Egan Bernal (INEOS) triunfou na 16.ª etapa do Giro d’Italia, que era para ser a etapa rainha, mas foi encurtada. João Almeida mostrou o que vale e subiu a 10º da geral.
Bernal, que já tinha vencido na nona etapa, foi o primeiro a cortar a meta, após um percurso redesenhado, devido ao mau tempo, entre Sacile e Cortina D’Ampezzo, de 153 quilómetros, em 4:22.41 horas, batendo por 27 segundos o francês Romain Bardet (DSM), segundo colocado, e o italiano Damiano Caruso (Bahrain Victorious), terceiro.
O colombiano sai da tirada reforçado na liderança, à frente de um ‘top 10’ reformulado, agora com Damiano Caruso no segundo lugar, a 2.24 minutos, e o britânico Hugh Carthy (Education First-Nippo) no terceiro, a 3.40. João Almeida (Deceuninck-QuickStep) foi sexto na etapa e subiu ao 10.º lugar, a 10.01.
O dia acabou por ‘sorrir’ a Bernal – que segue imparável numa edição da prova em tem ganho consistentemente tempo aos adversários, atacando-os ele em vez de serem os candidatos a fazê-lo ao líder, mas começou com uma má notícia.
Devido ao mau tempo, e após conversas entre organização e corredores, foram anuladas as subidas ao Passo Pordoi, que era a ‘cima coppi’, o ponto mais alto, da 104.ª edição, e o Passo Fedaia, encurtando ainda a tirada de 212 para 153 quilómetros.
A etapa rainha perdia alguma ‘realeza’, a que se somaram vários problemas na transmissão, mas acabou por ser explosiva, com uma fuga envolvendo vários nomes do ‘top 20’, como João Almeida, e com um líder determinado em afastar-se dos perseguidores.
Bernal, primeiro ciclista a vencer com a ‘maglia rosa’ desde Simon Yates em 2018, começou a ascensão final a distanciar, justamente, o britânico da BikeExchange, aproveitando um trabalho da Education First-Nippo, que selecionou o grupo dos favoritos.
Até final, e mesmo sem imagens televisivas devido ao mau tempo, tudo Bernal levou, chegando isolado no topo do Passo Giau, nova ‘cima coppi’, primeiro, e descendo mais rápido do que todos até Cortina D’Ampezzo.
Regressados à estrada após um percurso refeito, vários ciclistas movimentaram-se rapidamente para se colocarem ao ataque, com João Almeida e o italiano Vincenzo Nibali (Trek-Segafredo) entre os principais nomes, assim como Davide Formolo (UAE Emirates) e Antonio Pedrero (Movistar).
A fuga, que chegou a ter elementos de mais de 15 equipas diferentes, foi-se depurando a caminho do Passo Giau, procurando chegar com a maior vantagem possível para manter os homens da geral à distância.
Pelo caminho, de resto, ficou o belga Remco Evenepoel (Deceuninck-QuickStep), que dava de si e acabou por chegar com 24 minutos de atraso, o que reforçava a presença de João Almeida na frente.
A fuga bem batalhou para discutir entre si a vitória, entre tentativas de Nibali, Pedrero ou Formolo, com Almeida atento, mas o ‘furacão’ Bernal não se compadeceu com os desejos dos homens da frente, atacando os favoritos no Giau, que conquistou, e mantendo-se isolado na descida.
Com imagens televisivas apenas para os 500 metros, ainda deu para ver o colombiano chegar com autoridade ao final da descida, e ter tempo para tudo, até para abrandar e tirar o casaco da equipa e mostrar a ‘maglia rosa’ que ganhou após a nona etapa.
“Ganhar com a camisola rosa é especial, queria fazê-lo bem. Estou muito feliz. Fizemos uma grande etapa. […] Queria dar espetáculo, este é o tipo de ciclismo que gosto, com frio e húmido. Queria algo especial. Foi arriscado, mas pensei que conseguiria e a equipa acreditou”, contou o líder da geral.
O colombiano, que venceu a Volta a França de 2019, sai reforçado antes do dia de descanso e ainda juntou uma segunda vitória em etapa ao ‘bolo’, conquistando apenas a segunda chegada a Cortina D’Ampezzo do século XXI, após o espanhol Joaquim Rodríguez em 2012.
Apesar de não ter dado para discutir a vitória de etapa, João Almeida, agora quinto na juventude, conseguiu ainda assim reentrar no ‘top 10’ da prova, escalando três lugares, numa geral com várias mexidas.
Desde logo pela queda de Simon Yates, que é quinto a 4.20 minutos, mas também pela subida de Caruso a segundo, pela chegada de Hugh Carthy ao último lugar do pódio e pela ascensão do francês Romain Bardet (DSM) a sétimo.
Nelson Oliveira (Movistar) foi hoje 38.º classificado, a 17.55 de Bernal, e cedeu uma posição na geral, para o 27.º posto, já a mais de 40 minutos.
Na terça-feira, o pelotão cumpre o segundo e último dia de descanso, antes da difícil última semana, a caminho da 21.ª e última etapa, um contrarrelógio individual em Milão, no domingo.