos, permitindo-lhe manter a camisola rosa, com 43 segundos de vantagem para o segundo colocado da geral, o espanhol Pello Bilbao (Astana), e 48 para o holandês Wilco Kelderman (Sunweb), terceiro.
O campeão do mundo de contrarrelógio, que já tinha ‘voado’ para uma vitória no ‘crono’ inaugural que ‘adiou’ a liderança da geral de Almeida, surpreendeu todo o pelotão com um recital de como atacar e passar na montanha, uma tentativa bem sucedida após a ‘dica’ de um amigo.
“Ontem [terça-feira], estava a mandar mensagens ao Geraint Thomas [que desistiu após queda] e ele disse-me: ‘Pippo, vai na fuga, tenta, tu consegues, tenta ganhar outra etapa’. Hoje tentei, e foi uma vitória incrível para mim e para a equipa”, revelou.
Ganna lembrou ainda o facto de ser significativamente mais pesado do que a maioria dos ciclistas que se dão bem nas subidas, com 82 quilos, e admitiu que “não foi fácil a subir”. No fim, acabou a fazer “um grande contrarrelógio” passado o topo de Valico di Montescuro.
“Na rádio não ouvia a diferença de tempo para os outros, estava só a pensar ‘ok Pipo, a todo o gás até à meta'”, contou.
O plano, que dá a segunda vitória a uma INEOS ‘órfã’ de Thomas para a geral, resultou, e num dia com quase cinco mil metros de acumulado de subida foi o campeão mundial de ‘crono’ a vencer, resistindo da fuga do dia, na qual trabalhou para o compatriota e colega de equipa Salvatore Puccio.
Quando este quebrou, assim como muitos outros na subida derradeira, num ponto em que o português Ruben Guerreiro (Education First) e o belga Thomas de Gendt (Lotto Soudal), entre outros, encenaram tentativas a partir do pelotão, nos últimos 30 quilómetros, foi o próprio Ganna a distanciar-se de todos os outros fugitivos, mantendo o grupo de favoritos, cada vez mais restrito, bem longe.
Na meta, 34 segundos mais tarde, João Almeida, que durante a subida estava mais para a cauda do grupo de candidatos à geral, mostrou a boa forma e foi lá à frente ‘sprintar’ para os segundos de bonificação, conseguindo quatro.
De língua de fora, foi batido apenas por Conrad, mas ganhou tempo a todos os outros, além de ter visto distanciar-se o equatoriano Jonathan Caicedo (Education First), conseguindo o que nenhum outro português fez: chegar a um terceiro dia com a ‘maglia rosa’.
Na quinta-feira, a sexta etapa liga Castrovillari a Matera ao longo de 188 quilómetros, apenas com uma contagem de subida de terceira categoria, numa chegada à cidade onde Acácio da Silva venceu a primeira das cinco tiradas conquistadas no Giro, em 1985.