A falta de apoios governamentais às modalidades em plena pandemia de covid-19 reflete a “desvalorização política constante” do “valor social” do desporto, defenderam hoje as federações de andebol, canoagem, ciclismo e natação.
Numa videoconferência organizada pela Associação Portuguesa de Gestão de Desporto, o dirigente elogiou a “atitude cívica” mostrada pelo setor “desde a primeira hora”, ao acordar a suspensão global das provas antes da declaração do estado de emergência, em 18 de março, o que destapou “realidades dramáticas” para clubes, atletas e treinadores.
Se o andebol antecipou o desfecho da época em 29 de abril, a Federação Portuguesa de Canoagem vai concentrar as competições no Centro de Alto Rendimento de Montemor-o-Velho a partir de julho, após o desporto ter ficado ausente do Programa de Estabilidade Económica e Social do Governo, publicado em 06 de junho, em Diário da República.
“Aparece um valor de 30 milhões para apoio à cultura e nem uma referência ao desporto, que tem clubes com graves dificuldades de tesouraria e sem qualquer encaixe de receita. Felizmente, o Estado garantiu às federações o financiamento prolongado dos contratos-programa de 2019, mas sem saber o que virá aí”, admitiu o líder federativo Vítor Félix.
Alertando para a carência de “uma comunidade que goste de desporto”, Delmino Pereira deseja maior cooperação nas reivindicações do setor junto do poder estatal, tal como António José Silva, da Federação Portuguesa de Natação, que nota “pouca convergência dos organismos de cúpula e algum autismo do Governo” sobre a missão do desporto.
“Portugal contraria a generalidade dos países europeus com dimensões similares, onde existem apoios ao desporto que vão dos 22 aos 80 milhões de euros. Se as federações conseguirem integrar a prática da atividade física sistemática irão alargar muito mais o leque de abrangência e a esfera de intervenção”, afiançou o líder do organismo.