O colombiano Egan Bernal (Ineos) foi hoje o primeiro no cimo do Iseran e com isso saltou para primeiro da geral da Volta a França, numa etapa ‘de loucos’ que não se chegou a concluir.
O Tour viveu uma das suas jornadas mais estranhas, com a 19.ª etapa a ser parada por causa de uma monumental queda de granizo, que obrigou a organização a considerar como tempos ‘finais’ o da passagem pela montanha mais alta do calendário desta edição.
Para desespero dos franceses, ao sucesso de Bernal contrapôe-se o fracasso dos ciclistas gauleses, com Julien Alaphilippe (Deceuninck – Quick Step) sem forças para segurar a camisola amarela e Thibaut Pinot (Groupama – FDJ), que era quinto da geral, a desistir por problemas musculares.
Segundo a equipa, Pinot magoou-se numa coxa por ter batido no guiador na etapa da véspera, em manobra para evitar uma queda.
Quanto a Bernal, tem estado sempre entre os primeiros e soube esperar pelo seu momento, que concretizou na escalada do Iseran, deixando no ar a sensação de que a prova fica resolvida, tanto mais que não será atacado – antes defendido – pelo seu colega de equipa Geraint Thomas, o galês que venceu no ano passado.
Se confirmar no sábado o estatuto de favorito, conseguirá algo que ainda nenhum colombiano fez – ganhar a Volta a França.
Não foi, evidentemente, fácil a solução da organização, mas para uma situação extrema, e evidentemente perigosa (muito gelo e ‘ribeiros’ de lama na estrada, depois do Iseran), avançou com uma decisão excecional, do agrado das equipas. Não se foi até à meta e os tempos finais foram tirados na meta de montanha.
Curiosamente, o Iseran já tinha sido ‘protagonista’ de uma situação invulgar em 1996, quando a neve tornou impraticável a ascensão, feita no outro sentido.
Para a história, não haverá vencedor da etapa, mas os tempos tirados refletem-se na classificação geral e Bernal partirá sábado para o ‘terceiro ato’ da passagem pelos Alpes de amarelo.
Bernal partirá com 45 segundos de avanço sobre Alaphilippe, que já reconheceu que foi até aos seus limites e que a amarela está fora de questão, e 1.03 minutos face a Thomas, que a partir de hoje trabalha para o jovem colombiano, de 22 anos apenas.
Alaphilippe, sem companheiros que o ajudassem na montanha, não aguentou o andamento da Ineos, onde se destacou o esforçado trabalho dos holandeses Dylan van Baarle e Wout Poels, essenciais para deixar Bernal e Thomas bem posicionados.
Quem esteve bem foi o holandês Steven Kruijswijk, chefe de fila da Jumbo Visma, que justificadamente aponta para o pódio final.
Com a etapa de domingo apenas de consagração, tudo o que ainda há para decidir ‘joga-se’ no sábado, em Val Thorens, com uma longa subida final, de mais de 30 quilómetros, com rampas de declive médio de 5,5%. Quem ainda quiser atacar, é o momento.