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Estivemos à conversa com Luís Costa

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Luís Costa PortugalLuís Costa tem 43 anos e é um dos atletas Paralímpicos nos Jogos do Rio 2016. É número 1 do Ranking da UCI e campeão Nacional de estrada e fundo na classe H5. Estivemos à conversa com este grande atleta que vai competir amanhã dia 14 pelas 13h30 (hora de Portugal).

– Como surgiu o Paraciclismo na sua vida?

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Surgiu em 2012, por altura dos Jogos de 2012 em Londres, muito por força do mediatismo em volta do Alessandro Zanardi, antigo piloto de Formula 1 que é o atual campeão olímpico e mundial da minha classe.

– O que é que um atleta sente quando é selecionado para representar Portugal nos Jogos do Rio de Janeiro?

Senti que era a justa recompensa pelo trabalho que desenvolvi ao longo de 2014, ano em que obtive resultados que tiveram um grande peso na obtenção da primeira vaga para Portugal.

– Sente que o seu nome e o seu trabalho passaram a ser mais reconhecidos e respeitados desde que é o número um do ‘ranking’ mundial?

Nem por isso, ser o nº 1 do ranking mundial vale o que vale, é apenas um somatório de pontos e as contas fazem-se no final do ano, sendo que ainda faltam provas do calendário que podem mudar isso tudo, como por exemplo os Jogos Paralímpicos em que me encontro agora.

– Lida bem com a ansiedade competitiva? Por exemplo, na noite anterior a uma competição importante consegue dormir bem?

É normal sentirmos alguma ansiedade nessas situações, mas eu felizmente não sofro muito com isso. Durmo muito bem, felizmente.

– Como se preparou para poder ser um dos medalhados nos Jogos Paralímpicos?

Segui à risca todas as indicações que me foram dadas pelo meu treinador, o Sr. José Marques, que é também o selecionador nacional de Paraciclismo, bem como executei ao pormenor o plano de treinos elaborado pelo Professor Gabriel Mendes, também ele técnico da Federação Portuguesa de Ciclismo. De resto, 6 a 8 treinos por semana, planeados de modo a que chegasse ao Rio no pico de forma, o que acredito ter sido conseguido.

– O que falta ainda ao desporto adaptado em Portugal, comparado com outros países da Europa e do resto do mundo?

Falta quase tudo, infelizmente. O desporto adaptado em Portugal é o “parente pobre” da família desportiva e tarda em ser profissionalizado. Enquanto formos amadores, teremos dificuldade em evoluir. Espero conseguir contribuir para mudar isso.

– Como líder da classificação mundial de H5, sente um peso acrescido em trazer uma medalha para Portugal?

Sei que por ser o líder do ranking mundial da minha classe os portugueses acham normal que vá ao pódio e se isso não acontecer ficam desiludidas. Isso causa-me alguma pressão, mas sei lidar bem com isso e estou preparado para explicar às pessoas o que correu bem ou mal, consoante os resultados que venha a obter. Sem desculpas nem rodeios. Estou a competir com os melhores do mundo, só tenho que mostrar que sou um deles.

– O que é necessário para se tornar um atleta “profissional”?

Simples: bolsas ou contratos de trabalho no valor de montantes que permitam aos atletas dedicar-se em exclusivo à modalidade que praticam. É impossível competir de igual para igual com os melhores do mundo se temos que trabalhar o dia inteiro e treinar à noite, sem tempo para descansar. O treino, a alimentação e o descanso compõem a fórmula de sucesso do atleta de elite. Se uma das parcelas desta fórmula falha, os resultados nunca podem ser os melhores.

– Quais são os seus grandes objetivos para este ano?

Um dos objectivos já foi conseguido, que era fazer pódios na Taça do Mundo, o que aconteceu 4 vezes, tendo acabado essa competição em 2º lugar da geral. Outro objectivo é conseguir bons resultados aqui nos Jogos Paralímpicos. Por fim, quero acabar o ano nos primeiros 3 do ranking mundial.

– Para a sua carreira quais são as grandes metas que pretende alcançar?

Ir aos Jogos Paralímpicos de 2020 em Tóquio e ganhar lá medalhas.

– Para terminar do que é que tem de abdicar para conseguir praticar Paraciclismo a um nível tão alto?

De um modo curto e grosso, estou a abdicar de um pouco de tudo o que é bom na vida, sobretudo da família e amigos. Mas acho que vale a pena, desde que a família e os amigos entendam que o faço para que se orgulhem de mim.

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