Entramos na segunda semana do Tour de France 2018 e o desenho da prova transporta-nos para as duríssimas etapas dos Alpes.
A tirania do tempo e o facto de este magnifico evento ser uma corrida, implica que existe um período de tempo máximo segundo o qual os ciclistas podem chegar, depois do primeiro classificado, para continuarem em prova. Findo esse período, serão desclassificados.
Como é calculado?
A cada etapa é atribuído um coeficiente, este factor depende da dificuldade da etapa. Estão definidos 7 coeficientes:
Coeficiente 1: Etapa sem dificuldade especial
Coeficiente 2: Etapa de dificuldade média
Coeficiente 3: Etapa curta de terreno desnivelado
Coeficiente 4: Etapa muito difícil
Coeficiente 5: Etapa curta e muito difícil
Coeficiente 6: Contrarrelógio Individual
Coeficiente 7: Contrarrelógio por equipas
Mediante o coeficiente é calculado um tempo permitido para cortar a meta, atribuído após o tempo estabelecido pelo vencedor da etapa, dependendo da média de velocidade a que esta foi percorrida.
TABELA DOS COEFICIENTES ATRIBUIDOS A CADA ETAPA DO TOUR DE FRANCE 2018:
A etapa 12 que liga Bourg-Saint-Maurice Les Arcs a Alpe d’Huez, com uma extensão de 175,5 km, é considerada, de acordo com a tabela acima, de coeficiente 4. Isso significa que para um ciclista se manter em prova pode terminar com um tempo máximo de
O tempo do vencedor mais:
7% se a velocidade média é inferior ou igual a 30 km/h;
8% se a velocidade média é entre a 30 km/h e 31;
9% se a velocidade média é entre a 31 km/h e 32;
10% se a velocidade média é entre a 32 km/h e 33 km/h;
11% se a velocidade média é entre a 33 km/h e 34 km/h;
12% se a velocidade média é entre a 34 km/h e 35 km/h;
13% se a velocidade média é entre a 35 km/h e 36 km/h;
14% se a velocidade média é entre a 36 km/h e 37 km/h;
15% se a velocidade média é entre a 37 km/h e 38 km/h;
16% se a velocidade média é entre a 38 km/h e 39 km/h;
17% se a velocidade média é entre a 39 km/h e 40 km/h;
18% se a velocidade média é superior a 40 km/h.
Geraint Thomas, da equipa SKY e de camisola amarela neste dia venceu a etapa com o tempo de 5 horas 18 minutos e 37 segundos, o que dá uma média de 33,15 km/h.
Ou seja, de acordo com a tabela acima, o último ciclista permitido em prova tem que atravessar a meta no tempo do vencedor mais 11%, o que implica cruzar a meta nas 5 horas 52 minutos e 59 segundos.
Estando a prova sensivelmente a meio e devido a estas condicionantes, não é de estranhar, que a maioria dos velocistas de topo presentes no Tour tenham já abandonado, entre eles: Mark Cavendish e o seu companheiro de “comboio” Mark Renshaw, da Team Dimension Data; Marcel Kittel e Rick Zabel da Team Katusha Alpecin; Fernando Gaviria da equipa Quick-Step Floors; Dylan Groenewegen da Team LottoNL-Jumbo; Andre Greipel e Marcel Sieberg da equipa Lotto Soudal.
Este facto torna a luta pela camisola verde (camisola dos pontos ou regularidade) mais baralhada, no entanto, ainda se encontram em prova, após as duras jornadas nos Alpes, Peter Sagan, o comandante desta classificação, Alexander Kristoff, Arnaud Demare e John Degenkolb, nomeando somente os primeiros classificados, pela ordem da classificação. De notar que a diferença entre primeiro e segundo deste ranking é de 210 pontos.
Por outro lado esta questão torna-se um pouco controversa, uma vez que ciclistas que dão espetáculo, em outro tipo de etapas, vêem-se prematuramente fora da competição.
Numa fase em que a UCI decidiu reduzir um ciclista nas equipas que participam nas grandes voltas, passando as equipas de 9 atletas para 8, é provável que no futuro alguns destes ciclistas possam ficar de fora das opções das equipas.
Estará a segurança a prejudicar o espetáculo? Serão os “sprinters” puros uma “espécie” em vias de extinção?