O suíço Colin Stussi é o novo líder da 84ª Volta a Portugal Continente. O corredor de 30 anos da equipa austríaca Vorarlberg venceu a etapa e trepou para a liderança a faltarem três dias para o fim da competição.
Na gíria desportiva foi “barba e cabelo”, expressão para designar o claro domínio que atingiu nesta etapa. Stussi destronou Artem Nych, o anterior comandante, para a segunda posição da Classificação Geral e passou a ter 28 segundos de vantagem. O russo vacilou aos três quilómetros e deixou o grupo da frente.
Em sete etapas já concluídas sem esquecer o Prólogo é a sexta Camisola Amarela que a prova tem este ano.
A vitória de Colin Stussi foi discutida aos 1503 metros de altitude que fazem do Larouco a segunda montanha mais alta de Portugal. O suíço bateu-se ao sprint com Luis Angel Maté, António Carvalho e Henrique Casimiro. Frederico Figueiredo chegou dois segundos depois do quarteto.
Os homens que melhor finalizaram esta etapa são também os que ocupam agora as primeiras posições da Classificação Geral. Além de Stussi e de Nych, o terceiro é Luis Angel Maté a 34 segundos, o quarto é Txomin Juaristi a 43 e Henrique Casimiro continua a ser o melhor português no quinto posto a 45 segundos do novo líder. Delio Fernandez, vencedor da etapa da Torre, ficou irremediavelmente afastado da luta pela Camisola Amarela ao gastar, em Montalegre, mais de 12 minutos.
O ataque final à Serra do Larouco escreveu a história principal da 7ª etapa onde a Montanha foi mais do que muita. Passavam apenas 20 quilómetros depois do início em Torre de Moncorvo e já se discutia um Prémio de 2ª categoria. Em Vila Flôr, o homem da Camisola das Bolinhas Azuis Europcar, César Fonte, no grupo mais adiantado tratava de dilatar a vantagem entre os trepadores. Na passagem pela 1ª categoria de Torneiros voltou a ser o primeiro.
Para além da discussão do título de “Rei dos Trepadores”, as habituais movimentações de fugas e contra ataques manifestaram-se também na guerra pelas Metas Volantes onde foi mais visível a vontade de Leangel Linarez em somar Pontos enquanto Frederico Figueiredo, já em Montalegre, no derradeiro sprint intermédio, quis amealhar segundos de bonificação.
Descontentamento na Fuga
O único ciclista a representar o país de origem da equipa Vorarlberg, formação austríaca é Moran Vermeulen, O corredor esteve na fuga do dia, mas esteve descontente. Primeiro porque António Ferreira, colega de fuga, não colaborava, ou seja, não puxava na frente. Depois porque, segundo ele, a dupla boavisteira, César Fonte e Luís Fernandes não estavam a ajudar devidamente, sendo estes os mais interessados por causa dos Pontos da Montanha. O austríaco chegou mesmo a pedir para falar com o carro da equipa axadrezada, situação inusitada que causou surpresa entre os comissários que não atenderam ao pedido “estranho” de Vermeulen. Apesar do descontentamento na fuga a festa foi austríaca no fim.
É significativa a troca de lideranças no comando da Volta, sinal de competitividade desportiva quando, à partida, alguns “comentadores” perspetivavam uma prova amorfa e sem grandes rivalidades que pudesse animar os amantes da modalidade. Afinal em oito dias de Volta já vamos na sexta Camisola Amarela Continente. Está ainda tudo por decidir tal e qual como na Classificação por Pontos, Camisola Laranja Galp. A vantagem do checo Daniel Babor sobre Leagel Linarez é de apenas cinco pontos.
Mais clara e distinta é a liderança no Prémio de Montanha. Pelo segundo dia de prova consecutivo César Fonte ganhou vantagem na Camisola Europcar. Outra classificação claramente estabelecida é a da Juventude, Camisola Branca Jogos Santa Casa para corredores nascidos após janeiro de 2001. Afonso Eulálio, após um trabalho exímio a puxar António Carvalho terminou a etapa no quinto lugar e está de “pedra e cal”.
O Prémio Combinado Carclasse que soma a Classificação Geral, dos Pontos e da Montanha desde que o corredor esteja envolvido nas três classificações pertence ao líder Colin Stussi.
A antepenúltima etapa da 84ª Volta a Portugal Continente vai para a estrada esta sexta-feira entre Boticas e Fafe. Será o dia mais curto com apenas 146,7 quilómetros explicando-se por isso o horário mais tardio de Partida, 13h40.
Depois da dureza que foi chegar à Serra do Larouco, a Montanha vai dar algumas tréguas ao pelotão. O percurso tem três contagens, mas pouco significativas desviando-se a atenção da etapa para as Metas Volantes bonificadas de Salamonde, Póvoa de Lanhoso e Fafe. Haverá uma primeira passagem no local da Meta Final a faltarem pouco mais de 32 quilómetros para o fim.
https://youtu.be/M2uxmLvhOlA
Esta etapa tem a particularidade de voltar a utilizar na parte final um troço de terra batida habitual do Rali de Portugal, o segmento da Casa do Penedo. O “sterrato” vai certamente proporcionar uma atmosfera diferente, vibrante e apaixonada das gentes locais que não só vibram com o rali como com a Volta a Portugal.